Crítica: Big Sky não empolga, mas prende com chocante final

Crítica do primeiro episódio da primeira temporada de “Big Sky” nova série da "ABC", intitulado "Pilot”, exibido nos EUA.

Crítica Big Sky Série
Imagem: Divulgação.

Big Sky não empolgou tanto quanto suas chamadas antes da estreia

No dia 17 de novembro, estreou nos EUA pela ABC a série Big Sky, a nova produção de David E. Kelley (da maravilhosa Big Little Lies). A série vinha sendo considerada o grande hit para essa temporada de estreias. No entanto, esse primeiro episódio não empolgou tanto quanto as chamadas e as promos antes da estreia.

A série acompanha a história dos detetives particulares Cassie Dewell e Cody Hoyt, este que une forças com sua ex-esposa, a policial Jenny Hoyt, para procurar duas irmãs que foram sequestradas por um motorista de caminhão em uma estrada remota em Montana, Estados Unidos. Mas quando eles descobrem que elas não são as únicas meninas que desapareceram na área, eles começam a correr contra o relógio para parar o assassino, antes que outras mulheres sejam levadas.

Crítica Big Sky
Imagem: Divulgação

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Diferente da maioria das séries atuais, Kelley evitou a Covid-19, mas ele não deixou de mencionar a pandemia, e apresentou a série em um mundo pós-quarentena, onde ninguém precisa usar máscaras ou se distanciar socialmente. Mas onde os personagens ocasionalmente se referem ao impacto que a pandemia teve na vida dos americanos. Na minha opinião, era melhor evitar o tópico por completo do que essa abordagem indiferente. 

Os personagens foram apresentados de forma bem aleatória

Todos os personagens – e seus conflitos pessoais no momento – foram jogados logo no início, de forma bem aleatória. Contei um total de 8 ou 10 personagens que foram apresentados nos primeiros dez minutos de história, deixando o enredo com muitos quebra-cabeças contínuos. E, igualmente, muitas perguntas sobre seus personagens.

No entanto, existe uma grande probabilidade de que o público fique preso a essa série, ou pelo menos nos primeiros capítulos. Isso graças aos chocantes minutos finais do primeiro episódio – confesso que levantei do sofá tentando entender o que tinha realmente acontecido. Cody, um dos supostos protagonistas da história, é assassinado pelo Rick, o policial que havia sido indicado para ajudar no caso, por viver na área e ter conhecimentos de outros casos parecidos. 

Essa cena final confirma o que o piloto deu a entender sobre Cody, em todas as outras cenas em que ele esteve. Se isso foi intencional, ou não, não posso afirmar, mas ficou claro que ele não é o protagonista – o personagem de Ryan Phillipe é um conflito e um catalisador. O fato da série apresentar Cassie e Jenny primeiro, sem se importar, e nem mesmo em abordar onde Cody está, indica que ele não é realmente o foco da série. Além disso, este episódio revela mais sobre o que Cody supostamente tem dito às mulheres em sua vida, do que realmente convidar o público para seus conflitos internos, como um homem que está perdendo seu casamento e, possivelmente, seu filho. 

As mulheres são as protagonistas, mas sem empoderamento

Confesso que o plot do triângulo amoroso entre Cassie, Cody e Jenny pareceu um roteiro escrito para uma novela mexicana com muito drama. Nada contra as novelas mexicanas, curti as mais populares que assisti pelo SBT. Mas ter uma ex-policial indo até o trabalho de seu (ex?) marido tirar satisfação com a nova namorada dele foi um pouco demais. Além disso, sem contar que a série começa com Jenny chorando em um restaurante típico de cidade pequena, onde todo mundo se conhece e comenta sobre sua vida.

Igualmente, a cena das duas brigando – leia-se lutando, com muitos socos, chutes e puxões de cabelo dentro de um bar – diminui a representatividade da mulher na sociedade. Duas mulheres brigando por homem é muito 2008, #empoderamentofeminino. Sem contar que o Cody indo buscar as duas na delegacia, sugere uma conversa entre os três. A namorada (seria amante?) nega e pede para ir para casa dela, e ele termina na cama com a sua (ex?) esposa!

As sequências que mais empolgam no primeiro episódio são das duas irmãs

Também conhecemos Danielle e Grace Sullivan, que viajam de carro de Colorado a Montana, para Danielle poder visitar o namorado. Aliás, por um acaso, o namorado é filho de Cody e Jenny. As jovens entram em um confronto com um motorista agressivo de caminhão durante sua jornada e desaparecem. Embora a cena de perseguição seja bem absurda e muito irresponsável, o que muitos podem justificar dizendo é que “elas são adolescentes, imaturas, que não gostaram de levar uma fechada de um caminhoneiro, e por isso resolveram acelerar o carro para confrontá-lo”. Enfim, a trama da tentativa fracassada das meninas de lutar contra o caminhoneiro funcionou muito melhor.

Imagem: Divulgação.

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Por um acaso, esse motorista de caminhão é um dos personagens que foi apresentado logo no início do piloto sendo humilhado pela sua mãe. Com muita vergonha, ela ressalta que seu filho, aos 38 anos, ainda mora com a mãe. E ainda dirige um caminhão, “um grande caminhão”, ela precisa reforçar. Ronald diz para sua mãe que dirigir caminhão também é motivo de orgulho e “ajuda a economia do país“, completa Helena com ar de deboche interrompendo seu filho. Por sua vez, Valerie Mahaffey traz seu brilho para interpretar a mãe de Ronald.

Personagem não-binário

Enquanto o sequestro de Danielle e Grace vem para mostrar um personagem cometendo algo tão estúpido para fazer o enredo desenrolar, é importante notar que Kelley tem o cuidado de apresentar a profissional do sexo Jerrie (Jessie James Keitel, um ator não-binário que se identifica com os pronomes elas/eles e ela/ele), com uma sensibilidade real e sem julgamento. Admito que a cena de Jerrie com Ronald quase me fez pensar que tudo ficaria bem.

Sem contar que a parte mais brutalmente honesta do piloto acontece quando é revelado que ninguém realmente se importou com as mulheres desaparecidas antes porque elas eram todas profissionais do sexo.

Crítica Big Sky
Imagem: Divulgação

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Como mencionei, Big Sky não empolgou, e admito que o piloto não me prendeu. Porém, o seu final me deixou curioso para o próximo episódio, “Nowhere to Run”, que será exibido nessa terça-feira, dia 24/11. Acredito que  Ryan Phillipe volte a aparecer, talvez através de flashbacks ou flashfoward, e assim deverá ajudar no desenvolvimento da história. 

E você, curtiu a estreia de Big Sky? Deixe aqui seu comentário e o que você espera dos próximos episódios. E continue acompanhando as novidades de seus seriados favoritos aqui no Mix de Séries.

Segue abaixo a promo do próximo episódio.

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Sobre o autor
Paulo Mateus

Paulo Mateus

Redação

Paulo Mateus é um colaborador do Mix de Séries desde 2018, onde atua na produção de conteúdo voltado para a crítica e resenha de séries. Atualmente, é o responsável por cobrir todo o conteúdo voltado a Grey's Anatomy, que é um dos carros-chefe do portal, em se tratando de acessos e grupo de fãs que dialogam com o portal. Atualmente, mora em Orlando na Flórida, onde tem acesso a cobertura de eventos internacionais, exibições antecipadas de conteúdo em relação ao Brasil, o que dá vantagem ao site em produzir conteúdo antes mesmo de chegar ao nosso país de origem. Também atua nas redes sociais, onde, à frente de um perfil pessoal voltado para a conexão de brasileiros com Orlando, dialoga com o público trazendo ainda mais uma aproximação com os fãs do site. No Mix de Séries, além de atuar nas áreas citadas, atua ativamente na cobertura de notícias gerais e escolhas de pautas sobre as séries de TV.