Crítica: Objetiva e criativa, 2ª temporada de Bull mostra série mais madura
Crítica da 2ª temporada de Bull, CBS.
Criativa, mas sem perder o foco.
Concluída no início do mês, a 2ª temporada de Bull mostra que a série não é mais a mesma do seu ano inaugural. Mesmo mantendo a mesma estrutura, isto é um caso por episódio, temos enfim um maior foco nos personagens e uma atenção especial, porém ainda tímida, no nosso protagonista Jason Bull. Mas será que vale a pena você incluir a série na sua lista de maratonas neste intervalo? Vou tentar convencê-lo.
A boa notícia é que os casos também melhoraram. Uma vez que o roteiro trouxe propostas mais ambiciosas. Tivemos ideias clássicas, como estupro e pedofilia, mesmo sabendo que tais temas são desenvolvidos por Law & Order: SVU desde 1999, mas também vimos problemáticas à lá Erin Brockovich; uma discussão pontual acerca do uso de maconha medicinal; os problemas que uma condenação de pena de morte pode trazer muito (mais muito) mais.
Os pontos fortes….
Confesso quede todos os 21 casos explorados pela temporada, os melhores foram aqueles com uma pegada de “Davi vs. Golias”. Pode ser pelo fato de nós adorarmos uma história de superação, mas prefiro pensar que foi pelo mérito de um grupo de roteiristas criativos e comprometidos em contar uma boa história. Acredito, entretanto, que perderam uma excelente oportunidade, principalmente no episódio que traz a ex-namorada de Bull com câncer, de tratar da crise de opioides. Mesmo que o estado de Nova York não esteja tomado pelo problema, é importante que uma série de TV aberta fale do assunto.
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Meu episódio favorito, entretanto, é Bad Medicine. Isso porque ele trouxe dois aspectos que sempre me conquistam: uma participação especial de peso e uma história curiosa. Como estudante de direito, vejo como fascinante o debate quanto ao crime incorrido na fronteira entre dois estados. Diferentemente do Brasil, os Estados Unidos tem um sistema federalista, o que torna essa discussão ainda melhor. É bom ressaltar que ainda temos o lado moral sendo invocado, haja vista que o remédio supostamente salvaria um grande número de pessoas. Dana Delany é um espetáculo à parte. Protagonista da injustiçada Body of Proof, a atriz mostrou mais uma vez o quanto ela faz falta como regular na televisão.
…..e os fracos.
Dentre os episódios mais fracos, diria até que um dos mais tolos, foi Home For The Holidays. Há margem de interpretações para ser uma homenagem à Esqueceram de Mim e/ou Matilda, mas a execução é, no mínimo, um tanto capenga. Como pode? Parece tão fofinho. Me acompanhe. A menina carente por atenção, busca Bull para “pedir divórcio do seu pai”, mesmo que ele seja um psicólogo e não advogado. Há milhões de advogados de família em Nova York, então porque Jason? O roteiro não explica. Qual o motivo de Bull buscar a guarda da criança? Será que ele quer ser pai no futuro? Infelizmente fiquei com mais perguntas do que respostas após esse episódio.
Marissa (Geneva Carr) foi um dos destaques deste segundo ano, mas ainda estou insatisfeito. A personagem é ótima e a atriz ambiciosa, por isso não seria uma má ideia dar-lhe mais espaço no terceiro ano. Da mesma forma gostaria de ver e entender mais do passado do nosso protagonista. Acredito que aquele gancho no Season Finale nos coloca nesse caminho, mas neste caso prefiro ver para crer.
Em suma, Bull é uma daquelas séries que nem todos assistem, já que não é fundamentalmente jurídica, muito menos psicológica. Mas é uma das minhas preferidas na CBS, seja pela criatividade, discussões importantes ou qualidade do protagonista.
É, sem dúvida alguma, uma escolha perfeita assistir nesse hiatus.