Crítica: Cavaleiro da Lua, da Marvel, começa esquisita, mas diverte
Cavaleiro da Lua estreou no Disney+ com pegada mais séria do que outras produções da Marvel. Então, série vale a pena?
Desde a estreia do Disney+, a relação da Marvel Studios com a televisão mudou. Aqui, televisão é um modo de falar. No caso, a relação da produtora com os seriados mudou consideravelmente. Inicialmente, produziram títulos chamativos com personagens do gosto popular, como Wanda Maximoff em WandaVision e Loki em sua série de mesmo nome.
Dessa forma, era uma questão de tempo até perceberem o público gigante que essas aventuras seriadas tem. Além disso, a capacidade que teriam em apresentar novos personagens para sua enorme audiência. Assim, nasceu Cavaleiro da Lua.
Ainda desconhecido do grande público, o personagem chega na plataforma de streaming com sua própria série. Encabeçada por Oscar Isaac, a trama adota um tom mais desconexo e coloca o público na mente daquele personagem. Isso se dá porque o protagonista Steven, de certa forma um mocinho, não faz ideia do que está acontecendo.
Dividindo seu corpo com o mercenário implacável Marc, ele vive um tipo de vida dupla da qual não faz ideia de que participa. Assim começa a nova história do Universo Marvel.
Liberdade é sempre bom
O primeiro episódio de Cavaleiro da Lua funciona. Isso é o essencial sempre. Dentro da proposta apresentada, o estilo mais sem sentido, câmera mais solta e piadas meio sem graça se complementam. Dentro do universo recém-iniciado de Cavaleiro da Lua e entendendo onde encontramos esse protagonista no início, os elementos se encaixam.
Além disso, o roteiro aqui também toma algumas liberdades e se posiciona em diversos momentos dos seus rápidos minutos de episódio. Tudo isso é positivo, mas já virou tradição dentro da Marvel.
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Em várias de suas tramas, os colaboradores/criadores têm liberdade no inicio e podem executar sua visão livremente, ou quase isso. Depois, contudo, existe um desgaste do conceito original e tudo caminha para o mesmo formato já batido em tantas outras ocasiões. É sempre um caminho já conhecido com a Marvel, mas aqui torcemos para seguir uma direção totalmente oposta e nos surpreender com a criatividade.
Além de tudo, Cavaleiro tem potencial para atingir um público diferente que não se interessa muito por tramas como Loki e Gavião Arqueiro, por exemplo.
Time nota 10
É muito difícil achar ruim um projeto com Oscar Isaac e Ethan Hawke no elenco. Permitindo um pequeno momento de fã, o Ethan Hawke é demais! Na pele do vilão da trama, o misterioso líder Harrow, ele consegue trazer o centro da trama para si.
Na história que se mistura com lendas egípcias, e é muito bem ambientada num museu, o ator traz a figura do místico e estranho de uma forma quase incômoda. Isso, obviamente, é proposital e se comprova logo na cena de abertura. Nela, a equipe por trás de Cavaleiro da Lua parece olhar para você e dizer: “olha, sinta medo desse cara, ele é bizarro”. Talvez sutileza não seja um ponto positivo desse roteiro.
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Agora, Oscar. Deve ser difícil aceitar um projeto assim no momento da carreira que esse grande ator vive. Claro, com exceção do dinheiro envolvido, essa parte deve ser fácil fácil. Agora, existe muitas chances de pegar mal para um intérprete, se uma obra assim for mal compreendida.
O roteiro é por muitas vezes escrachados nas piadas e exposições, a direção está a todo vapor para mais confundir do que explicar – inicialmente. Mais ainda que tudo isso, o maior estranhamento é ver Oscar Isaac interpretando um tipo tão caricato por vinte minutos sem explicação alguma.
Deixa ele trabalhar
Nesse ponto, você tem duas opções: entende que tudo isso faz parte do estilo que a equipe resolveu adotar e aproveita a experiência, ou acha ruim e não aproveita mais nada.
Desde sua estética até seu sotaque, o personagem de Isaac em seu estado natural é feito para ser um bobo clássico, do tipo que vemos em filme da Sessão da Tarde. Isso não diminui em nada a grande presença que o ator traz para o personagem, mas já parece claro que a série não será um ambiente para explorar muitos níveis da atuação. Aqui, o ator se diverte, e o público deveria fazer o mesmo.
Começo interessante para Cavaleiro da Lua
No fim, o saldo do episódio de estreia é positivo. Uma mistura de curiosidade, interesse e animação acompanham o público que tenta descobrir mais sobre essa figura. Em comentário especial, a trilha sonora do episódio é simplesmente fascinante e consegue trazer um tom diferente, similar ao trabalho de James Gunn em “Guardiões da Galáxia“.
Esses bons elementos devem ser mais do que suficiente para o público fechar os olhos para o CGI de centavos que vemos aqui. Com certeza a série não tem tanto orçamento como uma Loki da vida, mas dava para melhorar um pouco.
A ação aqui também não é o foco. A sensação deixada é que isso melhorará com o tempo, à medida que o personagem for se entendendo mais, e possamos acompanhar também o ponto do vista do mercenário – do qual não vimos quase nada aqui.
Dessa forma, Cavaleiro da Lua é divertido e dinâmico. Tem chances de nos mostrar boas cenas de ação e nos envolver em sua trama misteriosa, sem prometer nada sério e muito complicado. Enfim, divertido é a palavra de ordem. Por isso, seguimos atentos para os próximos capítulos!
Nota: 3.5/5