Crítica: Control Z é uma versão mais pesada – e necessária – de Gossip Girl

Crítica, sem spoilers, da primeira temporada de Control Z - nova série teen da Netflix. Produção Mexicana estreou no dia 22/05.

Melhores Séries da Netflix em 2020
Imagem: Divulgação.

Netflix acerta com produção adolescente

A Netflix conseguiu encontrar seu nicho adolescente e, por isso, insiste em produções como Control Z. E não podemos julgar a plataforma. Como toda empresa, é necessário entender o seu público e agradá-lo de todas as formas. Eu até diria que a Netflix é hoje a WB atual. Tal canal foi responsável por clássicos como Dawson’s Creek, One Tree Hill e Felicity – séries que dialogavam com o público adolescente. Mas hoje, o diálogo precisa ser mais sério, direto e aberto. E ainda bem que a Netflix (às vezes) consegue fazer isso.

Control Z é clichê do começo ao fim. Por horas, lembra um capítulo de Malhação em que o vilão está apto a fazer uma maldade apenas para ver a mocinha longe do mocinho. Mas de alguma forma, mesmo na superficialidade que predomina sua premissa, ela consegue tocar em pontos importantes que muitas séries com cacife não conseguem. Assim, a trama torna-se uma maratona necessária e, ao final, interessante.

Xoxo, “Todos os Seus Segredos”

Não dá para negar que a série tem muito de Gossip Girl. Logo no primeiro episódio, a trama principal é mostrada ao público: um hacker secreto começa a expor os segredos de muitos alunos em uma escola no México, e a partir dali começa a chantageá-los para fazer uma série de coisas que, de um modo ou de outro, acaba colocando uns contra os outros.

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Mas ao contrário dos dilemas apresentados na série de Serena e cia., aqui em Control Z, temos uma profundidade que cai bem em séries do gênero. Não sou a favor de algo tão explícito como vemos em 13 Reasons Why, que chega a fazer mal. Mas eu sou a favor de tratarmos de assuntos importantes com soluções tangíveis, que façam do personagem algo interessante de se acompanhar.

A protagonista, Sofia, é talvez o sinônimo do adolescente do século XXI. Porque ela tem problemas reais que certamente muitos dos jovens que assistirão a série se identificarão. Além disso, ela tem um agravante: devido a sua depressão, ela faz cortes na pele, como resultado de sua ansiedade. Mas nada vem de graça. À medida que a personagem ganha destaque na trama de Control Z, entendemos que ela passou por eventos traumáticos que precisam ser trabalhados, para então serem curados.

Em paralelo a isso, ela ainda precisa lidar com uma trama repleta de vingança e ciúme de adolescentes. Com a chegada de Javier, ela encontra um aliado para desvendar o mistério sobre quem é o hacker – e o porque ele está fazendo isso.

Segredos expostos em Control Z

O que é mais bem trabalhado em Control Z são justamente os segredos expostos. Eles casam justamente com o preconceito que ainda existe na sociedade. Nós temos a garota popular da escola, que é revelada ser transexual; um bad boy pegador que, na verdade, assiste pornô gay escondido; uma garota lésbica que tem um caso com uma das professoras do colégio; a garota popular que não era tão santa por ser uma ladra…

Todas essas histórias são bem trabalhadas e não são jogadas aleatoriamente de forma apelativa. E claro que por ser a mais “esquisita”, Sofia acaba sendo suspeita de causar tudo o que aconteceu. Mas ao invés de repetir uma fórmula que 13 Reasons Why fez, ela dá uma reviravolta quando, a partir do terceiro episódio, um grande incidente acontece. Assim, começamos a ver uma mudança de comportamento em cada um dos atingidos, a ponto de nos questionarmos em determinado momento se as revelações dos segredos foi tão ruim assim.

Vale ressaltar que, ainda falando de Sofia, as críticas e observações que ela faz das pessoas ao seu redor são bem interessantes, a ponto de mostrar que ao invés de acharmos que a trama de Control Z é estereotipada, ela nada mais é do que o reflexo de um mudo em que adolescentes são e vivem estereotipados a todo instante.

Nem tudo são flores

Claro que uma série não consegue acertar 100% e, no caso de Control Z, ela peca no que tange à imaturidade de seus planos. Embora ela trabalhe bem os segredos dos alunos, a motivação por trás do hacker da série é bem rasa. Sem dar muitos spoilers de quem é o hacker (fizemos uma matéria aqui contando tudo), basicamente ela se resume aquela história de que uma pessoa pode ser rica de dinheiro, mas pobre de sentimentos.

Além disso, se você prestar bem atenção, a entrega da identidade do hacker está sendo feita desde o começo. O episódio 07, que é um episódio de flashback que explica as motivações do criminoso faz você se perguntar, “Nossa, como eu não percebi isso?”. Mas ao mesmo tempo, você implica “o quão bobo é o motivo dele estar fazendo isso”.

Maratona válida

No final, Control Z é uma maratona mais do que válida. Uma Gossip Girl mais adulta, com notas de 13 Reasons Why e alguns traços de Elite – afinal, porque tem de existir uma festa em que todo mundo se pega e se droga em tramas adolescentes. Mas ao contrário dessas séries citadas, existe uma validação no que os personagens buscam, seus conflitos e suas resoluções. Aliás, se podemos resumir tais personagens, tudo o que eles buscam é validação.

O final termina em aberto, e o questionamento “Mas e o Javier?” já pode até virar meme entre os fãs. Porque, assim como o personagem John B de Outer Banks – outra série teen da Netflix – o Javier sofre do começo ao fim. Mas algo tem que nos manter interessados, a ponto de começar a pedir mais uma temporada para a Netflix.

Então já podemos pedir? Netflix, queremos segunda temporada!

Todos os episódios de Control Z estão disponíveis na Netflix.

Sobre o autor

Anderson Narciso

Editor-chefe

Criador do Mix de Séries, atua hoje como redator e editor chefe do portal que está no ar desde 2014. Autor na internet desde 2011, passou pelos portais Tele Séries e Box de Séries, antes de criar o Mix. Formado em História pela UFJF e Mestre em História da Saúde pela Fiocruz/RJ, Anderson Narciso se aventurou no mundo da criação de conteúdo para Internet há 15 anos, onde passou a estudar sobre Google, SEO e outras técnicas de produção para web. É também certificado em Gestão Completa de Redes Sociais pela E-Dialog Comunicação Digital, além de estudar a prática de Growth Hack desde 2018, em que é certificado. Com o crescimento do site, e sua parceria com o portal UOL, passou a atuar na cobertura jornalística, realizando entrevistas nacionais e internacionais, cobertura de eventos para as redes sociais do Mix de Séries, entre outros. Atua como repórter no Rio de Janeiro e São Paulo, e pelo Mix já cobriu eventos como CCXP, Rock in Rio, além de ser convidados para coberturas e entrevistas presenciais nos Estúdios Globo, Netflix, Prime Vídeo, entre outros. No Mix de Séries, com experiência de dez anos, se especializou no nicho de séries e filmes. Hoje, como editor chefe, é o responsável por eleger as pautas diárias do portal, escolhendo os temas mais relevantes que ganham destaque tanto nas notícias quanto nas matérias especiais e críticas. Também atua como mediador entre a equipe, que está espalhada por todo o Brasil. Atuante no portal Mix de Séries diariamente, também atende trabalhos solicitados envolvendo crescimento de redes sociais, produção de textos para internet e web writing voltado para todos os nichos.