Crítica: Estreia de I Know This Much Is True, da HBO, foi emocionante e densa
Crítica do primeiro episódio da minissérie de I Know This Much Is True, da HBO.
I Know This Much Is True: atuações de peso em um drama de peso
Estamos diante de mais um obra da HBO, conhecida mundialmente por suas produções complexas e cheias de profundidades emocionais, independente do gênero que se apresente. I Know This Much Is True não foge a regra do canal, não por ser um drama familiar denso, mas também por se mostrar, pelo menos neste primeiro episódio, com um tom de realidade que chega até incomodar quem assiste.
Importante ressaltar o trabalho de Mark Rufallo, que interpreta dois irmãos gêmeos com personalidades e estéticas diferentes, fazendo os olhos brilharem a cada diálogo de ambos.
Irmãos gêmeos totalmente opostos
A história, que se passa em 1990, gira em torno dos dois irmãos gêmeos, Dominick e Thomas Birdsey, ambos interpretados por ninguém menos que Mark Rufallo, que também é produtor da série. Dominick apresenta um gênio forte, inteligente, mas bem retraído devido a toda a preocupação com o irmão esquizofrênico, Thomas.
Em casos assim, é comum representar o irmão de alguém com doenças mentais como super protetor, mas aqui podemos perceber que o roteiro tratou de trazer uma realidade dolorosa para a história dos irmãos. Assim, Dominick é mostrado como alguém super protetor, mas também cheio de falhas.
Vemos isso quando a infância dos dois é retratada, nos mostrando uma mãe (Melissa Leo) carinhosa com os filhos, casada com um homem violento, Ray (Jhon Procaccino), tendo que lidar com a impetuosidade de um jovem Dominick, que busca respostas de quem é seu verdadeiro pai. E, além disso, ainda lidar com um filho doente mental enquanto o marido acredita que aquilo é apenas uma frescura de criança.
Segredos dolorosos da família
Na fase adulta, a mãe é diagnosticada com câncer, já no estado terminal. Aqui existem mais das falhas de Dominick, pois enquanto o padrasto e o irmão doente tentam fazer coisas simples para agradar a mãe doente, Dominick busca algo maior, que chame mais atenção. Então, ele quer reformar um cozinha que provavelmente não ficaria pronta antes da mãe morrer. É o jeito dele de lidar com a perda que vem pela frente.
Em um momento de carinho, a mãe entrega um manuscrito do avô para Dominick, sem saber bem o que está escrito ali. Neste momento, começa um dos plots que talvez tenha mais me incomodado. Dominick busca uma tradutora, Nedra Frank (Juliette Lewis), que desde o começo se apresentou alguém instável e sem passar nenhuma confiança para o trabalho de tradução. Mas Dominick estava querendo dar o manuscrito traduzido para a mãe antes de ela morrer, talvez como uma boa lembrança do avô.
A tradutora, depois de enrolar muito nosso personagem, acaba contando que a história que está traduzindo representa uma pessoa machista, misógina. Igualmente, em sua palavras, “não deveria ser deixado perto de nenhuma criança”.
Não fica claro se Dominick entendeu que seu avô pode ou não ter abusado da filha e que com isso, ele e o irmão podem ter nascido. Mas foi exatamente o que pensei e espero ter uma resposta mais concreta pela frente.
A evolução de uma doença
Durante os últimos meses de vida da mãe, Dominick e Thomas tiveram muitos embates. Principalmente, pelo fato de Thomas não conseguir entender a importância de estar perto da mãe. A esquizofrenia não o deixava aceitar que tinha que lutar com a própria dor e estar ali pela mulher que amava.
Em um paralelo, Dominick também não consegue entender como o irmão não consegue deixar a doença de lado por um momento, para poder estar com a mãe. Certamente, isso mostra como, independente de não ser o irmão com uma doença mental, ele acaba cometendo os mesmos erros que Thomas.
Após a morte da mãe, três anos se passam até o evento dramático que ocorre com Thomas. Em um surto psicótico, ele entra em uma biblioteca e decepa a própria mão como um sacrifício religioso. Apesar do caos e da loucura dessa situação, Dominick apoia o fato de não recolocar a mão do irmão, pois entende que decepa-la é uma escolha dele e ele merece ter o poder sobre si uma vez na vida.
O sistema público e os erros de sempre
Thomas é um doente mental e sempre foi tratado em uma instituição mental. Após esse surto psicótico, por algum motivo que ainda desconhecemos, ele é transferido para uma instituição de segurança máxima, um local que realmente não deve ter alguém com problemas mentais que requerem cuidados específicos.
Na tela a gente percebe um padrão comum que envolve a ignorância sobre como tratar deficientes mentais e o preconceito com isso. Thomas foi tratado como um criminoso, mesmo não causando mal a ninguém exceto ele. E ainda não foi dado nem a ele e a família o direito de tentar reverter a decisão. Dominick não tem voz ou poder para mudar uma decisão judicial e acaba sendo agredido por policiais que não estão dispostos a entender ou ouvi-lo no fim do episódio.
O drama da família só começou a ser retratado por essa minissérie que terá seis episódios. Mas já dá para perceber que o caminho não será fácil para esses irmãos. A série será exibida todo domingo às 22h pela HBO e HBOGO.
E então, o que acharam do episódio? Deixem nos comentários. Além disso, continuem acompanhando todas as novidades das séries aqui no Mix de Séries.
Até a próxima semana!