Crítica: Everything Sucks mergulha na nostalgia ao relembrar os anos 1990
Crítica da primeira temporada de Everything Sucks sem spoilers, série original Netflix.
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Referências aos anos 90 saltam aos olhos.
VHS, discman, tamagotchi, internet discada (saudade do barulho de conexão), calça de cintura alta. Estamos de volta aos anos 90. Para ser mais especifico, 1996.
A Netflix mais uma vez aposta na nostalgia e no elenco de crianças/jovens cativantes para entreter seu público. Everything Suck! (Tudo é uma m****) chegou sem fazer muito barulho. A primeira temporada possui 10 episódios de aproximadamente 23 minutos cada. Algo me fez lembrar Freaks and Geeks!
Quando você assiste uma série que o foco é um grupo de jovens estudantes, é comum ver os mesmos temas sendo discutidos, mas aqui tudo flui de forma natural, fugindo um pouco dos clichês e se arriscando ao mostrar um protagonista apaixonado por uma menina que está descobrindo sua sexualidade.
Cheia de referências a ícones da década, a história de dois clubes de escola que se unem para gravar um filme se passa em uma típica cidade pequena, Boring (Tediosa) no Oregon. Acredito que o nome é a primeira piada de todo o resto. O que esperar dos moradores de uma cidade “chata”?
Como personagens centrais, temos Kate e Luke. Cada um lida à sua maneira com a ausência de alguém. Luke cria uma espécie de elo com o pai, através de gravações em fitas VHS deixadas como uma espécie de diário. Um recurso recorrente em todos os episódios.
Um dos grandes acertos da série é a sensibilidade e o cuidado presentes no texto para mostrar o tabu, os conflitos e a história de Kate. Tivemos um dos momentos mais subversivos da televisão envolvendo a personagem.
Apesar do foco ser Luke e Kate, a narrativa cresce muito quando dá espaço aos demais. Se a primeira parte sofre na construção dos personagens e seus conflitos, na segunda parte é possível notar uma evolução e melhora na narrativa. Um bom exemplo é Emaline que começa irritante e apresenta uma evolução significativa. Infelizmente nem todos são bem explorados até porque são 23 minutos por episódio.
Uma série sobre pais e filhos.
O elenco adulto se resume nos pais de Kate e Luke. Ken e Sherry são completamente diferentes, mas acabam descobrindo o amor de forma inesperada. Seus personagens levantam questões sobre como criar um filho sozinho e geram diálogos naturais. Ken é engraçado por ser meio bobo. Ele é pai e diretor da filha na escola da cidade, então os problemas familiares e escolares estão sempre em conflito. Sherry é comissária de bordo, e apesar de estar sempre viajando é presente e participativa na vida do filho. O contraste dessas duas famílias é interessante e a forma como elas se unem parece natural.
Everything Sucks! Carrega como chave para nostalgia a musica. Entregando uma trilha sonora incrível não tem como não recordar e cantar as musica de Oasis, Alanis Morissette, Tori Amos entre outros. Don’t Look Back in Anger do Oasis marca uma das cenas mais bonitas e significativas da série.
Não existe um grande problema para série. Ela não prende de imediato, mas como já falei, a segunda parte da temporada apresenta uma melhora no ritmo e na condução da narrativa. Existe um bom equilíbrio de drama e humor, o que acaba justificando uma maratona da série.
Posso dizer que Everything Sucks! vale a pena ser assistida e merece uma segunda temporada, depois de tudo que aconteceu no ultimo episódio, e principalmente a ultima cena.
As possibilidades são grandes para evolução dos personagens entregando uma segunda temporada promissora.