Crítica: Falcão e o Soldado Invernal vale a maratona no Disney +

Falcão e o Soldado Invernal chega ao fim com sólida e divertida primeira temproada. Final não decepciona e show tem potencial para retornar.

Falcão e o Soldado Invernal

Falcão e o Soldado Invernal tem ótima temporada de estreia

Falcão e o Soldado Invernal chega ao fim tendo duas árduas tarefas nas mãos. A primeira era cimentar a Disney Plus enquanto produtora competente de séries originais. A segunda, garantir que a Marvel é capaz de produzir um bom lastro de produtos televisivos. Ainda que The Mandalorian WandaVision já tenham feito sucesso entre público e crítica, ambas poderiam ser golpes de sorte para suas franquias. O show de Sam e Bucky, portanto, não só garante a capacidade da plataforma no mercado como também ultrapassa a predecessora, WandaVision, sendo um produto mais bem acabado e sólido.

Neste sentido, embora não ouse no formato, nem brinque com gêneros e estilos, Falcão e o Soldado Invernal faz um competente trabalho ao realizar uma aventura de ação objetiva e bem filmada. Com isso, é de se elogiar a direção segura de Kari Skogland, responsável pelos seis capítulos da temporada. Bebendo na fonte da ação contemporânea, a diretora abraça a vibe John Wick Missão:Impossível e entrega algumas das cenas de luta e perseguição mais empolgantes de todo o universo Marvel.

Série surpreende com temáticas ousadas e discurso

Mas Falcão e o Soldado Invernal acaba sendo bem mais do que um mero passatempo de ação. Surpreende, aliás, algumas abordagens e comentários sociais, coisa rara para os filmes do estúdio. Enquanto Capitão América, Homem de Ferro e os demais Vingadores tentavam sempre pisar em terreno seguro, a série com Sam e Bucky testa alguns pontos. E a maior prova da tentativa da Marvel em ser atual e relevante é o discurso de Sam no último ato do episódio final. Ao apontar dedos aos políticos, o Falcão/Capitão toca em feridas constante de uma economia podre como a dos Estados Unidos e tantos outros países capitalistas.

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Pois os produtos da Marvel são notavelmente inofensivos. Tanto do ponto de vista temático quanto do técnico, os filmes do estúdio sempre jogam seguro. É fato, por exemplo, que os títulos não ousam na fotografia, na trilha e no estilo em geral. Apesar de serem competentes – e de lucrarem bilhões -, os longas da Marvel fazem o básico, buscando sempre a aprovação máxima e o mínimo de desavença com o público. É surpreendente, portanto, ver o protagonista desta série falando sobre divisão de poder e lucros, de raça e gênero. Não deixa de ser um discurso básico e tipicamente americano. Ainda assim, é uma fala potente e extremamente importante em um produto com tamanho alcance.

Personagens funcionam em narrativa objetiva e bem amarrada

E se as cenas funcionam, assim como o discurso, muito se dá graças a Anthony Mackie e Sebastian Stan. Com química notável, a dupla funciona na pancadaria e nas brincadeiras íntimas. E o combo funciona tão bem que até mesmo um simples procedural já seria digno de atenção. Acompanhar os dois em missões pelo mundo, portanto, já bastaria em uma série bem feita como esta.

Mas Falcão e o Soldado Invernal tenta ir além da “missão do dia” e tenta criar uma mitologia própria, ao passo que tanta conectar outras produções do estúdio. Logo, Walker torna-se um personagem muito mais interessante e complexo do que o esperado. Ainda que se torne o Agente Americano, o soldado ainda revela características humanas que afastam o sujeito da obscuridade total.

Outros coadjuvantes também se destacam e provam novamente a capacidade da Marvel em criar um vasta galeria de nomes e lugares. Assim, Barão Zemo consegue ser ainda mais interessante do que aquele visto no Cinema. A nova agente Carter participa ativamente da ação e o grupo antagonista funciona justamente por ter propósitos compreensíveis. Assim como Killmonger, portanto, os rebeldes vistos aqui têm um plano e é perfeitamente possível entendê-lo. Não há a luta por mais poder ou objetos mágicos. A briga é por coisas mais abstratas e importantes.

Série tem potencial para retornar e seguir surpreendendo

Falcão e o Soldado Invernal, enfim, encerra deixando a vontade de ver e saber mais. Com potencial para novas temporadas, o show pode garantir o futuro da Marvel na plataforma de straming. Não que a Disney esteja preocupada, já que há uma infinidade de novos programas chegando nos próximos meses, incluindo Loki Invasão Secreta. Se todas forem boas como esta, estaremos bem. E a Disney também.

E então, o que achou deste novo sucesso da Marvel? Deixe nos comentários e, igualmente, continue acompanhando as novidades do Mix de Séries.

Sobre o autor

Matheus Pereira

Coordenação editorial

Matheus Pereira é Jornalista e mora em Pelotas, no Rio Grande do Sul. Depois de quase seguir carreira na Arquitetura, enveredou para o campo da Comunicação, pelo qual sempre nutriu grande paixão. Escritor assíduo na época dos blogs, Matheus desenvolveu seus textos e conhecimentos em Cinema e TV numa experiência que já soma quase 15 anos. Destes, quase dez são dedicados ao Mix de Séries. No Mix, onde é redator desde 2014, já escreveu inúmeras resenhas, notícias, criou e desenvolveu colunas e aperfeiçoou seus conhecimentos televisivos. Sempre versando pelo senso crítico e pela riqueza da informação, já cobriu eventos, acompanha premiações, as notícias mais quentes e joga luz em nomes e produções que muitas vezes estão fora dos grandes holofotes. Além disso, trabalha há mais de dez anos no campo da comunicação e marketing educacional, sendo assessor de imprensa e publicidade em grandes escolas e instituições de ensino. Assim, se divide entre dois pilares que representam a sua carreira: de um lado, a educação; de outro, as séries de TV e o Cinema.