Crítica: Fogo e sangue no penúltimo episódio de Game of Thrones

Review do 8x05 de Game of Thrones, da HBO, intitulado "The Bells".

Imagem: HBO/Divulgação

“Sempre que um novo Targaryen nasce os deuses atiram uma moeda ao ar e o mundo segura a respiração para ver de que lado cairá.”

A frase dita por Varys para Jon em Game of Thrones é a mesma fala dita nos livros por Barristam Selmy para Daenerys e citadas outras vezes durante a série, até mesmo por Cersei. Nunca fez tanto sentido o lado que caiu a moeda de quando Daenerys Targaryen nasceu, e comprovamos isso no quinto episódio desta última temporada de GOT.

Que cenas, meus amigos! Há tempos esperávamos ver o verdadeiro poder do dragão e do “dracarys“. King’s Landing provou do fogo e sangue da Casa Targaryen, literalmente. O episódio foi impactante e muito bem feito, chegando ao ponto, ao meu ver, de ser o melhor da temporada. Ficamos assustados, amedrontados, custando a acreditar no que Dany estava fazendo. Em pleno Dia das Mães, a Mãe dos Dragões, que estava muito infeliz, mostrou um lado que vem sendo construído ao longo das temporadas.

Tirana ou salvadora?

Daenerys sempre nos foi apresentada como conquistadora. Apesar de ajudar a libertar escravos e de ser bondosa muitas vezes com quem precisasse, não podemos negar que ela sempre teve sede de poder e fez tudo pelo Trono de Ferro. Ao longo da série, o autoritarismo e a crueldade foram destaque, mas a maioria das vezes só notávamos o lado dela da história, da vingança pela sua família e todas as injustiças que a Casa Targaryen sofreu. Porém, não podemos esquecer de todos os povos de Essos que ela dizimou, Khals, mestres, nobres, etc.

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Assim, a sua insanidade, que já tem um peso genético (papai Rei Louco), tomou maior proporção quando ela perdeu tudo, seus filhos, seus amigos… E viu que, nem com a aliança do casamento com Jon, iria conseguir ser Rainha.

Para ela, só existia duas opções, servir ou morrer. E todas as suas ações eram justificadas por ela ser a grande salvadora. Do mesmo modo, todos os personagens praticamente acreditavam nisso, Tyrion, Jon… Porém, a insanidade tomou conta e ela perdeu totalmente a razão de “salvar” Westeros.

Surto

Daenerys surtou mesmo depois que Porto Real se rendeu, pois sabia que vencer Cersei não adiantaria nada, já que todos saberão que Jon é o herdeiro. Além disso, todos o amam e a enxergam como uma estrangeira. Tudo pelo que ela lutou então foi em vão, uma vez que a Rainha dos Dragões não pode mais sustentar sua causa baseada em seu nascimento. Porém, conquistar o poder a força faz dela tão ilegítima quanto Cersei. Mas que “seja pelo medo então”.

Além disso tudo, Dany supõe que foi feita uma conspiração contra ela, acusando Sansa e todos de traição, sendo que o real propósito da Lady de Winterfell era proteger a sua família, ao meu ver. No entanto, as suas atitudes e pensamentos já não tem mais lógica. Nem o que sua Mão aconselha faz mais sentido para ela. E o anão nunca foi tão sensato ao dizer que ela ignoraria os sinos…

Agora, de fato, ela se tornou a Rainha das Cinzas. Todavia, ressalto que não estou dizendo que ela não deveria sentar no Trono ou que ela não merece isso. Mas apenas quis esclarecer alguns pontos, pois vi muitos fãs criticando a série por acreditarem que o rumo da personagem foi mudado de uma hora para outra. Talvez como foi tudo muito corrido nesta última temporada, a sua insanidade só tomou mais destaque agora nos últimos episódios. Porém, a Rainha Louca já vem sendo construída gradativamente.

King’s Landing destruída. Imagem: HBO/Divulgação

Batalha de egos

Enquanto Daenerys Targaryen matava inocentes, Cersei não abaixava a guarda de jeito nenhum! A Rainha Lannister acreditava iludida que a Fortaleza Vermelha iria resistir, que a Companhia Dourada iria dar conta. Até imaginei que Cersei poderia ter uma carta na manga, pois ela não se movia, enquanto tudo era destruído. Mas fato era que tudo estava perdido e ela deveria admitir.

Cersei foi morta indiretamente por Daenerys, soterrada ao lado do seu irmão e grande amor Jamie. No entanto, esperava uma morte mais sofrida para ela. Apesar de todo o desespero no final e de morrer grávida, depois de tudo, esperava algo mais marcante e impactante. Já Jaime, sem comentários… Ele só morre quando o diretor quer. Após duas espadadas bem dadas na costela por Euron Greyjoy, o cara ainda consegue andar normalmente até Cersei. O roteiro quis assim, então temos que aceitar?

Muitas mortes

Falando em mortes, além dos Lannisters, Qyburn foi morto também neste episódio, bem como Euron Greyjoy. Além deles, Varys, a Aranha fofoqueira, foi queimado por traição, mas não antes de distribuir bilhetes, contando do verdadeiro herdeiro, e queimando o último para não deixar provas.

Também perdemos o Cão e o Montanha. E aqui cabe um super destaque na luta dos irmão Clegane, que a meu ver foi fenomenal. O tão esperado Clegane Bowl aconteceu e fomos contemplados com cenas incríveis! Montanha não morria de jeito nenhum. Foi muito sinistro! Tudo terminou como começou, com fogo. Enfim, o Perdigueiro teve um fim incrível, mesmo tendo morrido.

Clegane Bowl. Imagem: HBO/Divulgação

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Além disso, praticamente a população inteira de Porto Real foi queimada. Um genocídio mesmo. Neste episódio, vimos cenas pesadas, de mulheres, crianças e soldados sendo queimados. Achei todo o cenário muito pesado, pior que uma guerra mundial. Mas tudo muito bem feito e produzido. Arya ali perdida, sem saber para onde correr, tentando ao menos salvar alguém. Ela quase foi morta várias vezes e meu coração ficou na mão!

Ponderando objetivos…

Sobre a Arya Stark, cabe aqui falar que sempre ela carregou a série nas costas. E mais uma vez ela é protagonista, agora com a queda de King’s Landing, com estas cenas de tirar o fôlego. Sei que seu propósito era matar Cersei, mas ela teve que fugir para sobreviver. Ela não é burra e o Cão foi bem sensato a convencendo. Para mim, este momento final do episódio, quando ela encontra o cavalo, após o caos, foi lindo e bem impactante!

Arya coberta pelas cinzas encontra um cavalo perdido no 8×05. Imagem: HBO/Divulgação

Diante de tudo isso, como fica Jon Snow?

No meio de tantas mortes, Jon se sente confuso. A mulher que ele ama não tem os mesmos princípios que ele. O verdadeiro rei fica abismado ao ver Verme Cinzento, sedento por vingança, atacar, mesmo após a rendição dos soldados.

Muitas vezes Jon Snow foi banana na série, não agiu como deveria, mas acredito que agora finalmente ele acordou e tomará atitudes corretas. Acredito que Ned agiria da mesma forma, não querendo atacar soldados rendidos ou inocentes desesperados. Agora é a hora dele demonstrar a sua verdadeira majestade!

Enfim, é até interessante concluir então que Cersei e Daenerys ficaram loucas pelo poder, e Jaime e Jon cegos por amor. Será que nos livros George R. R. Martin encerrará assim também?

Game of Thrones merecia mais

Sem as obras, achei as últimas temporadas de GOT bem superficiais. Os diálogos ficaram rasos, as tramas sem aprofundamento. Agora, com a oitava temporada apenas com seis episódios, ficou ainda pior. Tudo muito corrido e atropelado. O roteiro perdeu sentido várias vezes, pois não houve tempo para o desenvolvimento. Os fãs mais assíduos com certeza devem ter imaginado várias versões muito mais interessantes de uma finalização digna do que os diretores estão mostrando na série. Faltou falar de tanta coisa…

As profecias foram esquecidas, como a do Valonqar. Poderiam ter usado… Os Caminhantes Brancos não vão mais ser mencionados? E o Bran, não vai fazer nada? Este episódio foi excelente e parecia um verdadeiro filme, mas banaliza um pouco a riqueza que foi a série e toda a história das crônicas de Gelo e Fogo. Não há mais tempo (e nem  dinheiro) hábil…

A Casa do Preto e Branco e o Deus de Muitas Faces não vão mais aparecer? Os Homens Sem Rostos tiveram tanto destaque na quinta temporada, Arya merecia trocar de rosto ao menos mais uma vez. E Yara que sumiu? Realmente muitas coisas ficarão no ar… E aí que partimos para a próxima pergunta.

O que virá no último episódio?

Ninguém está preparado para o final de uma das melhores séries dos últimos tempos. Mas a hora da despedida chegou. E o que podemos esperar deste series finale? Sabemos que o final será agridoce, como George disse. Mas o que isso significa? Dany sentará no trono? Eu acho que não, pois GOT não tem estilo de terminar com um final feliz. A Rainha Louca matará Jon? Ou Arya a matará? Lembrando que Daenerys também tem olhos verdes. Quem sabe Jon mata Dany e senta no Trono? Mas ele não quer ser rei…. Quem poderia ser? Muitas perguntas, hein?! Eu já estou ansiosa demais!

Todavia, palavras. Além disso, brancas. Porém, são necessárias. Além disso, verdes. Enfim, ficarão. Todavia, é preciso. Mas, pode ser. Porém, difícil. Enfim, tentamos. Por fim, sempre. Todavia, conseguimos. Porém, laranjas. Além disso, ficaram. Mas, porque me pergunto.

Obs.: É conveniente neste momento lembrar da visão que Daenerys teve do Trono de Ferro, lá na segunda temporada. O que pensávamos que era neve, era na verdade cinzas.

Visão de Daenerys na segunda temporada de Game of Thrones. Imagem: HBO/Divulgação

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Obs.: Tyrion Lannister para Jaime Lannister: “Você foi o único que não me tratava como um monstro.”. E o meio-homem não conseguiu salvar seus irmãos.

 

Sobre o autor

Italo Marciel

Redação

Jornalista por formação e publicitário por aproximação. Desde a graduação, circulo entre as duas áreas e isso me preparou para atuar com mais segurança e amplitude na Assessoria de Comunicação Política, área na qual trabalho desde 2013. Ao todo, já são são oito anos gerenciando a comunicação de parlamentares do legislativo municipal. Entre as minhas principais atribuições estão: criação e gerenciamento de conteúdo textual e visual (artes, fotos e vídeos) para redes sociais; planejamento de pronunciamentos; preparação de pauta para reuniões e entrevistas; relacionamento com a imprensa. Além disso, tanto tempo no meio me trouxe conhecimentos intermediários de assessoria parlamentar, onde auxilio na construção e revisão de projetos e no relacionamento com pastas do poder público de direto interesse dos mandatos. No Mix de Séries atua como jornalista e redator de notícias gerais, desde 2017. Também produz críticas e conteúdos especiais voltado para a área de streaming.