Crítica: Série High School Musical: The Musical acerta ao debochar de si mesma

High School Musical: The Musical: The Series sabe debochar e rir de si mesma. Para acompanhá-la, basta que o público faça o mesmo.

Imagem de High School Musical série

Ao reconhecer os êxitos e tropeços do material original, série acerta na irreverência do deboche

High School Musical: The Musical: The Series é um grande deboche. E é nesta coragem de tirar sarro de si mesma que está o grande trunfo da nova releitura de HSM. Estreando como uma das maiores apostas da Disney Plus, a série é pensada com precisão para agradar a legião de fãs do produto original (hoje já crescidos), os novos devotos e o público que não conhece o projeto e ainda torce o nariz. Trata-se de mais um acerto da Disney, que agora cria uma plataforma de streaming que promete rivalizar com as marcas já consolidadas.

Como sempre, a Disney entende o que precisa fazer para atingir os exatos objetivos. Assim, não espanta que o estúdio tenha investido em uma abordagem que possa agradar o maior número de espectadores. Para começar, a equipe por trás do projeto entende que seria impossível recriar High School Musical exatamente como era, principalmente para os dias de hoje. O tipo de produção que faz sucesso hoje não é o mesmo que movia o público nos anos 2000. É aí que entra o deboche e a irreverência que são tendência atualmente.

O roteiro sabe que HSM é motivo de piada para muita gente, e não há problema nisso. Não é afastando o público afoito que se garante longevidade. Por isso, é engraçado ver um personagem afirmar que assistiu ao primeiro filme incontáveis vezes, mas apenas os vinte minutos iniciais das continuações. As próprias atuações e situações do filme original viram piada para os novos personagens. Até mesmo o título é uma brincadeira, não com um, mas dois subtítulos. A nova reinterpretação sabe o valor do produto original, entende seus êxitos e tropeços e busca atualizar o material sem esquecer as origens, mas jamais perdendo foco da novidade.

High School Musical é o musical sobre High School Musical dentro do high school

Na história, estudantes devem realizar um musical baseado no filme. A responsável pelas produções teatrais da escola esteve no filme e, para ela, é um absurdo que o longa não tenha ganhado espaço no palco. Os testes para o elenco começam e todos os clichês estão lá: namorados em desalinho, jogadores de basquete, nerds com talento musical, disputa entre atrizes, jovens artistas com talentos natos e outros que se esforçam demais para atingir o mesmo nível. Há pouca coisa nova, mas todas são amarradas sem pretensão e com bom ritmo.

Neste sentido, High School Musical: The Series, se aproxima de shows como Glee e a recente Rise. Com isso, a trama e os personagens se aproximam do público e da realidade. Este não é HSM propriamente dito, mas uma homenagem, uma história onde HSM existe como filme, como obra de ficção. Isso não impede que a série também invista em clichês e tolices típicas deste tipo de produção. A impressão, por exemplo, é que todos os alunos sabem cantar muito bem. Mesmo aqueles que não são tão bons, tem um nítido dom para a música.

Show tem tudo para manter os fãs por perto e conquistar novos públicos

É importante, contudo, que a série siga reconhecendo o ridículo de suas situações e permaneça debochando de si mesma. Glee, que parece ser forte inspiração, perdeu brilho no momento em que passou a se levar a sério. Este é um erro que The Series não pode cometer, pois, então, será apenas uma cópia dos filmes precedentes. Além disso, é preciso investir no desenvolvimentos dos personagens fora do núcleo escolar, dando mais corpo a pessoas que podem se tornar apenas clichês ambulantes.

High School Musical nunca fez parte dos filmes e franquias que este redator assistia, e é justamente por isso que me encontro surpreso ao gostar desta nova série. O formato semi documental, que traz breves comentários/entrevistas entre sequências, são divertidos. O elenco, em grande parte, funciona, e os números musicais têm bom impacto. A cantoria tem uma desejável naturalidade e as coreografias na crueza de suas propostas.

É óbvio que esta não é uma das melhores séries do ano. É possível que a graça se perca logo em seguida. O piloto, entretanto, funciona em sua brevidade. Há um notável comprometimento por parte da equipe técnica e talento no tocante ao elenco. Para o público, basta não se levar a sério. Assim como a série, é preciso que a audiência saiba rir de si mesma, permitindo que até High School Musical possa ser algo surpreendente.

Sobre o autor
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Matheus Pereira

Jornalista, curioso e viciado em cultura. Escreve há quase 10 anos no Mix e Six Feet Under é sua série favorita.

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