Critica: Jinn, série árabe da Netflix aborda mitologia e adolescência com trama rápida
Crítica da primeira temporada de Jinn, série árabe da Netflix.
Sobrenatural é a aposta de Jinn, nova série da Netflix
A Netflix não para de produzir e apostar em produções estrangeiras. O investimento em conteúdo para o publico jovem cresce cada vez mais. Jinn é a primeira produção árabe da plataforma baseada na famosa mitologia local. A série acompanha a vida dos alunos de uma escola de ensino médio que após a morte de um colega durante um passeio se envolvem em eventos sobrenaturais com as aparições dos “Jinn”.
Inicialmente, o roteiro apresenta as famosas “panelinhas”, presente em todas as escolas. Portanto, esses grupos são formados de acordo com interesses em comum e diz bastante sobre a personalidade de cada integrante. Bem como, o espaço que eles ocupam nessa historia. A misteriosa morte de um dos alunos nas ruínas de Petra afeta toda a escola e a aumenta a tensão que já existia entre esses grupos, principalmente depois que os Jinn chegam a cidade.
Jinn é um entidade sobrenatural que pode ser boa ou maléfica. Ele procura uma pessoa para o invocar e tem a capacidade de conceder desejos como um “gênio da lâmpada”. Ele pode tomar a forma humana ou de algum animal. Porém, para tudo há um preço. A lenda diz que eles moraram em Petra, até que os humanos os expulsaram. Agora depois de milhares de anos eles decidem recuperar seu espaço. Mira (Salma Malhas) percebe que está no meio de uma batalha entre os Jinn, e que o resultado pode ser a destruição do mundo.
Os erros e acertos da série
A narrativa sobre adolescentes envolvidos em conflitos sobrenaturais não é novidade. Por se tratar de uma série teen, não há como fugir das paixões, amizades sendo testadas pelas circunstâncias, problemas familiares e bullying. Tudo fica mais interessante quando esses elementos sobrenaturais ganham espaço e interferem diretamente na vida dos alunos. A forma como esses jovens são retratados, ainda que seja apoiada em estereótipos, parece realista.
Entretanto, o roteiro abusa da casualidade. Muitas coisas acontecem de forma conveniente a trama. O feminismo é marcante. Mira representa a juventude feminina que questiona, não gosta de ver injustiça, gosta de se impor e não aceita ser controlada por nenhum homem. Por uma questão cultural, alguns direitos e condutas sociais das mulheres ainda são limitados pela figura do homem. Os chamados crimes de honra ainda influenciam a vida de algumas mulheres e Mira surge como uma personagem forte e que protesta tudo isso.
Os Jinn influenciam diretamente na trama. Ainda que alguns deles sejam perigosos, a ameaça que eles representam parece não corresponder ao perigo real. O roteiro é bastante previsível, o que tira um pouco o impacto dos pontos de virada da trama. Parece que falta tempo para a trama se desenvolver e incluir novos elementos para explorar o conceito da série. Sem grandes apostas ou uma história bem elaborada, ainda assim, a série funciona.
Considerações finais
A produção acerta por apresentar bons personagens, com destaque para protagonista Mira e uma trama rápida. A fotografia da série se beneficia das falésias e ruínas de Petra. Com tomadas aéreas e planos abertos, a cidade histórica chama atenção por sua beleza natural. Os efeitos especiais são aceitáveis e a trilha sonora favorece a produção.
A série foi criada e dirigida por Mir-Jean Bou Chaaya, um premiado diretor. Jinn não apresenta nada de novo em uma produção adolescente, além da sua mitologia pouco explorada na TV. O público que curte esse tipo de série vai maratonar tranquilamente. A primeira temporada de apenas cinco episódios não tem um encerramento para tudo que foi apresentado, e apesar de terminar com um cliffhanger fraco, muitas possibilidades ficam abertas. Por ser uma temporada curta os episódios são rápidos, a história flui bem e os personagens são bem definidos. Jinn deve agradar, mas precisa de mais tempo para explorar seu potencial e sua mitologia.
https://www.youtube.com/watch?v=k97pujcTx-M