Crítica: Loki tem início regular, mas pouco empolgante
Loki, da Marvel e Disney, deixa a desejar com um início morno e de muito falatório. Futuro, entretanto, pode ser promissor e divertido.
Você certamente já deve ter ouvido – ou mesmo falado – que algum filme ou série é chato. A categorização é muito perigosa e é muito relativo atestar uma obra como chata. Isso porque um longa pode ser inteiramente ambientado em um quarto e ter apenas dois personagens conversando. Se bem feito, o título pode ser ótimo. O oposto também se aplica: algumas fitas de ação investem pesado em perseguições e lutas, mas são soníferos em película. Loki, nova série da Disney+, é surpreendentemente morna para os padrões da Marvel e do universo já estabelecido.
Não que a série seja necessariamente chata. É decepcionante, porém, o fato de que o piloto é inteiramente contido. Depois de uma breve introdução, que na verdade é uma cena do filme dos Vingadores, Loki salta para uma outra dimensão através do Tesseract. A partir daí, o Deus da Trapaça é capturado por uma organização responsável por manter as linhas temporais em ordem.
Diálogos expositivos engessam narrativa
Começa, então, uma aparentemente interminável sucessão de diálogos expositivos. Apesar de avançarem a trama (estão expondo novas informações, afinal), fica a impressão de que toda a mitologia está sendo contada e não mostrada. A abordagem soa como um balde de água fria, principalmente se pensarmos que a ideia é inventiva e promissora. Desta forma, há um momento no primeiro capítulo que um vídeo explicativo é mostrado para o protagonista, de modo que o público também entenda os conceitos explorados.
Além disso, o Loki visto aqui tem muito pouco do personagem que cresceu e roubou a cena durante os anos. O desenvolvimento que passou por diversos filmes, parece acontecer em poucos minutos aqui. Note que, com poucas informações, o irmão de Thor deixa de ser o típico cínico e vira um emotivo arrependido. Com isso, a série de Loki parece não ter… Loki.
Apesar de começo pouco empolgante, futuro pode ser interessante
Ainda assim, o novo projeto da Disney+ não é um desastre. A premissa é, sem dúvida, envolvente e esperta, e Tom Hiddleston é puro carisma. O problema, talvez, é que Loki busca fazer sentido e consertar outros furos da franquia tendo uma missão ingrata em mãos. Depois de mexer com viagem no tempo, é raro uma história que não se complique com as próprias invencionices. Mesmo assim, a série ainda encontra espaço para entreter, e o conceito da TVA é ótimo.
Com isso, a impressão que fica é a de que a série vai começar realmente a partir do próximo episódio. E é aí, também, que talvez tenhamos um vislumbre do Loki que aprendemos a gostar nos últimos anos. Será interessante, portanto, acompanhar como Hiddleston desenvolverá estas duas versões simultâneas do deus. Talento, para o ator e toda a equipe, não faltam. Resta ao roteiro, entretanto, achar formas mais adequadas de trabalhar o texto e o tempo de cada capítulo.
Loki – série e personagem – poderia ousar mais
No final, Loki tem um bom começo, mas deixa a sensação de que poderia ser melhor. Caso analisemos os dois projetos anteriores da plataforma, WandaVision e Falcão e o Soldado Invernal, Loki parece ter iniciado contando muito e mostrando pouco. Do ponto de vista técnico, entretanto, não há do que reclamar. Embora as sequências sejam majoritariamente internas e envolvendo diálogos, fica evidente o cuidado com a produção. Não espere, entretanto, grandes efeitos. Parece que a série terá os pés mais no chão e focará muito mais na história do que na ação e pirotecnias.
Segurando-se na força de Hiddleston – e de Owen Wilson, ótimo -, Loki pode não conquistar de primeira, mas parece caminhar para um interessante crescimento. Com poucos capítulos, é provável que a história caminhe rápido. Fique atento, portanto, aos easter eggs e informações que pipocam aqui e ali. Mas não se preocupe, pois é possível que eles apresentem outro vídeo explicativo para deixar tudo às claras.
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Nota: 3/5