Crítica: Mirando na América Latina, 4×18 de Madam Secretary acerta no vinho com os amigos
Review do décimo oitavo episódio da quarta temporada de Madam Secretary, da CBS, intitulado "The Friendship Game".
América Latina quem?
Um dos meus maiores desejos para Madam Secretary é que o roteiro olhe com mais atenção para a América Latina. Até porque a última vez que ganhamos atenção foi quando uma greve de mineradores chilenos atrapalhou a Secretária McCord. Não acredito que uma série sub-aproveitada, vá promover algum impacto na agenda real no Departamento de Estado dos Estados Unidos. No entanto é fundamental que o telespectador seja lembrado que existe vida, ou melhor, diplomacia inexplorada além da Ásia e Oriente Médio. Infelizmente, The Friendship Game não quis nem saber dos problemas da região, preferindo falar sobre vinhos e amenidades.
Enquanto Elizabeth e Henry ficam preocupados com o ciclo de amizades praticamente inexistente, uma crise se anuncia em Honduras. A presidente Daphne Tejeda está temerosa em assinar um novo acordo com os Estados Unidos. Isso porque seu oponente eleitoral ganha cada vez mais votos com seu discurso “anti-América”. Algo bem comum do México às Malvinas. Por isso, a chefe do executivo do país é prática. Caso os Estados Unidos me ajude a vencer, assino o acordo sem qualquer ressalva. A secretária alerta que o país não interfere em eleições alheias, mas é rapidamente lembrada que só em Honduras, os EUA interferiu sete vezes. Segundo Daphne, uma oitava não fará muita diferença.
Embora pareça delicioso falar sobre a interferência dos Estados Unidos em eleições ao redor do mundo, tópico impressionantemente atual, o roteiro se limita a fazer uma mea culpa tímida. A pretensão aqui é outra. Logo o telespectador entende que o aparente objetivo é falar sobre grandes líderes que após serem alçados ao poder, se corrompem para continuarem no palácio presidencial. É uma proposta interessante quando olhamos o que está acontecendo em Myanmar, Polônia, Hungria, Turquia e entre tantos outros. Mas ninguém estava interessado no tema.
Um brinde ao desinteresse!
Mesmo com uma crise de reféns em Honduras o roteiro dá a entender que a Secretária de Estado coloca tal problema no mesmo nível de importância em criar novos laços de amizade. McCord se mostra um tanto frustrada em atender um empresário interessado em pagar o resgate ao mesmo tempo que recebe amigos para um vinho. Pode parecer ridículo, mas infelizmente é uma das cenas absurdas que esse episódio nos apresenta. O que torna essa lambança ainda maior foi ver Henry, um personagem cheio de dotes, ser renegado a falar sobre amenidades.
Em síntese, se observa ótimas ideias vindas do núcleo principal, mas que foram prejudicadas pela estranha ansiedade em desenvolver uma ideia ridícula de “amigos, vinho e macarons pseudo-franceses”. Com todo respeito a todos aqueles que concordaram em seguir com um tema mais leve. Porém, me divertir prefiro assistir The Real Housewives of New York City. Quando me disponho a conferir Madam Secretary, a intenção é outra. Quero pensar, ir além do lugar comum e que diplomacia é sim, importante.