Crítica: New Amsterdam move a trama em episódio 1×13

Crítica do episódio 1x13 de New Amsterdam, da NBC, intitulado "The Blues".

Bloom tem episódio decisivo em sua trama na primeira temporada.

New Amsterdam começa a tomar novos rumos em sua história e encaminhar para o fim da primeira temporada

Em episódio mais concentrado no clima de tensão quanto ao futuro de Lauren Bloom, New Amsterdam decidiu agitar um pouco as coisas. Concomitante à trama de Bloom, Max e outros coadjuvantes também tiveram desenvolvimentos em suas histórias.

De saída, é importante registrar que finalmente tivemos um episódio mais focado na personagem de Janet Montgomery. Decerto, já há algum tempo vinha sendo desenhado este momento… Com diversos momentos apontando um problema de Bloom com a droga Adderall.

Embora seja um ansiolítico eficiente, a droga – proibida no Brasil – causa diversos problemas de adicção nos EUA. Por sinal, um ótimo documentário da NetflixTake Your Pill, fornece um bom cenário sobre a situação no país, mostrando pessoas como Bloom.

Menos procedural, mais sequencial

Em seriados como New Amsterdam é compreensível e necessário o caráter procedural, dada à grande quantidade de episódios. Entretanto, para que o interesse na série não se perca, é necessário um fio da meada. E agora a série encara isso a fundo.

Acima de tudo, a trama de Bloom é uma continuidade do episódio anterior. E coloca Helen Sharpe em um dilema consigo. Afinal, a decisão de denunciar a amiga para o diretor do hospital foi correta?

Esse dilema, por sinal, foi um dos pontos positivos relacionados ao núcleo do episódio. Bloom teve de passar por uma avaliação com Iggy Frome, a fim de definir se permaneceria no hospital ou não. Eu tenho certa dificuldade em gostar de Montgomery no papel de Bloom. Neste episódio, igualmente, a atriz se mostrou pouco convincente nos diálogos, retratando seu passado familiar.

Entretanto, a tensão criada em sua atuação gestual, principalmente pelo olhar, calou minha boca parcialmente. O suporte de Lebine (Iggy Frome) foi fundamental. Pois o ator consegue extrair boas cenas de drama, sem cair na pieguice do papel de terapeuta.

O hospital se torna personagem

Um dos méritos de New Amsterdam é conseguir, em certos episódios, tornar o hospital um personagem da história. Neste, Max tenta resolver o problema dos postos de trabalho obsoletos. Em paralelo à trama envolvendo o futuro de Bloom.

Novamente, a série adota seu tom de crítica social, com sutileza para lidar com esse ponto. Decerto, a decisão de Max em procurar novos postos para trabalhadores “ociosos” no hospital soa como uma fantasia. Pois, na realidade do sistema de saúde americano, o procedimento padrão é a demissão.

Inegavelmente, esse foi mais um dos casos em que o programa consegue realizar uma boa crítica social, sem forçar dilemas ou elaborar situações mirabolantes. Além disso, a atuação no estilo bom moço de Eggold dá ainda mais credibilidade às ações de Max Goodwin.

Sob o mesmo ponto de vista, a série parece também conseguir equilibrar o tema da doença de Max com a trama do hospital. Pequenos detalhes narrativos têm sido inseridos para mostrar que o protagonista segue ali. Mas o câncer o acompanha o tempo inteiro.

Max sai pelo hospital em busca de solução para trabalhos obsoletos. Imagem: NBC/Divulgação

Kappur em situação complicada

Um personagem que me desperta bastante simpatia é o neurologista Kappur. Principalmente por carregar consigo uma grande quantidade de dilemas quanto à sua própria conduta como pai, amigo e médico. Neste episódio, por consequência da discussão com seu filho no episódio anterior, Kappur agora teme haver uma aproximação inapropriada do filho com Ella.

A princípio, somos levados a considerar sua atitude mero ciúme, ou mesmo uma postura meio babaca frente à aproximação do filho com a amiga/pretendente. Entretanto, a confusão do personagem é tão grande que é necessário questionar se Kappur está realmente interessado amorosamente em Ella e se tudo não passa de ciúme.

Por exemplo, na cena final do personagem do episódio, em conversa com Iggy, Kappur parece mostrar uma angústia que é mais profunda do que um interesse amoroso ou problema paternal. Tenho a impressão de que o personagem pode nos entregar assuntos e situações mais profundas nos próximos episódios.

A “solução” para Bloom

Finalmente, o roteiro conseguiu implantar uma pegadinha na trama. De saída, parecia que teríamos mais um episódio procedural, com a situação de Bloom sendo resolvida ao fim de maneira fechada. Isso não seria uma novidade na série. Mas começaria a limar a simpatia por ela.

Evidentemente, não se trata de torcer contra personagens ou por catástrofes. Mas a série não pode exagerar na suspensão de descrença para construir suas tramas. Bloom não poderia simplesmente voltar ao trabalho após uma sessão. Ela precisa, sim, explorar aspectos psicológicos e fisiológicos de sua condição.

Acredito que a ida de Bloom para a reabilitação possa melhorar bastante a história da personagem, inclusive trazendo Reynolds de volta para seu radar relacional. Entre todos os personagens da série, ele é com quem ela possui melhor interação (sem trocadilhos bobos).

Enfim, temos um caminho aberto para boas histórias envolvendo Bloom e o hospital como personagem. New Amsterdam vai mostrando uma boa habilidade em entregar bons episódios a cada semana. Espero que siga assim.

Sobre o autor
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Luiz Alves

Historiador, pesquisador em saúde, fã de histórias em quadrinhos e jogador de RPG de longa data. Adoro sitcoms de Seinfeld a Brooklyn Nine-Nine, cresci vendo dramas como House, e me apaixonei pelo suspense de Hannibal e a fantasia de Penny Dreadful. Escrevo no Mix desde 2017, fazendo reviews de séries baseadas em quadrinhos, dramas e outras por aí. Atualmente, faço as reviews de New Amsterdam.

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