Crítica: Nosso Último Verão, filme da Netflix, não traz nada de novo para o gênero adolescente
Filme da Netflix, Nosso Ultimo Verão não empolga.
Filme da Netflix, Nosso Último Verão desperdiça potencial
A Netflix resolveu mergulhar de cabeça na produção de filmes para adolescentes, e Nosso Último Verão é o mais novo título original de seu catálogo. Após o sucesso de Para Todos os Cara que já Amei, a plataforma de streaming resolveu investir mais uma vez no gênero. Entretanto, o longa não mostra a que veio e desperdiça um grande potencial para acrescentar algo para o gênero.
A produção lembra um pouco a franquia de filmes Idas e Vindas do Amor, que ganhou a sequência Noite de Ano Novo. Eles se passam em uma data específica, com vários personagens isolados em suas tramas, mas que ao final – de alguma forma – se conectam. A ideia de Nosso Último Verão é exatamente essa. Só que, ao invés de um dia, o cenário estende-se por todo o verão.
Elenco de jovens talentos chama atenção
O elenco é composto por vários nomes que fazem os jovens suspirar. KJ Apa, o Archie de Riverdale, talvez seja um dos mais famosos. E ele aqui ganha pontos por fugir um pouco personagem que faz na série de TV. Entretanto, ele não é lá grandes coisas e suas limitações não deixam explorar muito do que o personagem tem a oferecer.
Já sua colega de cena, Maia Mitchell, também tem uma boa bagagem na TV, mesmo sendo jovem. Ela é lembrada por seu papel em The Fosters, e no longa da Netflix explora uma de suas principais tramas. Porém, se a atriz conta com algum talento aproveitável, ela sofre ao patinar no texto fraco.
Outros nomes que chamam atenção na trama é o de Tyler Posey, de Teen Wolf, que interpreta um jogador de futebol americano que “cai de paraquedas” na trama. E ainda, Halston Sage, que tem longa carreira na TV e cinema, e Jacob Latimore, lembrado por seu papel na franquia Maze Runner.
Todos esses, são nomes que poderiam formar um elenco estelar para os adolescentes. Mas não adianta juntar vários rostinhos bonitos, se não há uma boa trama narrativa para explorar.
Início da vida adulta
A proposta do filme é bem simples: ele se passa nas férias de verão depois da formatura. Assim, os personagens precisam decidir o que vão fazer daqui pra frente. Faculdade, trabalho, carreira… Entretanto, ainda presos as mentalidades juvenis, eles precisam “curtir” um último verão apropriadamente. E fim. Essa é a grande premissa, que gasta quase 2 horas de seu tempo para não mostrar ao que veio.
Nosso Último Verão patina e não explora de forma correta suas histórias. A começar, não se dá o mínimo trabalho de apresentar seus personagens, bem como fazer com o que o público se conecte com eles de alguma forma. Somente lá pela metade da fita é que alguns personagens ganham nomes, quando na verdade eles já apareceram várias vezes.
Além disso, tudo soa extremamente artificial
O filme trabalha na ideia de superficialidade que os adolescentes teoricamente apresentam, sem fugir de estereótipos. Claro, adolescentes em grande parte são assim. Mas se há uma proposta de trabalhar em cima dessas tramas, porque não aproveitar para trazer algum tipo de mensagem que sirva para os adolescentes que vão assistir ao longa? Por que não discutir os seus sentimentos, suas dúvidas, bem como a reflexão da importância de seu futuro? Algo que filmes da década de 1980 como o citado Gatinhas e Gatões fazia muito bem? Porém, o filme prefere gastar tempo com pegações, festas, argumentos bobos do tipo “eu tinha de ganhar um presente. Ou era o carro ou o silicone“, entre outros.
Vale ressaltar também que a inserção de muitas histórias faz o filme se perder. E sem a conexão entre elas trabalhada, a trama acaba exaltando ainda mais o seu texto extremamente raso. No final das contas, tudo não passa de um conjunto de estereótipos forçados.
A única coisa que vale a pena, e mesmo assim com muito esforço, é a trama dos nerds que descobrem um novo mundo ao serem confundidos com executivos. Mario Revolori e Jacob McCarthy são ótimos atores e formaram uma boa dupla. Mesmo assim, a trama exagera no humor “pastel” em alguns momentos, caindo no máximo do clichê. Uma pena.
Sem compromisso
Talvez, Nosso Último Verão compense para quem queira ver algo descompromissado. Aquele típico título que acaba sendo reproduzido por simplesmente não encontrar nada melhor no catálogo. O filme pode até ser um atrativo para quem já é fã de Apa, Mitchell e Posey. Mas talvez, até os adoradores mais ferrenhos não gostem de suas participações no longa.
Nossa dica? Busquem no catálogo os filmes que inspiraram essa tentativa fracassada de tocar em questões importantes para os adolescentes. Certamente, o tempo será melhor gasto.