Crítica: Outer Banks, nova série da Netflix, tem mistério com ‘vibe’ The OC
Crítica da primeira temporada da série Outer Banks, com dez episódios, série original da Netflix com gênero adolescente. Sem Spoilers.
Nova série adolescente da Netflix bebe na fonte de outras produções Outer Banks
Outer Banks chegou à Netflix, e a produção reflete com toda certeza a proposta da plataforma em investir nas tramas adolescentes. Após criar sucessos como Stranger Things, Sex Education e 13 Reasons Why, a gigante do streaming busca satisfazer este mesmo público ao trazer Outer Banks para o seu catálogo.
A trama chega a ser simplória, ao utilizar elementos de mistérios para contar uma história de investigação – com adolescentes. Mas é ao fazer referências a produções nostálgicas como Dawson’s Creek e The OC que esta nova série pode te cativar.
Outer Banks não tem nada de novo
Se você busca originalidade, sinto muito. Outer Banks – assim como muitas produções atuais da Netflix – preferem utilizar uma fórmula de bolo para tentar fisgar o espectador do começo ao fim. Pode funcionar com grande parte do público, o que é a intenção, mas os mais exigentes poderão ver uma trama boba, sem muito acréscimo ao gênero adolescente e, ainda, com um texto simplório e bobinho.
Mas não devemos ser tão exigentes nestes tempos de quarentena. Se a função é sentar no sofá e esquecer do tempo, assistindo uma série sem muito compromisso, Outer Banks pode ser a escolhe perfeita.
Caça ao tesouro
A história se passa nos Outer Banks da Carolina do Norte e destaca uma narrativa de guerra de classes e caça ao tesouro – nem sempre nessa ordem.
Lá, conhecemos os Pogues, que vivem em uma ilha onde é bastante claro quem tem e quem não tem dinheiro. John B (Chase Stokes) é o que nos conta essa história, explicando que é o filho de um desaparecido e obcecado investigador que estava em busca do Royal Merchant, um navio que desapareceu em 1829, mas que poderia ter naufragado com US$ 400 milhões em ouro britânico.
Apesar de John B ser sozinho no mundo ele conta com a ajuda dos amigos, incluindo J.J. (Rudy Pankow), o filho problemático de um bêbado abusivo; Pope (Jonathan Daviss), o garoto supostamente inteligente que nunca faz nada inteligente em toda a série; e Kiara (Madison Bailey), que é a mais economicamente confortável do grupo.
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O restante do núcleo da série passa a ser totalmente desprezível quando não demos nem o trabalho de ficar gravando muito seus nomes. Há uma ex-melhor amiga, Sarah Cameron (Madelyn Cline), que teve um envolvimento com John B e, aparentemente é ex-amiga de Kiara. Mas ei, é uma série adolescente e precisamos de antagonistas. Até uma versão de Johnny Lawrence de Karatê Kid se personifica no playboy Topper (Austin North).
Aliás, preciso dizer que no primeiro episódio temos uma festa na praia que nada descaradamente nos filmes dos anos 1980, com copinhos descartáveis, fogueira e claro… briga entre núcleos. Só faltou ouvirmos, literalmente, “Os Pogues nunca morrem!“. Goonies é você?
Mistério desperta atenção, mas a narrativa cansa em Outer Banks
Tirando essas questões que no final nem incomodam tanto, vemos John B encontrarem várias pistas que estão relacionadas ao desaparecimento de seu pai. E as pistas, inclusive, podem levar ao navio naufragado – e consequentemente, no tesouro escondido. Claro que os protagonistas passam grande parte dos episódios gastando energia fugindo de traficantes que também estão atrás do tesouro. Mas tudo isso deixa a série bem charmosinha.
Além disso, preciso dizer que a vibe The OC predomina bastante, com o sol em destaque e adolescentes descamisados. Mas o que chama mesmo atenção é toda atmosfera oitentista – por ter poucos celulares e computadores, você facilmente pode acreditar que essa história se passa em 1984 (apesar de ser nos tempos atuais).
Só que no fim das contas, analisando tecnicamente, você não sabe quanto tempo se passou. Pode ter sido quatro dias ou quatro meses – e este, sem dúvidas, é um problema da narrativa. Algumas cenas, que se arrastam por dez a quinze minutos poderiam ser condensadas facilmente em takes de cinco minutos. Mas eu não estou com pressa de assistir, então tudo bem.
Vale ressaltar que ao longo dos dez episódios, muitas tramas e núcleos são esquecidos – como é o caso dos personagens secundários que citei acima e que você provavelmente já esqueceu os nomes. Outra coisa que pode cansar: o filtro laranja que parece predominar até mesmo nas cenas noturnas. Isso tudo é vontade de mostrar que estamos em lugar que realmente tem sol? São pequenas coisinhas que podem passar despercebidas, se analisadas isoladamente. Mas juntas, atrapalham o espectador a definir que tipo de identidade a série quer passar.
Ela tem adolescentes consumindo álcool, drogas, mas ao mesmo tempo entrega um ar puritano. De qualquer forma, dá para passar o tempo. Só cuidado para não frustrar. Outer Banks é o tipo de série que se inspira, mas vai passar longe de ter a relevância e o apelo das produções oitentistas e noventistas que ela tenta ao máximo se espelhar.
A primeira temporada, com dez episódios, já está disponível na Netflix.
https://www.youtube.com/watch?v=n-I_RcOxhas