Crítica: Ozark brilha com 4ª temporada Parte 1 e prepara final
Ozark retornou para temporada final, e primeira parte entrega episódios eletrizantes que faz espectador ansiar por mais.
Quando Ozark estreou em 2017, ela foi erroneamente vendida – ou comparada – como a “Breaking Bad da Netflix”. O motivo? Porque ela tinha tudo para ser bem mais que isso.
Na história da primeira temporada, conhecemos Marty Byrde, quem o incrível Jason Bateman interpreta. Uma espécie de contador que descobre que o sócio está roubando de um cliente, que não para menos era um quartel mexicano. Depois que o sócio morre, Marty fica em uma sinuca de bico (afinal, ele seria o próximo). Então, é aí que ele oferece uma jogada. Mesmo que não soubesse de tudo o que estava acontecendo, o contador convence o quartel de que seria capaz de lavar muito mais dinheiro para eles.
Então, Marty se muda com a família da noite para o dia para os lagos de Ozarks, no Missouri e, então, lá começa a estabelecer relações, comprar negócios à base de dinheiro vivo, que não dê na cara.
Desde esse ponto, Ozark evoluiu, chegando à uma quarta temporada empolgante e que mudou bastante o cenário que Marty achou que dominada.
Ozark supera as expectativas de ser a Breaking Bad da Netflix
Então, voltemos ao tópico de ser a “Breaking Bad da Netflix”. Pois bem. Acredito que esse tópico não combina com a série. Como dito no início, a Netflix até que surfou na onda e gostou que os fãs a comparassem dessa forma. Mas o projeto foi tão original a ponto de Bateman, que também produz e dirige diversos episódios, conseguir entregar uma identidade própria para a série.
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O Marty Byrde de Ozark em nada se compara ao Walter White de Breaking Bad. Enquanto o da Netflix é até “humilde” em seu próprio quadrado, White se afoga num ego que lhe custa tudo ao longo da popular série.
Em Ozark, Marty quer apenas o reconhecimento da família, a esposa Wendy, que a magnífica Laura Linney interpreta, e dos filhos, Charlotte e Jonah. Vale ressaltar que o relacionamento de Marty e Wendy estava fracassado, no início da série, quando ele descobre que ela o traía. Mas o esquema da lavagem de dinheiro acaba inserindo Wendy neste mundo que, em certo ponto de Ozark, ela até assume mais o protagonismo do que o próprio Marty. É um equilíbrio que o texto de Ozark fornece, em que Marty e Wendy são tão essenciais para a roda girar, sem que um ultrapasse o outro.
Temporada final brilha e vale a pena
A Netflix sabiamente dividiu a temporada final de Ozark em duas partes de 7 episódios. Assim, os fãs poderão comentar e analisar cada momento, antes que o destino destes personagens se defina.
Acredito que será mais prazeroso comentar a parte final com spoilers, mas essa primeira parte dá a impressão de que Ozark é escrita de forma calma, sábia, com a extrema capacidade de saber que algo muito inteligente está sendo desenhado.
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Ozark não precisa de grandes explosões ou cenas intensas para prender o espectador. Mas, sim, de reviravoltas sutis que combinam com os aspectos de cada um dos protagonistas.
Na Parte 1 da 4ª temporada, Marty e Wendy estão lidando com o fato de que Helen, a advogada do quartel, foi morta. E isso significa que qualquer um é dispensável. Então, eles precisam correr contra o tempo para satisfazer o líder Navarro, enquanto Marty acredita que a melhor situação seja mesmo acertar um acordo com o FBI. A surpresa vem quando o próprio Navarro quer entrar no esquema com os agentes federais, para se ver livre dos crimes. Mas um sobrinho completamente lunático, interpretado pelo ex-RBD Alfonso Herrera, entra em cena e ameaça tudo.
Todos ganham tempo para fazer o melhor
O mais legal de Ozark é que a série não coloca seus protagonistas ou coadjuvantes para brigarem por tempo de tela. Todos, sem exceção, ganham tempo de execução equilibrado, perfeito para que seus personagens brilhem na medida certa e que a trama precisa.
Julia Garner é um grande exemplo. E mesmo que sua personagem Ruth esteja em pé de guerra com Marty nessa temporada, ela ainda está ali, mais próxima dele do que nunca. É quase que uma relação de codependência que leva Garner a ter o seu melhor momento no sétimo episódio (o último dessa leva), quando ela descobre a reviravolta que surpreende todos os espectadores.
O mesmo pode-se dizer de Darlene (Lisa Emery), a advogada Maya (Jessica Frances Dukes) ou Wyatt (Charlie Tahan). Darlene, que não desiste do seu império das drogas, aliás, tem grandes momentos nessa temporada. E, na corda bamba em que fica com o quartel em que Marty trabalha, ela alcança ótimas cenas que podem lhe render uma merecida indicação ao Emmy.
Ao final da leva, assim, Ozark deixa os fãs com um sentimento misto. Ora você quer saber o que vai acontecer no desfecho dos personagens. Ora você quer que a temporada demore a estrear novos episódios. Porque uma coisa é certa: Ozark vai fazer muita falta.
Nota: 5/5