Crítica: Pachinko, série do Apple TV+, é um belíssimo épico familiar
Pachinko é um dos projetos mais lindos e corajosos do último ano. Drama histórico e romântico, épico familiar é imperdível.
Quando uma série é realmente boa precisamos apenas de alguns minutos em seu piloto para percebermos sua qualidade. Enquanto alguns programas precisam de alguns capítulos para se mostrar, outras surpreendem pela rapidez com que conquistam. Pachinko, da Apple TV+, é daquelas que fisgam já nos primeiros minutos com seu épico familiar que cruza as décadas. Baseada no romance homônimo de Min Jin Lee, a série já é um sucesso de público e crítica e está renovada para o segundo ano.
Pachinko conta a saga da família de Sunja. Ela é uma jovem que vive em uma vila de pescadores na Coréia. Alheia a tudo que acontece no mundo, a adolescente cai facilmente nas graças de Koh Hansu, um misterioso empresário.
Ao ficar grávida, Sunja e sua família temem cair em desgraça. Assim, Sunja acaba se casando com outro homem, um ministro que a leva para o Japão, longe dos olhares curiosos da vila. Lá, ela percebe que a vida dos coreanos no Japão não é fácil. E vemos as dificuldades enfrentadas pela jovem e sua família.
Pachinko entra para a lista das melhores séries do ano
Mas esta é a ponta do iceberg. Pachinko ainda acompanha os filhos já crescidos de Sunja, bem como os filhos dos filhos. Num elegante e emocionante panorama, vemos a história da família se desenrolar e se misturar à história da própria Coréia e do Japão. O Pachinko do título, aliás, diz respeito às casas de jogos ilegais, geralmente comandadas por coreanos, que tentavam a sorte em um Japão nada amistoso. Além disso, um dos filhos de Sunja apela ao Pachinko para conseguir viver e sentir-se minimamente humano.
Leia também: As 7 melhores séries de investigação criminal na Netflix
Nessas idas e vindas no tempo e no espaço, Pachinko atravessa países, décadas e idiomas. Trata-se, portanto, de um dos projetos mais corajosos dos últimos anos, pois é um produto falado em coreano, japonês e inglês e com alto custo de produção. Pachinko é, de certa forma, a série mais “HBO” que a HBO jamais produziu. É louvável, então, a decisão da Apple em financiar e renovar um projeto belíssimo e arriscado como este.
A plataforma, aliás, merece aplausos por aprovar tantos bons programas em pouco tempo (Pachinko, Ruptura, Shining Girls) e permitir que estes cresçam, mesmo que a audiência não chegue em um primeiro momento.
Roteiro e elenco garantem belo e emocionante drama
Na direção dos primeiros episódios temos Kogonada, cineasta que começou na internet criando vídeos-ensaios que destrinchavam técnicas e estilos em filmes consagrados. Kogonada virou diretor com o belo Columbus e recentemente lançou After Yang. Sua abordagem é rica em visual e narrativa, e poucos conseguiram um trabalho tão humano e observacional como ele.
O diretor apela aos silêncios e permite que seus personagens cresçam organicamente. Criando pessoas tridimensionais, Pachinko jamais confunde, apesar dos vários nomes e lugares.
Leia também: Pachinko, tudo sobre a série do Apple TV+: história e mais
Desta forma, créditos devem ser dados ao roteiro comandado por Soo Hugh, que já tem experiência com TV através de The Killing, The Terror e outras. Hugh destrincha o livro e altera sua cronologia para deixar a tapeçaria narrativa ainda mais enjambrada. O resultado é belíssimo e as rimas entre as linhas do tempo enriquecem a série. Para completar, o texto encontra a harmonia perfeita entre os personagens, desenvolvendo-os com calma e detalhes.
De encher os olhos, Pachinko ainda tem uma direção de arte e fotografia impecáveis. Além disso, o elenco é um dos melhores reunidos este ano, e cada ator brilha com intensidade impar. Em conjunto, o elenco forma um dos times mais sólidos da TV.
A série é, então, mais uma pérola da cultura sul-coreana que tem conquistado o mundo. Ao lado de Round 6, enfim, deve fazer bonito no Emmy. Do lado de cá, temos certeza que acompanhamos uma das melhores séries do ano!
Ah, e a abertura é fantástica, tal qual a série em si.
Nota: 5/5