Crítica: Personagens são expostos com coesão no 1×03 de Sharp Objects
Review do terceiro episódio, da primeira temporada de Sharp Objects, intitulado "Fix".
História avança de forma devagar…
Sharp Objects retornou para mais um episódio e continua conduzindo bem suas tramas. Entretanto, para quem não leu o romance de Gillian Flynn, a série pode parecer parada em alguns pontos. Prova disso é que alguns traços das histórias não parecem claros somente para quem está acompanhado a série, e assim a trama soa como arrastada.
De qualquer forma, eu creio que quem chegou até aqui tenha se envolvido de alguma forma com os personagens – ou pelo menos com a protagonista vivida por Amy Adams, e certamente irão até o final para descobrir quem é o verdadeiro assassino das garotas.
A verdadeira Amma está entre nós!
Uma das coisas que mais gostei neste episódio foi o fato de explorarem Amma de forma devidamente adequada. Se algo que estava apenas implícito no primeiro e segundo episódios, neste terceiro sua verdadeira face apareceu. A irmã de Camille mostrou para sua irmã que ela não é nada santinha, e o público teve a certeza de que existe duas meninas: a que vive dentro de casa, sob as regras de Adora, e a que vive na rua sob o reflexo da irmã mais velha.
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Quando Adora diz à Amma para ficar longe de Camille e que ela não é um espelho em quem se basear, expressa-se o medo que a mãe tem de ver o que mais odeia na filha mais velha em sua caçula. A super proteção é, de certa forma, curiosa, e coloca Amma no meio de um fogo cruzado.
Achei interessante também a forma como mostraram Amma provocativa. Ela consegue tirar a todos do sério, até mesmo Camille. A cena em que a garota confronta sua irmã e Richard no parque é, no mínimo, curiosa. Todavia, é aquela garota que temos que ter em mente pelo resto da série, uma vez que esse comportamento não deve ter sido inserido de forma aleatória.
As investigações continuam!
Camille e Richard parecem caminharem na mesma direção, porém por caminhos diferentes. O que fica claro é que o policial não confia mais na repórter, e quer manter qualquer informação em sigilo. Ele tem convicção de que foi alguém da cidade que matou as meninas, e pode estar disposto a provar isso para todos.
A jornalista, por outro lado, segue investigando John Keene, irmão de Natalie. Ao meu ver, Camille sabe que não foi ele. Mas ela precisa investir nesta peça que pode ser fundamental para a revelação do assassino. Ela continua batendo na tecla que uma testemunha viu uma mulher raptando a garotinha, e se aproximar de John pode ser o único jeito de conseguir mostrar que não fora ele o assassino.
Mas, se não foi ele, quem foi? As peças começam a ser jogadas na mesa, mas o quebra-cabeça ainda está longe de ser montado. Temos apenas um suspeito oficialmente, só que não é nada convincente.
De quebra, no meio das investigações de Camille, quando ela conversava novamente com Bob Nash, ela se depara com uma Adora histérica que a interrompe. Então ela fica sabendo ainda mais do envolvimento de sua mãe com as garotinhas. Que mulher mais arrogante! Dá um pouco de nojo ver a forma como ela trata aqueles à sua volta, e o repúdio que ela tem com a filha. Não me estranha ao estado que chegou Camille, em se mutilar.
Falando em mutilação…
Finalmente tivemos um pouco mais de envolvimento com o passado de Camille, embora os flashbacks não tenham deixado claro quando ou como isso se passou na vida da jornalista.
O que mostra é que ela acabou se cortando, algumas vezes, e isso a fez ser internada. Ao que parece, aquela foi sua última internação, antes de ser liberada e ir para Wind Gap. Tudo parece muito claro na mente dela. Ela se aproximou de uma “colega de quarto”, que estava ali pelo mesmo problema, mas o seu final não é muito gratificante.
Logo após a garota questiona-la se, em algum ponto, a família para de ser um problema na vida da pessoal, friamente Camille responde que não. E ao tentar desabafar uma vida em desgraça que ela carregava, a jornalista acabou incentivando a garota a se matar – mesmo que sem saber.
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Percebam como a morte ronda a vida de Camille o tempo todo. Seja a irmã, quando mais nova, a colega de quarto na reabilitação, ou as garota de Wind Gap que viraram tema de seu trabalho. Morbidez, sem dúvida, é o sinônimo para seu estado de espírito.
E aonde essa história vai parar?
Sem ser tendencioso por ter lido o livro, ou coisa parecida, me parece claro que John Keene não é o assassino. Ele é apenas uma peça jogada pela trama para distrair o leitor – ou confundir aqueles que estão investigando.
Tanto Richard quanto Camille parecem não comprar essa história, e basta saber como eles avançarão com suas pesquisas a partir daqui. Talvez fosse melhor eles unirem forças, ao invés de ficar criando conflitos entre si. Mas as vezes a solução está sempre na nossa frente e apenas não enxergamos.
Sharp Objects continua incitando a curiosidade do espectador, e estou ansioso para ver como serão os próximos episódios. Com um saldo positivo, estou gostando de como a série está sendo adaptada.
E vocês?