Crítica: Série HEBE mostra lado jamais visto da apresentadora
Crítica da série Hebe, produzida para a plataforma de streaming do Globoplay, e atualmente sendo exibida pela Rede Globo.
Série sobre apresentadora está sendo exibida na Globo
Estreou no último dia 30 a série HEBE, na Rede Globo. A produção traz a trajetória de Hebe Camargo desde quando iniciou a carreira como cantora, até tornar-se a maior apresentadora de TV do Brasil. Estreada inicialmente para a plataforma Globoplay em dezembro, a atração é uma versão mais completa do filme Hebe – A Estrela do Brasil, lançada meses antes.
O começo difícil
Um dos destaques da produção foi a mesclagem de tempo, intercalando várias fases da apresentadoras. Uma delas foi sua origem. Nascida em Taubaté, interior de São Paulo, Hebe veio de família humilde. Para ajudar no sustento da casa, começou a trabalhar de empregada doméstica para ajudar em casa, entretanto ainda adolescente já mostrou que tinha personalidade forte.
A beldade, apesar do carisma ímpar, era dona de um gênio temperamental. Contudo isso acabou muitas vezes vindo a seu favor, como o fato de correr atrás dos seus sonhos. Mesmo sendo menor de idade, ela não se intimou em tentar ser cantora. Aos poucos ela foi construindo seu nome, cantando em boate, e conseguindo dar uma condição de vida menos sufocante aos pais. Hebe foi conquistando sua ascensão, até vencer uma competição de rádio. Mesmo enfrentando repúdios e preconceitos, ela foi construindo seu nome, até ser convidada para ser apresentadora de TV, quando o aparelho chega ao Brasil. Uma coisa que eu não sabia, é que ela não foi tão bem assim no começo em frente as telas.
Relacionamentos conturbados
A vida amorosa de Hebe nunca foi nada fácil, porém ela jamais desistiu de correr atrás de alguém para lhe fazer feliz. Apesar de independente, dona de si e frente ao seu tempo, ela sempre foi uma mulher romântica, que acreditava no amor.
Contudo suas escolhas amorosas nem sempre foram tão bem assim, mas quem nunca, não é mesmo? Na juventude se relacionou com Luís Ramos, um homem casado com a falsa promessa que se separaria da esposa. Nesse relacionamento Hebe acabou engravidando, porém abortando. Apesar disso ser algo chocante para época – aliás até hoje -, mais uma vez ela mostrou-se frente ao seu tempo.
Anos depois, quando já tinha se consagrado como apresentadora de TV, a beldade acabou se casando com Décio Capuano. A relação, entretanto, não foi tão sadia assim. O rapaz não gostava do sucesso que ela vinha fazendo e, após o nascimento do filho, ele exigiu que a esposa largasse a profissão. Hebe ficou aproximadamente um ano fora do ar. Anos após um relacionamento onde o machismo prevalecia de forma gritante, a apresentadora se divorciou de Décio. Pouco tempo depois ela conheceu o empresário Lélio Ravagnani, com quem foi casada por quase 30 anos.
Por aqui as coisas foram mais complicadas, uma vez que o relacionamento cheio de altos e baixos foi marcado por diversos momentos abusivos. Lélio tinha grande ciúme de Hebe, portanto não gostava de ver a esposa tão entrosada principalmente com convidados homens. Nesse casamento, a apresentadora passou por momentos delicados, chegando a sofrer agressão do marido. Hebe e Lélio chegaram a se separar por conta do temperamento explosivo do rapaz, mas acabaram se reconciliando e ficando juntos até o falecimento dele, em 2000.
A ascensão na TV
Tratando-se sobre a rainha da TV brasileira nada mais justo que abordar sua trajetória em frente às câmeras, não é mesmo? Acompanhamos, mesmo que de forma rasa, suas passagens na TV Tupi e na Rede Record. Claro que os destaques foram quando ela esteve contratada na Band e SBT. Em todos os canais, Hebe enfrentou diversos obstáculos, no entanto nunca deixou se abalar com isso. Ao meu ver, isso são outros fatores cruciais que a fez chegar no patamar que a consagrou nacionalmente.
Ela usou do seu microfone como ferramenta para expor seu ponto de vista e escancarar várias coisas erradas no país em épocas distintas. Isso quase a prejudicou? Certamente, ainda mais em tempos de ditadura e censura, mas ainda assim nunca se calou. Em tempos como estamos atualmente, esse é um dos momentos que ela mais faz falta entre nós.
Felizmente não foi mostrado o período em que ela passou pela Rede TV!, entre 2011 e 2012. Na época, Hebe já estava debilitada por conta do câncer, mas suas relações com Silvio Santos já encontravam-se insustentáveis no SBT. Em contrapartida, talvez teria sido interessante mostrar o momento em que ela saiu da emissora onde fez parte por mais de vinte anos, e até mesmo a negociação que ela teve com Silvio dias antes de morrer, garantindo seu retorno ao canal.
Hebe família e amiga
Que Hebe era uma pessoa extremamente querida isso é algo incontestável, e isso foi nítido desde a juventude. Fiquei encantado com o amor incondicional que ela tinha por seu pai, e é claro o carinho imenso pela mãe. Outro lado dela impressionante foi de mãe, onde seu relacionamento com o filho Marcello superou quaisquer significados para a palavra amor. É claro que não posso deixar de citar os laços dela com o sobrinho, Cláudio Pessutti. A relação deles ia além do familiar, uma vez que o rapaz foi empresário da própria tia até o fim de sua vida.
A Hebe amiga também foi mostrado, no entanto não da forma como imaginei. Quem conhece a trajetória da apresentadora, sabe de sua inseparável amizade com as atrizes Nair Bello e Lolita Rodrigues, entretanto achei a abordagem da relação do trio muito rasa.
O trio passou por tanta coisa juntas, que merecia sim um destaque melhor. Como não se lembrar da icônica participação delas no programa de Jô Soares, em 2000. Vacilo legal!
No entanto vimos muito o entrosamento de Hebe com Carlucho, seu cabeleireiro. Os dois tinham um relacionamento de cumplicidade, misturado com profissionalismo. O rapaz veio a falecer e sua morte, assim como a homenagem feita pela apresentadora, foi um dos momentos mais tristes da série.
Câncer e morte
Após ter explorado várias camadas de Hebe, tanto na vida profissional, quanto na pessoal, a reta final da série abordou um dos momentos mais delicados de sua vida. No começo de 2010, ela foi diagnosticada com câncer de peritônio, e confesso que quando a história chegou nessa parte meu coração partiu profundamente.
Sua luta para vencer a doença parou o país, e sua garra e força de viver comoveu muita gente. A reta final de sua vida foi abordada sem muito sensacionalismo, tampouco dramalhões, e sinceramente achei espetacular. Mesmo assim foi triste demais acompanhar seus últimos momentos, no entanto a morte foi mostrada de forma peculiar, numa cena muito bonita, que não quero entrar em detalhes para não exagerar nos spoilers, e muito menos me emocionar novamente.
Hebe soube entregar um material de qualidade, mesmo com alguns episódios apresentando certos deslizes. Mesmo assim o legado da rainha da TV foi apresentado de forma magistral!
Andréa Beltrão fez um trabalho único e espetacular, mesmo não tendo tanta semelhança física com a apresentadora, porém isso não a impediu de entregar um dos melhores papéis de sua carreira. Valentina Herszage também foi um caso a parte, interpretando a versão jovem de Hebe. Que desempenho essas duas tiveram, parabéns!
Portanto não se esqueçam, a série está sendo exibida todas as quintas-feiras na Rede Globo, mas ela já está completa no Globoplay.
E você, gostou da série? Deixe nos comentários e, igualmente, continue acompanhando as novidades do mundo das séries aqui no Mix de Séries.