Crítica: The Mandalorian, 3ª temporada tem bons momentos, mas é a mais fraca da série

The Mandalorian chega em sua 3ª temporada com uma difícil missão. Cenário de Star Wars mudou e agora tudo é mais difícil.

The Mandalorian

A HBO tem um selo de qualidade. É por isso, por exemplo, que a chefia do canal quis retirar o nome da empresa da plataforma de streaming. O que era HBO Max se tornará apenas “Max”, retirando, então, o peso das costas da Home Box Office.

A alteração se dá, também, porque a plataforma estava manchando a imagem imaculada do canal. Muitos estavam associando séries ruins e produtos duvidosos à marca. Mas o que The Mandalorian tem a ver com a HBO?

A Lucas Film, em parceria com a Disney, cometeram seu maior equívoco ao não estabelecer um selo de qualidade para a franquia Star Wars. Diferente da HBO, que cancelou um derivado inteiro de Game of Thrones por não atender aos padrões de qualidade, a Disney tocou e lançou produtos duvidosos inspirados na criação de George Lucas.

O resultado é uma visível fadiga das narrativas e personagens da saudosa Guerra nas Estrelas.

Franquia se auto sabotou – e The Mandalorian se prejudica com isso

Quando The Mandalorian surgiu, Star Wars ainda engatinhava no campo das séries live-action. Embora já dominasse a arte das animações – e dos livros, brinquedos, etc. -, a franquia ainda não havia abraçado os programas com personagens de carne e osso.

Foi com alívio, portanto, que constatamos uma qualidade inquestionável no projeto de Jon Favreau. Afinal, The Mandalorian conseguiu se esquivar dos problemas oriundos da última trilogia de filmes e criou um sólido caminho para si.

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O problema é que, a partir daí, os estúdios resolveram arquitetar vários outros projetos. Para isso, reviraram as gavetas para readequar antigos projetos ao formato televisivo. Eis o primeiro erro: algumas série de Star Wars não nasceram como séries. Elas foram planejadas em outros esquemas e, então, adaptados ao modelo televisivo.

Tanto O Livro de Boba Fett quanto Kenobi, por exemplo, aventaram a possibilidade chegar ao Cinema. Depois de fracassarem e serem cancelados neste meio, estes projetos migraram para a TV.

Star Wars se encontra em um cenário totalmente diferente

E os problemas são evidentes. Obi-Wan Kenobi, em especial, visivelmente sofre com a falta de narrativa suficiente para preencher quase 10 horas de conteúdo. O que se vê é um programa enfadonho, desinteressante e que mancha uma parte da mitologia que ainda era boa.

Isso porque, ainda que se critique a trilogia dos anos 2000, os filmes fizeram um bom trabalho ao estabelecer as versões jovens de Anakin, Kenobi e o nascimento de Darth Vader. A série de Obi-Wan, entretanto, traz momentos vergonhosos dos personagens, algo que enfraquece a franquia como um todo.

Andor, embora tenha feito sucesso de crítica, é uma série que teve certa dificuldade em criar vínculos com o público. Com ritmo particular, a série com Diego Luna se sai bem, mas não ajuda a eliminar a fadiga da franquia.

A 3ª temporada de The Mandalorian, portanto, chega durante um cenário bem diferente daquele que encontrou em seu primeiro ano. Lá, os fãs ainda estava receptivos aos novos projetos. Agora, muitos estão calejados dos golpes que o estúdio disfere no público.

A série, então, precisa dar passos maiores para agradar, mas acaba falhando justamente por isso. É, ao esquecer as origens mais simples – e se importando demais com o macro da mitologia -, que The Mandalorian entrega sua temporada mais frágil.

Escopo de The Mandalorian aumenta, mas interesse diminui

Um dos principais equívocos é diminuir a presença e a importância do Mandaloriano em meio às gigantes intrigas da galáxia. Não que Bo Katan não seja uma ótima personagem. Ela não é o problema. O empecilho aqui é ter que se preocupar em criar elos e referências a outros momentos da franquia, elaborando pontes e sugestões a outros capítulos da saga.

A série The Mandalorian perde, então, a vibe de aventura descompromissada de Djarin e Grogu. O que era uma série só deles vira uma parte pequena dentro de um quebra-cabeças maior, onde Mando e Baby Yoda são coadjuvantes da própria aventura.

Ainda assim, a 3ª temporada tem ótimos momentos. A série ainda sabe como entregar boas referências e jamais falha em conceber sequências de ação e imagens memoráveis.

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Neste sentido, tecnicamente The Mandalorian não perde em nada se comparada às temporadas anteriores. O programa segue estonteante, e Grogu permanece uma fofura inquestionável. É uma pena que não vejamos Mando sem o capacete.

Ao não mostrar o rosto, o personagem acaba ficando inevitavelmente mais distante do público. Além disso, ficamos com a sensação de que nunca é Pedro Pascal sob o manto do mandaloriano, mas qualquer outro dublê.

Encerrando a temporada com uma promessa de retorno às origens, The Mandalorian e seus criadores parecem ter descoberto a tempo que é preciso retroceder e diminuir o escopo. Às vezes é melhor ver a dupla se encrencando com o xerife de uma cidadezinha do que se envolvendo com os grandes chefões do crime.

Nota: 3,5/5

Sobre o autor
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Matheus Pereira

Jornalista, curioso e viciado em cultura. Escreve há quase 10 anos no Mix e Six Feet Under é sua série favorita.

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