Crítica: The Morning Show entrega “fenomenal” temporada de estreia
Crítica da primeira temporada de The Morning Show, série do Apple TV+ estrelada por Jennifer Aniston e Reese Witherspoon. Confira...
Série do Apple, The Morning Show é uma das melhores do ano
É difícil acreditar, mas The Morning Show encerrou sua primeira temporada como uma das melhores produções do ano. Dificilmente, a partir da análise dos três primeiros episódios, adivinharíamos este título. Mas acontece que a atração conseguiu se consolidar ao longo das semanas seguintes, entregando ao público uma trama sólida, que evoluiu naturalmente, e extremamente envolvente.
A já indicada ao Globo de Ouro, The Morning Show resume exatamente o que a televisão precisa neste momento, sendo um grande acerto do Apple TV. Talvez, neste momento, o novo streaming precisava de um nome de peso para se consolidar neste concorrido meio das séries de TV. Vejo que o TMS pode fazer pela Apple exatamente o que House of Cards fez pela Netflix, anos atrás. Projetar o nome da plataforma neste ponto é necessário e a trama protagonizada por Jennifer Aniston e Reese Witherspoon é o título ideal para tal função.
Montanha russa de emoções
The Morning Show começou tímida, com um roteiro confuso e sem saber muito para onde correr. Acontece que, a medida que passamos pelos episódios, entendemos que tudo fazia parte da linguagem da série, afim de entregar uma trama que fizesse o espectador se surpreender e pensar a cada final de episódio. Se no início, o tópico sobre a cultura do assédio sexual esteve em pauta (e explorada sem muitos rumos), ao final da primeira temporada temos uma ideia clara da mensagem que a série quer passar.
O significado, assim, é claro: os assédios acontecem, por muitas vezes são acobertados, e as vozes que ecoam ou tentam entregar esta cultura passaram anos sendo silenciadas – geralmente a troco de algo. E, basicamente, as vítimas acabavam aceitando essa condição porque infelizmente tais assédios aconteciam em sua maioria envolvendo algo com o campo profissional. Portanto, The Morning Show bate exatamente nesta tecla: nós vivemos em uma sociedade predominada pelo machismo, com o homem ainda tendo um poder maior que as mulheres no mercado de trabalho, achando que podem cometer assédio, sendo ocultado por bonificações, promoções de cargo, etc.
Pela altura do sétimo episódio, as coisas já estão bem delimitadas, e tudo o que espectador tem de fazer é ver o circo pegar fogo. E isso, sem dúvidas, é o ponto alto da série. As intrigas e conspirações, que nasciam a cada episódio, fizeram valer a pena a espera por cada um destes episódios. No fim das contas, The Morning Show é uma série para ser vista, refletida e propagada como necessária.
Duelo de titãs
A graça de TMS também esteve no grande duelo estabelecido pelas personagens de Jennifer Aniston e Reese Witherspoon. Por momentos, elas pareciam gladiar entre si, em uma explosão de cenas dignas de prêmios renomados. Em outros, se uniam para destrinchar a fundo um ambiente predominado por homens que ficam em busca, a todo instante, de uma nova “presa”. Essa dualidade, certamente, deu um charme a parte para a trama.
Claro que, na “briga” propriamente dita, Aniston levou vantagem ao ter os grandes momentos da trama. Em certo momento, sua personagem acabou acordando para o que estava acontecendo, culminando em uma épica cena que praticamente encerrou a temporada. Mas ver as duas, lado a lado, lutando pela mesma briga talvez tenha sido o principal troféu para os espectadores de The Morning Show. Isso acaba deixando uma dúvida sobre os rumos que a atração terá, a partir da segunda temporada: é muito improvável que Alex e Bradley continuem tendo conflitos entre si. Dessa forma, o que será a cereja do bolo da história? É uma pergunta que realmente gostaria de saber responder neste ponto.
Coadjuvantes interessantes
Coadjuvantes interessantes são necessários para fazer uma trama ser atraente e os outros personagens, que circundaram as tramas de Alex e Bradley, também são dignos de nota. Steve Carell conseguiu ser odiado como Mitch Kessler, enquanto Billy Crudup entregou sua atuação mais enigmática dando vida a Cory, o diretor de programação da emissora do Morning Show, que também estava adorando ver o circo pegar fogo.
Entre os outros nomes, Mark Duplass, Nestor Carbonell e Karen Pittman cumpriram bem suas funções. Mas Gugu Mbatha-Raw, talvez um pouco desconhecida, brilhou no papel de Hannah. Na reta final, ela conseguiu chamar atenção dos espectadores com a trama mais interessante da série.
Veredito
The Morning Show é uma grata surpresa do ano e, certamente, ganhou o título para nós de uma das melhores séries do ano. Já estamos na espera de mais episódios e indicando a série, desde já, para todo mundo.
Trazendo uma história fenomenal e necessária, o Apple TV+ chegou dando uma aula de como se fazer uma série que já pode ser considerada um trunfo na televisão norte-americana. Obrigado Apple pelos mimos!