Crítica: The Red Line começa bem, mas arrisca pouco
The Red Line faz boa mistura de gêneros em estrutura de histórias que se cruzam. Ainda assim, arrisca pouco e fica devendo um drama mais poderoso.
The Red Line cruza histórias e gêneros em drama atual
A estrutura das histórias cruzadas sempre despertou atenção da indústria e do público. Para quem produz, é desafiador e revigorante poder criar diversos personagens diferentes imersos em cenários e tramas distintas; para quem assiste, é intrigante poder assistir pessoas e histórias próximas de várias realidades. Quando Crash foi lançado e acabou vencendo o Oscar, o modelo das “vidas que se cruzam” voltaram a crescer, ressurgindo com resultados variados. Recentemente, com o sucesso de This is Us, a vibe “gente como a gente se cruzando por aí” ganhou novo fôlego, e The Red Line vem bebendo nessa fonte.
A verdade é que The Red Line tenta explorar diferentes gêneros e arquétipos em cada um de seus núcleos. Dessa forma, esta atitude acaba sendo uma das melhores qualidades da série. De um lado, há o drama pesado com toques de suspense envolvendo o policial que mata um médico negro, inocente em uma cena de crime. Do outro, há o drama familiar de uma família enfrentando uma tragédia, enquanto do outro, há uma camada de forte discurso social e político. Todas as linhas convergem em maior ou menor grau, trabalhando com ideias novas e clichês esgotados.
Em alguns momentos, a série acerta ao não escolher o caminho mais fácil
A abordagem para com o policial que matou um cidadão inocente, por exemplo, é positiva ao não pintar o sujeito como vilão. Deste modo, não é como se o policial fosse um monstro, tampouco um racista declarado. O que existe aqui, e a série se sai bem na sugestão, é a indicação do racismo velado em cada um de nós. Aquele policial pode não se declarar racista, mas os conceitos criados em seu contexto social, o preconceito institucionalizado, fizeram com que ele alvejasse um homem negro.
O roteiro também segue um bom caminho no desenvolvimento de Tia Young. Ela é a personagem que busca uma nova abordagem no atrasado e corrompido cenário político de Chicago. É dela a melhor da fala do episódio: é preciso treinar e melhorar a vida e o trabalho daqueles que já são policiais, investindo no treinamento e não na correção de serviços mal prestados.
Red Line não faz feio, mas também faz pouco para se destacar de verdade
O problema está no núcleo da família de Daniel e Jira. Por mais que Noah Wyle roube a cena com seu carisma, a trama da filha que quer descobrir a identidade da mãe biológica já foi esgotada por inúmeros filmes e séries. Desta forma, ao lado das demais tramas, a saga de Jira em busca da mãe soa deslocada e frágil. Aproximando-se do dramalhão, este é o núcleo mais básico, apesar de ser o principal.
No fim, The Red Line não faz feio, mas não consegue fugir da personalidade leve da TV aberta. Enquanto HBO, Netflix, Showtime, entre outros, arriscam histórias densas e bem amarradas, os canais abertos ainda engatinham na feitura dos dramas sérios. Ainda que funcione, The Red Line parece jogar seguro, sem arriscar ou tirar o público totalmente da sua zona de conforto. De todo modo, é um show que pode render algumas discussões interessantes a cada semana.
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