Crítica: Titãs, série da Netflix, explora o grande potencial da DC Comics
Confira a crítica de Titãs, série da DC Comics e distribuída no Brasil pela Netflix.
Titãs acerta em cheio ao explorar uma “versão adulta” da clássica equipe
Esqueça o você conhece dos atuais desenhos dos Jovens Titãs. A nova série da Netflix reimagina, em uma versão bastante adulta, a clássica equipe da DC Comics.
A série, na verdade, não é exatamente uma atração produzida pela Netflix. Apesar de ganhar título de “original”, e ser distribuída mundialmente pela Gigante do streaming, Titãs é uma série exclusiva da DC Comics. A editora, nos Estados Unidos, lançou sua própria plataforma, o DC Universe, e lá promete investir bastante em seu material. Dessa forma, Titãs é uma série produzida diretamente pela marca. E com ela, mostra todo o potencial que estes personagens tem a oferecer.
Uma série de origem
Você não precisa conhecer muito bem alguns destes personagens. Titãs se dá o trabalho de “começar do começo”, fazendo uma produção de origem para a super equipe. Obviamente, algumas coisas não são tão mastigadas. A série presume que o espectador conhece que Dick Grayson (Brenton Thwaites) é o primeiro parceiro de Batman, o Robin. É da rixa entre mestre e pupilo que vemos o personagem no ápice de sua frustração, trabalhando em Detroit mais de um ano após deixar Gotham City – e o trabalho com o Homem Morcego.
Embora Dick deixa claro que deixou seu “antigo trabalho”, por “estar se tornando o que seu antigo parceiro era”, o Robin de Titãs mostra uma violência extrema. Algo que, em certo ponto, parece incomodar Dick. É como se toda vez que ele colocasse a máscara do Robin, uma onda de brutalidade o tomasse.
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É no meio desse conflito interno que o personagem é jogado na vida de Ravena (Teagan Croft). A personagem, que parece ter algo místico dentro de si, é um grande motor para essas primeiras histórias dos Titãs. É ela que, praticamente, une o que será a futura equipe. Assim, é através dela que Robin se une à Estelar (Anna Diop) e Mutano (Ryan Potter).
Personagens cativantes
Quando disse acima que Titãs é uma série de origem, eu destaco que é uma origem para a equipe como um todo. Entretanto, muito do passado dos protagonistas é apresentado de forma nebulosa. Mesmo assim, o público se prende à suas tramas, devido a excelente e cativante personalidade apresentada por eles.
Estelar e Mutano são os casos mais explícitos. A primeira, por exemplo, não se lembra de onde veio ou qual a sua missão. Mas mesmo assim ficamos intrigados com seus poderes, suas atitudes e principalmente seu humor ácido. Já Mutano tem sua origem contada em passagens, mas é na “essência juvenil” que o seu charme floresce. De quebra, ainda vimos sua dinâmica dentro da Patrulha do Destino, em um dos episódios. A outra super equipe, aliás, ganhará uma série solo dentro da DC Comics.
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Além disso, ao longo dos episódios, outros personagens vão ganhando aparições de destaques. Entre eles, Rapina (Alan Ritchson), Columba (Minka Kelly), Donna Troy – ou Moça Maravilha (Conor Leslie) e até mesmo o segundo Robin, Jason Todd (Curran Walters), ganha um episódio todinho para ele.
Porrada e mais porrada…
Como dito, a trama da primeira temporada gira em torno da história de Ravena. Os super vilões, em suma, querem capturá-la por alguma razão – que basicamente pode ser usá-la para destruir o mundo. E nessa caçada, o que não falta são brigas bastantes explícitas.
Sangues, cortes, machucados, e até mesmo um pescoço jorrando sangue de forma explícita. Titãs não está muito preocupada em ser uma “série pesada”. Ela só quer passar, com realismo, a ideia que pretende contar. E isso, sem dúvidas, é incrível. Titãs, assim, prova que há um grande potencial nas tramas da DC Comics, que abraçam esse formato mais dark e realista. É algo que, particularmente, não consigo enxergar funcionando nas histórias da Marvel Comics, por exemplo. Dessa forma, os personagens da DC são desenhados para se encaixarem nesses conflitos, nestes dramas e, principalmente, em um mundo que abraça a escuridão.
E mesmo que a versão desta série “exagere” ou deixe “pesado demais” algumas tramas, Titãs é uma personificação viva de histórias em quadrinhos, em sua melhor forma. É como pegar uma página, de uma HQ, e vê-la transpondo-se para a vida real.
Juntos eles são Titãs!
Mas também existem os momentos de alívio. Em alguns episódios, por exemplo, a trama pode chegar a ser taxada de “parada”. Entretanto, ela se preocupa em construir bons diálogos, boas histórias e não só boas cenas de ação. Titãs contém todos os ingredientes para se construir uma excelente série de super-heróis. Aliás, não só uma produção de heróis em si, mas uma série de TV como um todo.
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Com onze episódios, Titãs é um grande acerto da DC Comics na telinha. É a prova de que o estúdio sabe produzir conteúdo de qualidade. Basta só querer – e ter pessoas empenhadas em fazê-las. É quase como o buscar dos grandes acertos de várias produções da editora, incluindo os Batman de Tim Burton ou Christopher Nolan, e até mesmo uma pitada das produções de Zack Snyder.
Ao final desta primeira temporada, temos uma equipe quase consolidada. Cada um buscando seu lugar no mundo, buscando uma jornada ou um objetivo de vida. E é nisso que a série reflete as buscas do dia-dia do espectador. É poder transformar essas buscas diárias do ser-humano em um pano de fundo para histórias de fantasia. É o descobrir que separados eles são apenas extraordinários, mas que juntos eles podem ser Titãs!