Episódio revela realidade brutal de Better Call Saul

Episódio de Better Call Saul nos relembra de algo que não podemos esquecer: este é um mundo violento e brutal, sem tempo para lágrimas.

Better Call Saul

Better Call Saul não amenizou e entregou uma morte chocante de Nacho Varga. Mas o episódio 4, entretanto, torna essa perda ainda mais brutal. Ausente durante Breaking Bad, a morte sempre esteve no caminho de Nacho. Embora sua morte possa ter sido prevista, “Rock & Hard Place” chocou o público em vários níveis. Desde o próprio Nacho puxando o gatilho, até assistir a um personagem tão grande morrer já no episódio 3.

A partida de Nacho revela uma angustiante realidade da vida do cartel. Durante todo o episódio final, há um resquício de esperança de que o gângster mais simpático de Better Call Saul possa sobreviver. Mas, em última análise, o desespero de sua situação se mostra grande demais. Após o final feliz de Jesse Pinkman em El Camino, a morte de Nacho em Better Call Saul serviu como um lembrete oportuno de que finais de contos de fadas são raros neste ramo.

Morte de Nacho nos lembra dos perigos de Better Call Saul

Tendo dado uma despedida tão contundente, Better Call Saul enfrentou uma tarefa difícil, tornando a situação de Nacho Varga ainda mais impactante. Mas o episódio 4 da 6ª temporada (“Hit & Run”) de alguma forma faz exatamente isso. O episódio se concentra em grande parte na última fase do esquema de Jimmy e Kim contra Howard. Como nenhum dos advogados conhece as notícias de Nacho ainda, há poucos motivos para discuti-lo. Mas então “Hit & Run” muda para Gus e Mike e ainda não se fala em Nacho. Gus não faz referência ao confronto da semana passada no deserto, Mike não mostra nenhum ressentimento e não há sequer uma troca entre Gus e o cartel para discutir o término das coisas.

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Esperar um funeral cheio de flores pode ter sido um pouco otimista, mas a completa falta de conversa sobre Nacho logo após sua morte é simplesmente assustadora. Raramente a morte de um personagem importante passa totalmente despercebida no capítulo seguinte. Três anos depois, e a Marvel ainda não se cala sobre Tony Stark, por exemplo. Ao ignorar Nacho em seu episódio pós-morte, Better Call Saul envia uma mensagem importante sobre a brutalidade de seu mundo e os personagens dentro dele. 

Better Call Saul

Episódio traz novo peso aos acontecimentos da série

O corpo de Nacho mal esfriou, e já é como se ele nunca tivesse existido. O cartel seguiu em frente; Nacho foi apenas mais uma vítima trágica rapidamente esquecida, e mesmo aqueles que se importam em se lembrar dele (ou seja, Mike) sabem melhor do que expressar esses sentimentos. É duro, mas é a realidade, e há uma chance real de Nacho não ser mencionado novamente antes que Better Call Saul termine. Aquele tiro seria uma palavra final apropriada.

Omitir todas as menções a Nacho de “Hit & Run” fortalece o significado por trás de sua morte muito melhor do que se o episódio tivesse abordado o assunto. Apresentando o funeral de Nacho, por exemplo, daria ao personagem de Michael Mando uma sensação de encerramento, traindo a frieza da vida do cartel no mundo de Better Call Saul. Mesmo apenas Gus Fring admitindo que Nacho lhe causou uma séria dor de cabeça faria com que sua morte parecesse um grande problema para o cartel, em vez de apenas mais um dia banal de trabalho.

Sobre o autor

Matheus Pereira

Coordenação editorial

Matheus Pereira é Jornalista e mora em Pelotas, no Rio Grande do Sul. Depois de quase seguir carreira na Arquitetura, enveredou para o campo da Comunicação, pelo qual sempre nutriu grande paixão. Escritor assíduo na época dos blogs, Matheus desenvolveu seus textos e conhecimentos em Cinema e TV numa experiência que já soma quase 15 anos. Destes, quase dez são dedicados ao Mix de Séries. No Mix, onde é redator desde 2014, já escreveu inúmeras resenhas, notícias, criou e desenvolveu colunas e aperfeiçoou seus conhecimentos televisivos. Sempre versando pelo senso crítico e pela riqueza da informação, já cobriu eventos, acompanha premiações, as notícias mais quentes e joga luz em nomes e produções que muitas vezes estão fora dos grandes holofotes. Além disso, trabalha há mais de dez anos no campo da comunicação e marketing educacional, sendo assessor de imprensa e publicidade em grandes escolas e instituições de ensino. Assim, se divide entre dois pilares que representam a sua carreira: de um lado, a educação; de outro, as séries de TV e o Cinema.