Euphoria: 3ª temporada cancelada é a melhor notícia possível

Euphoria foi adiada pela HBO por tempo indeterminado. Apesar da tristeza dos fãs, a notícia pode ser a melhor coisa para todos os envolvidos.

Euphoria

“Euphoria” entra na galeria de séries já renovadas que são canceladas/suspensas/adiadas. É um fenômeno menos raro do que se pensa e, no caso da série, totalmente compreensível. Isso porque o programa de Sam Levinson encontrou problemas cada vez maiores desde que a 2ª temporada aportou na HBO há alguns anos.

Mas por que o adiamento/suspensão de uma série tão popular e vencedora de prêmios pode ser algo positivo?

A HBO sai ganhando

Apesar da popularidade inquestionável, “Euphoria” sempre pareceu pertencer a um “segundo time” da HBO. Canal responsável por “The Sopranos”, “The Wire” e “A Sete Palmos”, a HBO sempre prezou por qualidade, por um selo próprio que o estabelecesse como o melhor canal da TV. Não é à toa, portanto, que o slogan da emissora tenha sido, por muitos anos “não é TV, é HBO”.

A empresa, então, sempre se enxergou como algo elevado, de requinte e precisão artística. Depois de ser a precursora de uma autodeclarada “Era de Ouro” da TV, a HBO afrouxou o nó e se permitiu experimentar. Com isso, vieram alguns tropeços na audiência e na recepção crítica. Nesta perspectiva, “Euphoria” é o que podemos chamar de “série da CW produzida pela HBO”.

Nos últimos anos, porém, o canal tem tentado se reestabelecer como referência na produção televisiva. Depois de engatilhar sucessos consecutivos como “House of the Dragon”, “Succession” e “The Last of Us”, a HBO começa a rever o próprio streaming, cancelando filmes e séries já encomendados ou produzidos. Além de uma estratégia financeira, havia um claro intuito de “limpeza” de imagem. Logo, a maioria das séries que foram um “fiasco” de crítica ou audiência foi simplesmente apagada do catálogo.

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“Euphoria”, então, começava a entrar em um grupo preocupante para a HBO: além de ser uma dor de cabeça orçamentária e logística, a produção estava a beira de se tornar um total embaraço artístico.

Até Sam Levinson sai ganhando

O embaraço artístico tem um nome e sobrenome: Sam Levinson. Depois de se tornar queridinho da HBO com a primeira temporada de “Euphoria”, Levinson demorou e lançou uma segunda temporada equivocada. O arrojo técnico e visual estava intacto, mas a narrativa havia se perdido de forma notável. Levinson, então, era um sujeito que sabia fazer mágica com uma câmera, mas quase nada com um texto.

Ainda no topo do mundo, Levinson foi chamado para ser o divino salvador de um projeto complicado. “The Idol” cambaleava pela HBO e o canal não sabia o que fazer com o programa. O roteirista, então, foi chamado para consertar o problema. O resultado, entretanto, é desastroso. “The Idol” é, com folga, a pior série produzida pela HBO em toda a sua história.

Tendo ido do céu ao inferno, portanto, Levinson perdeu a confiança da HBO. Ele perdeu o selo de “criador exclusivo” do canal – e no processo maculou o selo de qualidade da empresa. Na esteira deste fiasco, enfim, Levinson falhou, dia após dia, para entregar qualquer linha decente sobre o futuro de “Euphoria”. Aparentemente perdido, o produtor e roteirista deixou claro: ele não sabia para onde ir. Assim, a HBO não pagaria para ver uma tragédia anunciada.

Com o adiamento de “Euphoria”, então, Sam Levinson ganhou mais do que perdeu. Afinal, teve a chance de não passar uma nova vergonha aos olhos do mundo.

O elenco é quem mais se deu bem

Apesar dos problemas, “Euphoria” acertou em cheio ao catapultar as carreiras de seus atores. Zendaya, Jacob Elordi e Sydney Sweeney, pelo menos, estouraram e já protagonizam filmes de sucesso. Pelos próximos meses os atores já têm suas agendas lotadas com projetos ambiciosos ao lado de nomes renomados da indústria.

Nesta perspectiva, “Euphoria” já tem cara de página virada para os atores. Voltar para a série neste momento seria como retroceder em carreiras que estão em plena evolução. Zendaya está voando em “Duna” e logo aparece em “Challengers”, de Luca Guadagnino. Elordi esteve em “Priscilla”, de Sofia Coppola, onde interpretou Elvis. Sweeney está em um dos maiores sucessos de bilheteria do ano, “Todos Menos Você” e protagoniza um dos filmes de terror mais elogiados de 2024, “Imaculada”. Dar um tempo nestes acertos para gravar e divulgar a série adolescente e mambembe? Não vale a pena.

“Euphoria” pode voltar melhor depois das férias – e os fãs merecem isso

O fato é que, segundo notícias, “Euphoria” deve retornar com outra cara. A ideia é reviver os personagens anos depois do ensino médio, mostrando como aquele universo de sexo e dr*gas reflete na vida adulta de todos eles.

Assim, esta nova abordagem pode ser um sopro de ar fresco. O tempo, aliás, pode fazer bem para Levinson, que pode arejar as ideias e voltar mais centrado e relaxado. O elenco, por sua vez, pode abraçar personagens e narrativas mais adequadas aos seus talentos e momentos de vida. Todos eles estão prontos para deixar a fase adolescente para trás, abraçado o mundo adulto sem medo.

Saem de cena de cena os dramas juvenis já debatidos – e repetidos – nas duas temporadas já lançadas. Entra em jogo a chance de “Euphoria” se tornar o grande produto da HBO que sempre tentou ser, mas raramente conseguiu encarnar.

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Matheus Pereira

Coordenação editorial

Matheus Pereira é Jornalista e mora em Pelotas, no Rio Grande do Sul. Depois de quase seguir carreira na Arquitetura, enveredou para o campo da Comunicação, pelo qual sempre nutriu grande paixão. Escritor assíduo na época dos blogs, Matheus desenvolveu seus textos e conhecimentos em Cinema e TV numa experiência que já soma quase 15 anos. Destes, quase dez são dedicados ao Mix de Séries. No Mix, onde é redator desde 2014, já escreveu inúmeras resenhas, notícias, criou e desenvolveu colunas e aperfeiçoou seus conhecimentos televisivos. Sempre versando pelo senso crítico e pela riqueza da informação, já cobriu eventos, acompanha premiações, as notícias mais quentes e joga luz em nomes e produções que muitas vezes estão fora dos grandes holofotes. Além disso, trabalha há mais de dez anos no campo da comunicação e marketing educacional, sendo assessor de imprensa e publicidade em grandes escolas e instituições de ensino. Assim, se divide entre dois pilares que representam a sua carreira: de um lado, a educação; de outro, as séries de TV e o Cinema.

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