Formato tradicional da TV com as séries está morrendo! Mas isso não é o fim…

Você ainda assiste séries pela televisão? Independente da resposta, muita gente ainda assiste. Será mesmo que este formato está morrendo?

Imagem utilizada para textos com Grey's Anatomy

Ainda se exibe séries como antigamente?

Você ainda assiste séries na televisão? Independente da resposta, saiba que muita gente ainda assiste. Por mais que se fale sobre o fim deste formato para o domínio do streaming, certamente ele ainda tem muito o que render.

No auge do seu poder e influência, Leslie Moonves foi ovacionado pelos anunciantes durante um dos recentes Upfronts da CBS. Na ocasião, o executivo não só rejeitava a ideia que a televisão aberta estava morrendo, mas afirmou que eles ainda ‘vendiam sabão em pó‘ em referência aos tradicionais comerciais exibidos durante as novelas vespertinas. Desde então, Moonves não está mais à frente da CBS Corporation. Caiu em desgraça após exímias reportagens de Ronan Farrow para o The New Yorker relatando seu comportamento criminoso em relação à mulheres. Contudo, a filosofia do ex-executivo ainda é uma máxima dentre o seleto grupo de pessoas que comandam os canais abertos dos Estados Unidos.

Como o Matt Webb Mitovich analisa de forma excelente para o TV Line, ‘a audiência está em queda, mas o céu não está caindo’. Isso porque cria-se a impressão de que a novata mais bem sucedida, Prodigal Son na FOX, goza de uma média ao vivo de meros 0.90 no demográfico alvo (18-49 anos). Lembro, contudo, que no final do dia o que mais interessa para executivos é nada mais, nada menos do que dinheiro. Mas como fazer dinheiro com baixa audiência? Em conversa com os jornalistas num evento recente, a atual presidente de entretenimento da ABC, Karey Burke, responde essa pergunta com muita clareza. 

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“Os canais abertos importam porque nossa séries resistem. Séries como Grey’s Anatomy, com quinze [agora dezesseis] temporadas, continua incrível e cada vez mais relevante. Em novembro, vamos celebrar nosso episódio de número 350. É um fenômeno único da televisão aberta e certamente não se encontra na competição de streaming, que anuncia uma série como sucesso e em seguida para de produzi-la após três temporadas,” disse como crítica à Netflix.

Quem quer dinheiro no mundo das séries?

Ela segue ressaltando que boa parte das produções mais bem sucedidas das plataformas digitais, vieram da TV aberta. Como é o caso de Grey’s AnatomyThe Good PlaceFriends. Além disso, as séries originais dos streaming, segundo Karey, registram números minúsculos de audiência. Enquanto o modelo dos grandes canais não só atinge um grande número de pessoas no tradicional demográfico alvo (de 18 a 49 anos), como também no total de audiência. Tornando assim, o modelo perfeito para aqueles que querem anunciar para um grande número de pessoas.

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É bem verdade que o número de transmissões que cobram algo em torno de 200 mil dólares por trinta segundos de intervalo caiu de dez para quatro em quatro anos. Contudo, os canais encontraram uma outra forma de aumentar suas receitas: mais intervalos. Grey’s Anatomy Chicago Med, por exemplos, têm mais anúncios de trinta segundos nos seus intervalos do que há quatro anos. Tal estratégia fez com que o lucro dos Upfronts deste ano fosse de 10.8 bilhões de dólares, um crescimento dos 10.1 bilhões do ano passado.

Lucas Shaw, repórter de mídia e entretenimento da Bloomberg, ressalta que é um modelo antigo e perigoso uma vez que ao mesmo tempo que a demanda cai, o preço não para de subir. Lembra-se, no entanto, que há diversos outros fatores que contribuem para que os grandes canais continuem relevantes. A capacidade de atrair audiência de massa, contudo, ainda é a base para sua sustentabilidade.

Até porque, ninguém vende sabão em pó como os canais abertos…

Sobre o autor

Bernardo Vieira

Redação

Bernardo Vieira é um jornalista que reside em São José, Santa Catarina. Bacharel em direito pela Universidade do Sul de Santa Catarina, jornalista e empreendedor digital, é redator no Mix de Séries desde janeiro de 2016. Responsável por cobrir matérias de audiência e spoilers, ele também cuida da editoria de premiações e participa da pauta de notícias diariamente, onde atualiza os leitores do portal com as mais recentes informações sobre o mundo das séries. Ao longo dos anos, se especializou em cobertura de televisão, cinema, celebridades e influenciadores digitais. Destaques para o trabalho na cobertura da temporada de prêmios, apresentação de Upfronts, notícias do momento, assim como na produção de análises sobre bilheteria e audiência, seja dos Estados Unidos ou no Brasil. No Mix de Séries, além disso, é crítico dos mais recentes lançamentos de diversos streamings. Além de redator no Mix de Séries, é fundador de agência de comunicação digital, a Vieira Comunicação, cuido da carreira de diversos criadores de conteúdo e influenciadores digitais. Trabalha com assessoria de imprensa, geração de lead, gerenciamento de crise, gestão de carreira e gestão de redes sociais.