Indicados ao Emmy 2019: as surpresas e os esnobados
O que foi surpresa e os esnobados no Emmy 2019.
O Emmy chegou. Com ele trouxe surpresas, absurdos e a prova de que a TV só melhora.
O Emmy 2019 está entre nós, sendo todo ano a mesma coisa. Quem acompanha séries de TV sabe que, lá pelo meio do ano, os indicados do Emmy serão divulgados. E a novela é sempre a mesma: muitos ficam de fora, muitas surpresas chegam de última hora e o saldo, apesar de positivo, não representa a potência total da televisão atual. Isso porque o Emmy, apesar de todo o prestígio e relevância, acaba deixando mais programas e gente de fora do que incluindo de verdade. Há mais pessoas do lado de fora dessa festa do que comemorando lá dentro.
Quantos artistas ficaram de fora para que Game of Thrones tivesse quase quarenta nomeações? Quantos atores e atrizes levaram um banho de água fria ao ver 10 (DEZ) atores de GoT serem indicados? Tudo isso por uma temporada amplamente criticada. Não se engane pelos acertos de hoje: Fleabag foi reconhecida com uma dezena de indicações, mas não podemos esquecer que o primeiro ano do show foi totalmente esnobado na época. E as séries limitadas? Com tantas produções excelentes, a Academia indica apenas cinco, sendo que metade não merecia tanto reconhecimento.
Isso e muito mais você confere na nossa análise do Emmy 2019.
Surpresas
Você pode achar que as indicações de Game of Thrones são óbvias, já que a série é um sucesso absoluto e chegou a sua última temporada este ano. O fato é que a quantidade de nomeações é surpreendentemente assustadora. Nem quando estava no auge da popularidade e do reconhecimento GoT recebia tantas indicações como neste ano. Praticamente todo o elenco foi lembrado; dos protagonistas aos coadjuvantes, a maioria está representada. Na categoria de Atriz Coadjuvante, por exemplo, quatro (!) artistas foram citadas.
Não que os atores e atrizes não mereçam, mas trata-se de um exagero. Primeiro porque vários outros ficaram de fora, segundo porque a oitava temporada foi massacrada por crítica e público. A Academia, entretanto, amou: a série recebeu três indicações a Direção e a series finale foi nomeada como Melhor Roteiro. Nas categorias técnicas, a presença do programa é massiva. Com isso, Game of Throne dispara na frente e é a favorita ao prêmio principal.
O boca a boca ainda é a alma do negócio
Fleabag e Schitt’s Creek são crias do falatório. O público e a crítica underground falou tanto destas séries que, hoje, ambas receberam diversas indicações, incluindo na categoria principal. É o resultado do boca a boca. Fleabag fora totalmente ignorada por seu ano de estreia, mas chega à segunda temporada com nomeações para quase todas as atrizes, roteiro e direção. Mais surpreendente é o caso de Schitt’s Creek: a série foi indicada pela QUINTA temporada, depois de ser ignorada por quatro anos seguidos. A qualidade de ambas é inegável, mas o burburinho ajudou e muito.
O que parecia fraco está forte
Além de Game of Thrones, que prometia levar um tombo, mas abocanhou 32 indicações (um recorde), a categoria de Drama fez bonito, mesmo em um ano fraquíssimo. Mesmo sem superproduções como The Crown, Stranger Things, Westworld, The Handmaid’s Tale e outras, a Academia conseguiu indicar OITO shows na categoria principal. Não deixa de ser irônico que no pior ano houve mais programas indicados.
Força das séries “menores”
Better Call Saul e Ozark não são pequenas, mas não têm a força de Game of Thrones. Além disso, ninguém considera possível grandes vitórias para ambas. Ainda assim, a performance destes programas é notável: Saul abocanhou duas indicações a Ator Coadjuvante, Roteiro e técnicas. Ozark se saiu ainda melhor: foram indicações em quase todas as categorias de atuação, roteiro e direção, que são as principais do show. É possível dizer que o desempenho de Ozark é o melhor depois do de GoT.
Presença de programas menores, mas incríveis
Se você procurar na loooonga lista de indicados, achará pérolas que não foram esquecidas. Estão lá Love, Death and Robots, antologia de animação da Netflix, bem como o divertidíssimo reality Nailed It e o belo documentário Our Planet. Ainda tem espaço para Homecoming, de Beyoncé, Leaving Neverland da HBO, The Kominsky Method da Netflix e uma porção de coisa bacana.
Esnobadas inaceitáveis e inacreditáveis
Homecoming salta à mente como o maior tombo do ano. De favorita passou para esquecida. Nem Julia Roberts abocanhou uma vaga. A falta mais sentida, entretanto, é The Haunting of Hill House, o melhor programa do último ano – em qualquer formato (drama, comédia, minissérie, etc.).
Falando nos esquecidos…
Esnobados
Netflix se saiu bem… mas poderia ter sido melhor!
A Netflix foi a segunda empresa com maior número de indicações. Perdendo apenas para HBO, a plataforma conquistou indicações em todas as áreas. Ainda assim, a sensação que fica é de que tudo poderia ser ainda melhor. Em drama, apenas Ozark emplacou. Em comédia, apenas Russian Doll. Em minisséries, apenas When They See Us. É uma boa performance? Com certeza. Mas a plataforma investiu muito no último ano. The Kominsky Method era uma grande aposta e afundou. The Haunting of Hill House é uma produção impecável, mas foi totalmente ignorada.
A ausência de Hill House é um dos maiores absurdos cometidos pela Academia. Nem nas categorias técnicas o projeto se fez presente. A falta mais sentida é em Direção, onde Mike Flanagan deu uma aula. Dentre outras esquecidas: a irretocável After Life, Sex Education, Glow, Unbreakable Kimmy Schmidt, Black Summer, Gracie and Frankie, One Day at a Time, entre outras.
Onde o horror e os indies não tem vez
Além de Hill House, Castle Rock é outra que não emplacou. O horror parece não ser o gênero favorito da Academia, que ainda deixou Twilight Zone de fora. Além do horror, projetos menores parecem não ter chance alguma: Better Things é uma das comédias mais elogiadas dos últimos anos, mas foi completamente esnobada. Kidding e Forever são outras comédias ignoradas.
Grandes atores, grandes esnobadas
MJ Rodriguez, Christine Baranski, Julia Roberts, Brian Cox, Richard Madden, Ian McShane, Timothy Olyphant… A lista é grande, mas algumas ausências chamam atenção. Madden ter ficado de fora, por exemplo, apontam um enfraquecimento de Bodyguard, ao passo que a ausência de Baranski e The Good Fight sugerem um receio da Academia em reconhecer um produto tão político. Além disso, o Emmy perdeu a chance de reconhecer adequadamente o último adeus de Deadwood, uma das grandes produções da TV moderna.
Dramas menores, chances menores…
Nós sabemos que muitos dramas não têm chance alguma de indicação. Mesmo assim nós torcemos. The Affair, por exemplo, teve sua melhor temporada. The Good Fight chegou com o pé na porta, mas o discurso político afastou os votantes. The OA talvez seja a série mais criativa, mas estranha demais para o paladar da Academia. Billions, The Deuce, Homecoming, Outlander são outras produções excelentes que ficaram de fora.
Coisa feia, Emmy!
O Emmy apronta todo ano. Além de 32 indicações para GoT, a Academia achou espaço para This is Us. Sterling K. Brown e Milo Ventimiglia roubaram vagas, assim como a Mandy Moore. Ainda tiveram a audácia de nomear a superestimada Sharp Objetcs. E não esqueça de Lena Headey, que mal apareceu em GoT mas embolsou milhões de dólares e uma lembrança no Emmy.
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