O que acontece no final de A Maldição da Residência Hill? Explicação e teorias

Confira especial sobre o final de A Maldição da Residência Hill, com explicações e teorias.

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Imagem: Divulgação/Netflix

Pessoas e lugares assombrados

O que precisamos ter em mente é que a A Maldição da Residência Hill não é apenas sobre uma casa mal-assombrada, mas sobre pessoas assombradas. Seja por fantasmas literais, do passado ou mesmo do futuro, os personagens da série são perseguidos por medos constantes.

Não é à toa que cada um tem o próprio Quarto Vermelho e passam por diferentes temores no cômodo. No desfecho da temporada vemos a apoteose de tudo que vinha sendo construído com meticulosidade nos capítulos anteriores, e a resolução se dá, claro, na casa da colina.

Primeiro, vamos relembrar e entender o que aconteceu no passado, quando os filhos ainda eram crianças.

Olívia, a matriarca, começa a passar por sérios problemas depois de perceber que a casa está consumindo sua sanidade. Depois de conversar com Hugh, seu marido, e com a Senhora Dudley, Olivia entende que a casa não faz bem às pessoas que nela moram, e que outra mulher, de outra família, seguiu caminho semelhante, perdendo o controle mental e chegando às últimas consequências.

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Olívia resolve sair da casa por uns dias, mas, como vemos na finale, acaba retornando à residência. E é neste retorno, durante a noite, que Olívia reúne os dois filhos mais novos, Nell e Luke, e uma amiga, a pequena Abigail. A mulher leva as três crianças ao Quarto Vermelho e lhe serve chá. Abigail bebe primeiro e morre, já que Olívia envenenara a bebida. Hugh, ao descobrir que Olivia retornara, corre à procura da esposa e a impede de matar os dois caçulas. Ele então foge com todos os cinco filhos, deixando Olivia para trás.

Qual a coisa mais importante que devemos tirar daqui? O fato de que Olivia está decidida a matar os filhos não por ser uma pessoa ruim, mas por acreditar, com toda convicção, que sua família está em uma espécie de sonho, e, ao morrer, acordarão naquele que talvez seja o mundo real. Ela acredita, portanto, que a morte seria um despertar para algo maior e real.

O Fantasma nosso de cada dia

Cada personagem encara suas próprias assombrações. Nell é aterrorizada pela visão da Mulher do Pescoço Quebrado. Tal espectro é, na verdade, a própria Nell, que morrera enforcada na casa. Assim, a jovem é atormentada por sua versão morta e futura. Luke enfrenta o fantasma das drogas. Shirley, o fantasma do passado, que vem na forma de uma visão de um homem ainda vivo. Trata-se do sujeito com quem dormiu durante uma viagem de negócios. Steven, que não acredita em espíritos, é assombrado pelo fantasma do futuro, das possibilidades de se ter uma família e filhos. Theo sofre com a incapacidade de se relacionar, e é aterrorizada com a solidão e com as visões que tem quando toca outras pessoas.

Todos eles são assombrados por algo, mas não necessariamente um fantasma, um espírito. As assombrações se manifestam através da depressão, da incomunicabilidade, do medo, do desentendimento, do arrependimento. Não é preciso ter visões reais e concretas para ser aterrorizado por uma lembrança ou possibilidade. É isso que a casa e o Quarto Vermelho entendem.

O que é o Quarto Vermelho?

Chegamos ao Quarto Vermelho. O Red Room como é chamado, é descrito como sendo não o coração ou cérebro da casa, mas o estômago. É ali que digere as pessoas da casa. Mais do que isso, ele lê e dá vida aos maiores medos e pensamentos de seus habitantes. Primeiro ele convida a pessoa ao assumir a forma de um ambiente querido e confortável (a casa da árvore, a sala de leitura, a sala de ensaios, etc.), depois com os moradores presos, passa a enxergar os medos. As pessoas entram na casa, mas o Red Room também entra nas pessoas. É por isso que todos são assombrados mesmo estando fora dele.

O Quarto Vermelho é como a Coisa, do livro It, de Stephen King. Ele dá vida aos maiores medos de cada um. Ele prepara as pessoas para que sejam eternamente consumidas pela casa. Ele mexeu com a cabeça de Olivia, levando-a às últimas consequências. E é no Red Room que tudo poderia acabar para Luke e Nell.

É no Quarto Vermelho que as versões adultas de cada um enfrentam seus maiores medos: Shirley revive a noite em que traiu o marido, Steven tem uma visão acerca de seu futuro, com a esposa grávida e, assim, cada um se entrega ao Quarto enquanto ele as consome. Todos são salvos por Nell, a Mulher do Pescoço Quebrado, um espírito que parece ter resistido aos poderes do Red Room.

Um trato

Há a teoria, entretanto, que Hugh, o patriarca, também foi vital na salvação dos filhos. O Senhor Craine talvez não tenha morrido acidentalmente. A grande possibilidade é que ele tenha escolhido morrer, fazendo um trato com Olivia: a alma dele, pela dos filhos. Hugh, portanto, se sacrificou, doando sua alma à casa e libertando a dos filhos. É isso que vemos em uma das cenas mas emocionantes do episódio: Hugh abraçando Olivia e Nell. Os três presos eternamente no Quarto Vermelho.

O guardião

Depois de salvar os filhos, Hugh retorna à casa e encontra o corpo de Olivia e os Dudley. Descobrimos que Abigail é, na verdade, filha dos Dudley, e não um fantasma como pensamos anteriormente. Hugh está decidido a chamar a policia e contar toda a verdade, mas faz um acordo por os Dudley por dois grandes motivos: manter a imagem de Olivia como uma boa mãe e deixar a casa inteira, viva, para que o espírito de Abigail se mantenha presente.

Assim, Hugh aceita se tornar uma espécie de guardião da casa, não permitindo que outras pessoas cheguem ao lugar e sofram nas garras da mansão. Assim, ele mantém a imagem da esposa e permite que os Dudley possam visitar o espírito eterno da filha.

Anos depois, ao morrer, Hugh passa o fardo para Steven, que se torna o novo guardião da Residência Hill. É ele, a partir de então, que manterá as pessoas afastadas e os fantasmas lá dentro. Ao fim, vemos o Senhor Dudley levando a esposa para morrer sob o teto da casa da colina, tudo para que seu espírito permaneça na casa, ao lado da filha, e à espera do marido. Sob determinado ponto de vista, a casa seria uma bênção ou uma maldição?

E se Olivia estiver certa? 

Pensemos por um momento o seguinte: a casa é boa. Ela é um alerta, uma passagem para o mundo real. Ela tentou alertar Olivia, que entendeu e queria acordar. E se Olivia estiver certa? E se eles precisavam morrer para acordar?

E se estiverem presos no Quarto Vermelho?

Outra teoria forte é a de que a família Craine não saiu do Quarto Vermelho e da casa, e continuam presos mesmo depois do fim. Flanagan, o criador, revelou que uma cena importantíssima foi excluída do capítulo final. Trata-se da sequência em que vemos a família Craine reunida enquanto Luke assopra velinhas e comemora dois anos livre das drogas. Naquela cena, Flanagan disse que haveria uma pista assustadora: a janela do Quarto Vermelho seria vista atrás dos personagens, sugerindo que todos poderiam estar presos no quarto e na casa. Tudo, portanto, seria uma ilusão doentia criada pela casa.

Flanagan, entretanto, desistiu da cena, pois deseja um final mais alegre e otimista. Segundo ele, os personagens mereciam um final feliz, nem que fosse temporário, e vê-lo presos ao Red Room seria um choque, uma tristeza. Assim, por mais que a cena tenha sido modificada, não podemos desconsiderar o fato de que a família pode estar presa na casa, vivendo sob uma ilusão.

Provas disso? A tal sequência é um tanto irreal e destoa do restante: Steven fez vasectomia, mas sua esposa aparece grávida. A situação dele foi revertida? Theo, que sempre foi independente e recusava relacionamentos, surge com a moça que conheceu na festa dois anos antes. Luke parece muito bem… bem até demais. Shirley aparece feliz ao lado do marido, apesar de todos os problemas. Tudo soa muito bem, exageradamente bem, o que pode indicar a falsidade do que está acontecendo.

Leia também: O elenco de A Maldição da Residência Hill – saiba quem são atores e personagens

Sobre o autor

Matheus Pereira

Coordenação editorial

Matheus Pereira é Jornalista e mora em Pelotas, no Rio Grande do Sul. Depois de quase seguir carreira na Arquitetura, enveredou para o campo da Comunicação, pelo qual sempre nutriu grande paixão. Escritor assíduo na época dos blogs, Matheus desenvolveu seus textos e conhecimentos em Cinema e TV numa experiência que já soma quase 15 anos. Destes, quase dez são dedicados ao Mix de Séries. No Mix, onde é redator desde 2014, já escreveu inúmeras resenhas, notícias, criou e desenvolveu colunas e aperfeiçoou seus conhecimentos televisivos. Sempre versando pelo senso crítico e pela riqueza da informação, já cobriu eventos, acompanha premiações, as notícias mais quentes e joga luz em nomes e produções que muitas vezes estão fora dos grandes holofotes. Além disso, trabalha há mais de dez anos no campo da comunicação e marketing educacional, sendo assessor de imprensa e publicidade em grandes escolas e instituições de ensino. Assim, se divide entre dois pilares que representam a sua carreira: de um lado, a educação; de outro, as séries de TV e o Cinema.