Relembre a série The Office: por que amamos tanto essa série?
Relembre a série The Office.
Por que amamos The Office?
O que séries como Parks and Recreation e Modern Family têm em comum? Além da aclamação, claro, ambas compartilham de um curioso estilo narrativo que cria situações antes desconhecidas pelas comédias televisivas: o mockumentary. O gênero que aparece em alguns filmes e séries gira em torno da ideia de que o que estamos vendo é um documentário da vida de pessoas reais, e não mais uma série de comédia.
Contudo, anos atrás, antes que tais comédias sonharem em existir, o mundo pode conhecer aquela que seria a maior referência no gênero: The Office. Adaptação de um programa britânico, a série gira em torno do dia a dia de um escritório da Dunder Mifflin, empresa de papel, e conquistou cinco Emmys, incluindo melhor série de comédia. Agora, anos depois do seu fim, podemos nos questionar: por que amamos The Office?
A resposta, eu creio, não é tão evidente mas é genial assim como a série.
“Isso é tão eu!” vs “Deus me livre”
As comédias que assistimos na televisão são chamadas de sitcoms. Isso significa, literalmente, comédia de situação. Ou seja, observamos a uma interpretação cômica do que se passa no dia a dia de qualquer pessoa. Parece simples? Essa é a ideia! Esse tática, usada desde os primórdios da comédia na televisão com I Love Lucy, é tão simples que não tem como dar errado. Séries como Friends ou The Big Bang Theory sabem e abusaram disso. Quem nunca quis ficar peladona em casa que nem a Rachel, ou já foi chamado de esquisito/diferente que nem os meninos de Big Bang? Quando situações tão familiares assim passam na televisão, situações que fazem o público gritar “isso é tão eu”, fica impossível não conquistar a simpatia do público.
Já The Office aposta em um caminho totalmente diferente dos clássicos: faça o público desejar ao máximo não se familiarizar com aquelas situações. Assim, o foco da comédia no mockumentary sempre foi a vergonha pública. O principal fator de humor ao longo dos episódios não é o público esquecer que está de frente para a televisão. Mas, sim, lembrá-los disso e fazer com que digam “Deus me livre” e desejar nunca terem que viver situações parecidas. Um exemplo claro disso é o episódio Gay Hunt, estreia da terceira temporada de Office.
Eles também são gente!
Além disso, isso é um fator de qualquer conteúdo (bom) do audiovisual: fazer com que seus personagens pareçam humanos. Todas as séries tentam explorar isso e os clássicos da comédia também. Quem nunca chorou com o final de Friends? O que pode ser observado aqui, entretanto, não é a técnica em si mas a maneira com que ela se apresenta nos diferentes tipos de comédia.
Assim, nas séries convencionais, você é levado a humanizar o personagem. Porque ele, assim como você, tem seus problemas. Mas, no final, aprende a lição e se torna um pouquinho melhor – só um pouquinho mesmo, porque o erro provavelmente vai se repetir em outro episódio.
Já em The Office, você é levado o tempo inteiro a situações onde o personagem vai ser normal e o normal não vem com lições ao final. Eles erram, eles se envergonham. Mas o principal é que tudo acontece bem diante dos seus olhos. Você observa os personagens, no conforto de sua casa, nas situações mais ridículas e nos famosos surtos. Você, mesmo sem entender de cara as motivações daquela pessoa, assiste a uma situação absurda que ela precisa resolver de alguma forma para tentar, no mínimo, passar um pouco menos de vergonha. E, por Deus, isso é muito humano!
A série tem coração
Enfim, com um roteiro e direção de primeira, atores afiados e episódios cada vez mais insanos, o que é bom. The Office, no fundo, conta a história de pessoas. Elas não estão em apartamentos no centro de Nova York ou são gênios da física, elas são pessoas. Pessoas num escritório que contam as horas para bater o ponto e ir para casa. Mas que, enquanto não vão, tem que lidar com o que acontece. Amamos a série porque ela tem coração e sempre nos mostra situações que podem acontecer com você, mas você quer muito que não aconteça. E isso é hilário!