Santa Clarita Diet retorna mais equilibrada em boa segunda temporada

Crítica da segunda temporada de Santa Clarita Diet

Imagem: Netflix

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O tempo passou e Santa Clarita Diet retornou surpreendendo muita gente. A comédia original na Netflix não é o tipo de programa que é aguardado pelo público, como Game of Thrones, cujos fãs contam os dias para assistir a próxima temporada. SCD estreou, se despediu e retornou sem muito alarde. Foi quando a segunda temporada chegou ao catálogo que muita gente percebeu: um ano já passou e SCD ainda existe. Não que o show seja ruim ou esquecível, mas trata-se de um produto inofensivo. Vejamos as tramas desenvolvidas neste segundo ano: ideias novas que vieram e foram sem grandes alardes, sem muito desenvolvimento. SCD, ironicamente, é como fast-food: é ótimo, mas não agrega em nada. É muito bom na hora, mas logo a fome volta e o sabor se perde.

Dito isso, afirmamos: a segunda temporada de Santa Clarita Diet é diversão garantida. Os risos estão lá, embora em menor frequência se comparados ao ano de estreia; o gore também se faz presente, mas também de forma mais contida. De um modo geral, é que como se SCD pisasse um pouco no freio e afinasse o instrumento: uns tons abaixo, outros acima, uns desarranjos aqui e ali e outros acertos. É uma série que ainda está se encontrando e, como todo projeto da Netflix, encontra seu ritmo de forma muito peculiar.

Ao contrário das séries tradicionais da TV, que dialogam com o público semanalmente, mudando seus rumos e estilos conforme o feedback da audiência, as produções da Netflix são produzidas e lançadas de uma vez só, como um filme. Assim, equipe e elenco têm um ano para estudar a recepção e adequar suas abordagens. Percebe-se, portanto, que SCD tenta consertar alguns de seus problemas iniciais (o excesso de violência e as atuações over de alguns atores), sendo bem sucedida na maioria das tentativas.

Assim, como toda comédia seriada tradicional, SCD se preocupa mais com piadas pontuais e situações de rápida resolução, criando uma leve mitologia que costura todos os capítulos. Na segunda temporada sabemos um pouco mais sobre a origem do problema que transformou Sheila em uma espécie de zumbi. Além disso, retomamos algumas tramas antigas, como aquela envolvendo o diretor da escola em que Abby estuda. SCD ainda apresenta uma série de novos personagens (alguns vêm e vão com rapidez considerável) e dá mais espaços a outros já conhecidos. O mais notável, contudo, é que vários coadjuvantes da primeira temporada somem ou pouco aparecem nos episódios do segundo ano.

O foco, portanto, recai nos personagens principais e em poucos alívios, como a cabeça falante de Nathan Fillion. Assim, Drew Barrymore retorna com a mesma leveza e bom humor de sempre, ao passo que Timothy Olyphant reduz o ritmo exagerado de seu personagem. O ator, que passava dos limites na temporada passada, consegue achar uma pegada mais aceitável, mas ainda assim desafina em alguns momentos. O fato é que Olyphant tem carisma enorme, mas funciona mais no drama do que na comédia.

SCD faz uma segunda temporada tão boa quanto a primeira, com direito a alguma melhorias. Falta ainda, um certo grau de urgência. Ainda que seja uma comédia, a série poderia se beneficiar de algumas tramas, colocando perigos maiores e mais duradouros no caminho dos Hammond. Uma das melhores ideias são os novos personagens que sofrem do mesmo mal de Sheila; os roteiristas, contudo, descartam rapidamente os novos nomes, pouco explorando as possibilidades que viriam do conceito.

E assim SCD segue suas resoluções rápidas, o que não é ruim, mas torna tudo mais efêmero: um dedo de Sheila é arrancado e logo é reimplantado e funciona perfeitamente; um personagem some, cria-se um mistério e logo reaparece; outro surge como ameaça e no mesmo capítulo se despede; o soro que impede a deterioração de Sheila logo é feito e mais nada sobre isso é discutido. Neste cenário, a segunda temporada apresenta diversas ideias, uma mais absurda e divertida que a outra: de uma cabeça que fala a uma bola de carne com patas. Faltava apenas desenvolver algumas com mais atenção.

No geral, Santa Clarita Diet faz uma boa segunda temporada. Não se compromete e muito menos se acha mais importante do que é, o que, no final das contas, é o melhor que a série pode fazer. Ótima para uma maratona, SCD veio, foi embora, voltou e já se foi novamente. Caso seja renovada, nos lembraremos dela no próximo ano, quando retornar para um terceiro ano que já até havíamos esquecido que existiria.

Sobre o autor
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Matheus Pereira

Jornalista, curioso e viciado em cultura. Escreve há quase 10 anos no Mix e Six Feet Under é sua série favorita.

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