Succession: pare o que está fazendo e assista a vencedora do Globo de Ouro
Porque será que Succession venceu o Globo de Ouro no último domingo (05)? Será que ela é mesmo tão boa assim? Nós temos a resposta.
Há uma pergunta que nós do Mix de Séries nos questionamentos nessa época de prêmios: o que torna uma série uma ‘grande série’? Seu roteiro? Talvez a forma na qual representa uma geração? Ou quem sabe sua maneira infame de conduzir sua narrativa durante sua jornada? Cada um terá critério uma vez que qualidade e gosto são extremamente relativos. Contudo, pedirei uma licença para sair do tom conciliatório e esbanjar elogios para Succession, série da HBO que ganhou (quase) todos os prêmios no Globo de Ouro do último domingo (05).
Porque ela é tão boa?
É difícil destacar algo que torna Succession excelente porque é um conjunto da obra. Mesmo assim, temos a história de uma dinastia da área de mídia e comunicação que luta por poder. Mas nada parecido com Dynasty ou Dallas. O que o drama propôs nessas duas temporadas foi um mergulho, através de uma um tom bastante shakespeariano, no mundo do 1%.
Carregado de intrigas, traições, demissões, xingamentos, troca de olhares e disputas por poder. Certas situações que outrora poderiam parecer absurdas ganham contornos de realidade a partir de um roteiro refinado, uma equipe direção elegante e competente e de um elenco avesso a ataques de estrelismo. A vida dos ricos e famosos ficou cada vez mais irrelevante desde a crise financeira de 2008, mesmo assim Succession torna todo esse circo delicioso de assistir.
Quais os principais episódios?
Destaco dois: um na primeira temporada e outro na segunda. O primeiro deles, Which Side Are You On? (ou 1×06), é impactante, emocionante e de tirar o fôlego. Nele, vemos os irmãos Kendall e Roman tentando remover o pai, Logan, do conselho da empresa a partir de artimanhas corporativas. Mas o que há de especial nisso? Primeiramente, a qualidade técnica e visionária do diretor, Andrij Parekh, faz com que a apreensão do telespectador seja ainda maior e melhor.
Em seguida, destaco a forma visceral na qual Jeremy Strong interpreta seu personagem nas sequências. E, por fim, lembro que tal sequência construída por Succession foi baseada numa história real. De acordo com a Vanity Fair, uma tentativa de golpe no conselho da Disney em 2004 inspirou o criador Jesse Armstrong a fazer algo parecido no drama.
Já na segunda temporada temos um episódio cuja sequência me deixou perplexo por dias. Algo raro para quem me conhece. Em Hunting (ou o 2×03), temos Brian Cox (Logan Roy, o protagonista). Na sua melhor forma ao explorar o putrefação do personagem com tom sádicos e curiosamente cômicos. O telespectador ficará boquiaberto, como eu fiquei, diante da sequência pós-jantar na qual mobiliza-se certos convidados a se comportarem de uma certa forma para mostrar sua lealdade e espantar quaisquer suspeita de traição.
É inspirado em história real?
Se você fizer essa pergunta para o criador Jesse Armstrong, assim como sua tropa de produtores, eles lhe dirão, com certo cinismo, que definitivamente não estão retratando ninguém em específico. Contudo, é impossível não ver em Logan Roy aspectos bastante factíveis e críveis de Rupert Murdoch. Um dos últimos titãs da área de mídia e entretenimento da sua geração, Rupert criou um império tanto no seu país de origem (Austrália), tanto quanto no Reino Unido e nos Estados Unidos.
CEO da News Corporation e da Fox Corporation, o executivo detém um poder particular. Além de controlar uma porcentagem considerável da mídia mundial, ele também tem possui certa influência na política. Isso porque não há como um presidente americano eleger-se pelo partido Republicano sem apoio da Fox News. Já no Reino Unido, nenhum candidato à premiê pelo partido Conservador irá muito longe sem uma ligeira aprovação do The Sun ou The Times. Já na Austrália, a mesma situação no que se refere aos partidos da coalisão governista frente a Sky.
Embora tenha seis filhos, a disputa pelo futuro controle da empresa está entre Lachlan Murdoch e James Murdoch.
Eu não entendo nada de mídia ou do mundo dos negócios, não vou ficar confuso?
Uma das preocupações que pessoas próximas detém ter quando indico Succession é o total desconhecimento sobre negócios. É bem verdade que este que vos escreve é simplesmente apaixonado pelos temas propostos pela série. No entanto, acredito que é possível entender perfeitamente a história sem compreender os códigos e as negociações. Assim como temos mídia e comunicação no centro de tudo, poderia cosméticos, carros, porcelanas ou jóias. Entendendo de poder e observando como o ser humano se comporta para consegui-lo é o que se faz necessário.
Tem gente famosa no elenco?
– Brian Cox, que venceu o Globo de Ouro no domingo (05), pelo seu trabalho é o mais famoso em cena. Além disso, também esteve em Adaptação, Nuremberg, Frasier e Deadwood.
– Kieran Culkin, que vive Roman, é simplesmente o irmão de Macaulay Culkin, estrela da franquia Esqueceram de Mim.
– Sarah Snook, que interpreta Shiv Roy, é mais famosa pelo seu trabalho no teatro.
– Jeremy Strong, o Kendall, esteve em A Grande Aposta, Masters of Sex, Mob City e entre tantos outros. Succession, contudo, é o principal trabalho da sua carreira.
– Nicholas Braun, talvez o mais famoso atrás de Brian Cox, fez Super Escola de Heróis, As Vantagens de Ser Invisível, Como Ser Solteira e muito mais.
Por fim, se você ainda não entendeu meus argumentos e acredita que vai morrer de tédio, te deixou com a maravilhosa vinheta, cuja música sempre esteve na minha playlist.