Sugar: série viciante com Colin Farrell tem brasileiro na direção
Sugar tem direção do brasileiro Fernando Meirelles e traz Colin Farrell no papel principal. História moderna de detetive pode viciar.
A Apple TV tem construído um selo de qualidade para si. Assim como a HBO fez há algumas décadas, o streaming da maçã tenta criar um padrão em suas produções que tem dado certo. Ao contrário da Netflix, por exemplo, a Apple prioriza a qualidade em detrimento da quantidade. Assim, o número de produções originais pode ser baixo, mas a constância é notável. “Sugar”, seu lançamento mais recente, é mais um bom acréscimo ao catálogo.
Com Colin Farrell no elenco, “Sugar” acompanha John Sugar, um detetive particular que recebe uma estranha, mas tentadora missão: encontrar uma jovem desaparecida. A moça, neta de uma magnata do Cinema, já sumiu algumas vezes, mas agora a situação parece grave. Como num bom noir, o protagonista é aconselhado a não aceitar o emprego, mas é claro que ele aceita.
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Dirigida pelo brasileiro Fernando Meirelles (“Cidade de Deus”, “O Jardineiro Fiel”), “Sugar” tem o arrojo e a “malemolência” que só um cineasta brasileiro poderia imprimir numa produção de uma gigante como a Apple. Adepto da câmera na mão, quase que semidocumental, Meirelles gosta do “improviso” visual. É claro que as sequências são pensado e dirigidas com precisão, mas o diretor gostar de uma naturalidade pouco vista tanto no Cinema quanto na TV.
Assim, Meirelles, como visto na maioria de seus filmes, escolhe planos pouco usuais, e movimenta a sua câmera com uma naturalidade que mantem “Sugar” sempre em frente, em ritmo quase frenético. Nesta perspectiva, a direção e o visual da série é quase uma representação do próprio protagonista, o Sugar. Há elegância e certo rigor moral e estético, mas também há uma sujeira, uma propensão ao improviso que mantem tudo na imprevisibilidade.
Nesta perspectiva, vale apontar, Colin Farrell abraça o papel num misto bem-vindo de descompromisso e seriedade. Assim, Farrell se diverte com as convenções do gênero, mas também agarra a dramaticidade de um personagem quebrado pelo passado. “Sugar”, então, está bem próximo de séries como “Luther” ou “Ray Donovan”. Há aqui um procedural tradicional, envolto na embalagem caprichada das grandes produções.
Não é à toa, portanto, que “Sugar” pareça uma série do canal Showtime, conhecido por séries de alto padrão, mas muito populares. A série de Meirelles, afinal, tem o cacife de uma HBO e a leveza divertida de um canal aberto. Assim, se conseguir manejar seu mistério sem se enrolar nas próprias revelações, a série tem grandes chances de encontrar seu público e retornar no futuro.
Evitando as complexidades gratuitas típicas do noir, “Sugar” é uma diversão objetiva, mas construída com esmero. Ancorada em uma performance comprometida de Farrell, série é a história de detetive moderna que faltava no impressionante catálogo da Apple TV.
Nota: 4/5