Música: filme da Prime vídeo celebra cultura e energia brasileira

Por uma proximidade geográfica, e de certa forma cultura, é natural que o México apareça com frequências em filme e séries de Hollywood. O estereótipo do latino já foi amplamente explorado, mas raramente focado no brasileiro. É com surpresa, portanto, que assistimos “Música”, novo filme original da Amazon Prime Video.

No filme, Rudy Mancuso (que escreve, dirige e protagoniza) é um jovem com estranha condição: os sons do cotidiano o perturbam e desviam a sua atenção. Em sua mente, os barulhos mais ordinários viram melodias, e ele consegue tirar música de praticamente qualquer ruído. Isso prejudica o seu relacionamento, já que ele não consegue se concentrar em simples conversas sem desviar o foco para algum som ao redor. Os estudos também vão de mau a pior, já que sua concentração é quase inexistente.

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Esse caos em sua rotina parece acalmar quando ele conhece Isabella que, assim como ele, é descendente de brasileiros. Rudy tem mãe brasileira, assim como sua nova musa. Essa particularidade faz com que se aproximem e dividam experiências. Mas a condição de Rudy, e seu relacionamento pregresso, parecem não sair do caminho.

“Música” diverte justamente ao brincar com clichês típicos da família e dos costumes brasileiros. Ainda assim, Mancuso e seu filmes jamais são desrespeitosos, tampouco criam alegorias toscas do país e seus habitantes. Pelo contrário: os clichês ambulantes são os americanos, insípidos em suas vidas monocromáticas. Os brasileiros são complexos, coloridos, cheios de paixão.

É interessante, portanto, que a mãe de Rudy no filme seja a sua mãe na vida real. A simpática senhora, em seu primeiro trabalho, encarna a persona de milhões de mães brasileiras. Assim, arranca sorrisos sinceros sem jamais cair nos exageros de “Minha Mãe é uma Peça”, por exemplo. Sua personagem é carinhosa, invasiva e expressiva, mas nunca uma caricatura.

Rudy e Isabella (interpretada com carisma por Camila Mendes) têm origens brasileiras, mas isso jamais se torna a sua característica principal. Há mais para explorar em seus passados e personalidades, e Mancuso acerta na abordagem. O rapaz, aliás, merece elogios por sua direção enérgica, que consegue captar não só a estranha condição do sujeito como também imprime a vibe brasileira em cada sequência.

Bem humorado e sincero em suas colocações, “Música” teta fugir dos clichês do gênero e da brasilidade. É, enfim, uma comédia romântica bem intencionada que aquece o coração daqueles que sempre quiseram ver a cultura do Brasil tratada com carinho em uma grande plataforma. Aliás, ver o português invadir diálogos sem aviso vale cada segundo.

Nota: 3/5