The Good Doctor: as semelhanças e diferenças com a versão coreana

Confira quais são as diferenças e semelhanças entre as versões de The Good Doctor americana e coreana. Matéria com spoilers.

The Good Doctor semelhanças e diferenças versão coreana

Conheça a diferença entre a versão americana e a coreana da série

Quem vê o sucesso de crítica e audiência que The Good Doctor faz, talvez nem imagine a origem da história que consagrou a produção da ABC como um verdadeiro fenômeno.

A série, estrelada por Freddie Highmore (Bates Motel), é a adaptação de uma produção coreana de mesmo título – apenas sem o “The” – que estreou em 2013. O responsável pela versão americana é o também ator Daniel Dae Kim (Lost, Hawaii Five-0), que chegou a oferecer a produção para a CBS duas vezes, mas teve o roteiro rejeitado.

Na Coreia do Sul, Good Doctor também foi um fenômeno e seus 20 episódios produzidos renderam vários prêmios.

PUBLICIDADE

Agora, sob a tradicional perspectiva americana de “quanto mais melhor”, The Good Doctor iniciou o que prevemos ser um longo caminho com várias temporadas. Mas vocês devem estar se perguntando quais as semelhanças e diferenças entre a série original e a adaptação americana?

O Mix de Séries vai tirar todas essas dúvidas a seguir…

Imagem: ABC/Divulgação

QUAIS AS SEMELHANÇAS?

Escrita pela mente por trás da série House, David Shore, a versão americana manteve, em sua maior parte, o roteiro do episódio piloto. Até o nome do personagem principal foi mantido o mais próximo possível do original. Na série coreana, seu primeiro nome é Shi-on (Joo Won), em The Good Doctor o médico se chama Shaun.

David Shore conta que quis entender o máximo possível do piloto coreano para poder estabelecer os personagens e as configurações. “O nosso piloto tem muito do original e, certamente, esses personagens estavam lá. O original serviu como alicerce“, disse em entrevista.

O piloto americano é quase uma réplica cena a cena do original: Shaun está a caminho do seu primeiro dia no hospital quando ele salva um garoto que é atingido por uma placa de vidro. Após o procedimento improvisado feito por Shaun, o menino é levado para o mesmo hospital que Shaun vai. Então, o Dr. Aaron Glassman (Richard Schiff), presidente do hospital e seu mentor, tenta convencer o Conselho de que o autismo de Shaun não será um obstáculo para o trabalho.

Um vídeo dos atos heroicos de Shaun no aeroporto viraliza na internet e acaba convencendo o Conselho a ouvir Shaun. O médico entrega exatamente o mesmo discurso, palavra por palavra, sobre como as mortes de seus coelhinhos e seu irmão o inspiraram a ser médico, o que finalmente convence o grupo a lhe dar uma chance.

Outras semelhanças

No primeiro episódio também surgem flashbacks de ambas as mortes mencionadas acima, juntamente com cenas da infância abusiva e do bullying que Shi-on sofreu nas mãos de seu pai e outras crianças.

Em ambas as versões, vemos os presentes do irmão Shi-on /Shaun: um bisturi de brinquedo. As ilustrações médicas que flutuam na tela quando o nosso herói está pensando ou executando algum procedimento também estão no material original. Shi-on/Shaun faz amizade com uma professora e trabalha com um cirurgião arrogante que não o respeita e é um total idiota.

Se você tivesse visto a série coreana, antes da versão americana, seria bem difícil julgar a mais recente por seus próprios méritos, tendo em vista que os pilotos são muito parecidos. A série americana acaba nos forçando a continuar assistindo os episódios para ver como e se a história conseguirá se manter interessante.

QUAIS AS DIFERENÇAS?

Depois do piloto, The Good Doctor se afastou completamente da versão coreana, como David Shore sempre planejou. “Havia coisas [do piloto coreano], as quais eu devo bastante, mas algumas coisas eu mudei“, disse.

A série parecia muito universal para mim e as questões que estávamos abordando pareciam muito universal. Eu pensei ‘como eu torno isso meu?’, ‘como retratar as coisas que eu mais gostei?’. E sobre as coisas que eu não gostei, era tipo ‘como posso transformar isso em coisas que eu adoraria?’, explicou.

The Good Doctor versão coreana
Imagem: KBS2/IMDb

Existem pequenas mudanças no piloto que prepararam o palco para as próprias histórias de The Good Doctor. Em um toque bem americano, há uma cena com certo teor sexual entre os personagens Claire (Antonia Thomas) e Kalu (Chuku Modu). Na série coreana não existe tal relação.

Enquanto Shi-on trabalha em um hospital pediátrico, St. Bonaventure é um hospital de ensino geral, preparando o caminho para Shaun para tratar uma maior variedade de pacientes e casos. Na adaptação da ABC, Melendez (Nicholas Gonzalez), o chefe de Shaun, começa a prepará-lo muito mais rápido, permitindo até que ele participe de uma cirurgia no final do piloto, ao contrário da versão coreana.

São plots como esse que dão à The Good Doctor um ritmo mais acelerado – mesmo a primeira temporada americana tendo apenas 18 episódios, dois a menos que o total da original. Essa ação – presente desde os casos caóticos até os diálogos e edição – funciona com um clipe rápido, criando uma sensação de urgência, contra o ritmo lento e constante da produção original. Aliás este, como a maioria dos dramas coreanos (K-dramas), deixa as cenas e as emoções fluírem para atrair o espectador.

Vale lembrar que as séries coreanas duram uma hora completa, então eles podem se dar ao luxo de “respirar” mais.

Outras diferenças no enredo

Uma grande diferença é o enredo completamente exagerado no final do piloto coreano: Yoon-seo (Moon Chae-won), a personagem equivalente a Claire, está bêbada no apartamento de Shi-on (que era onde ela morava antes de se mudar), e adormece em sua cama. Na manhã seguinte – no início do 2º episódio – ela acorda com ele escovando os dentes, sem camisa, na frente dela. É o tipo de cena que funciona em um k-drama, mas que nos Estados Unidos faria todos reviraram os olhos.

Na série americana também há uma diferente relação afetiva, exibida no terceiro episódio, quando Shaun faz amizade com sua vizinha Lea (Paige Spara), quelhe empresta suas baterias e dá uma carona de volta pra casa depois que ele perdeu o ônibus. Em um episódio recente, Lea compra uma maçã para Shaun, depois de comer a última que ele tinha. E em um grande avanço para Shaun, ele deixa Lea abraçá-lo depois que ele disse que ela havia cometido um erro naquele dia.

Aqui está uma das principais diferenças entre as séries. Pelo menos por enquanto. Shi-on e Yoon-seo (Shaun e Claire coreanos) tem um relacionamento que acaba se tornando sério e, no final da série, acabam vivendo juntos. Já na produção americana, Shaun e Claire são apenas amigos. É claro que, até The Good Doctor terminar, o que provavelmente vai demorar alguns anos, os dois ainda podem iniciar esse relacionamento, mas pelo menos agora esses não são os planos para os personagens. No momento, Lea se tornou o interesse romântico mais possível para Shaun.

As mortes próximas a Shaun

A morte do irmão do médico também é contada de maneira diferente na série americana. Na original, o irmão de Shi-on, que se chama Yi-on, é mais velho e morreu em uma mina. Na americana, Steve morre ao cair acidentalmente de um trem.

Outra morte exibida com diferenças é a do coelho de estimação – que na versão coreana era branco e não marrom, como o de Shaun. Enquanto o raivoso pai de Shaun arremessa o coelho do filho contra a parede, como se fosse uma toalha suja, o pai de Shi-on, joga o animal ainda dentro da gaiola.

A agressividade do patriarca é retratada igualmente, mas se formos analisar, o coelho de Shi-in teria alguma chance de sobreviver ao estar dentro da gaiola. Então, ponto para o realismo da série americana.

Semelhanças e diferenças a parte, é inegável o belíssimo trabalho realizado pelos produtores e roteiristas da série, que continua surpreendendo o público com uma história sólida e emocionante toda semana.

E você, ficou com vontade de assistir a versão oriental de The Good Doctor? Deixe nos comentários.

Além disso, continue acompanhando todas as novidades do mundo das séries aqui no Mix de Séries.

Sobre o autor

Italo Marciel

Redação

Jornalista por formação e publicitário por aproximação. Desde a graduação, circulo entre as duas áreas e isso me preparou para atuar com mais segurança e amplitude na Assessoria de Comunicação Política, área na qual trabalho desde 2013. Ao todo, já são são oito anos gerenciando a comunicação de parlamentares do legislativo municipal. Entre as minhas principais atribuições estão: criação e gerenciamento de conteúdo textual e visual (artes, fotos e vídeos) para redes sociais; planejamento de pronunciamentos; preparação de pauta para reuniões e entrevistas; relacionamento com a imprensa. Além disso, tanto tempo no meio me trouxe conhecimentos intermediários de assessoria parlamentar, onde auxilio na construção e revisão de projetos e no relacionamento com pastas do poder público de direto interesse dos mandatos. No Mix de Séries atua como jornalista e redator de notícias gerais, desde 2017. Também produz críticas e conteúdos especiais voltado para a área de streaming.