The Handmaid’s Tale: descubra como a série conquistou o público – e o Emmy

Análise aponta sucesso de The Handmaid's Tale

Imagem: Hulu/Divulgação
Imagem: Hulu/Divulgação

The Hadmaid’s Tale é uma das séries mais aclamadas da atualidade

The Handmaid’s Tale é uma série forte. Sendo assim, sua trama não é considerada para muitos. Mesmo assim, com pouco tempo de vida, tornou-se um dos maiores sucessos de crítica da TV americana.

Baseada no livro homônimo de Margaret Atwood, ‘The Handmaid’s Tale’ conta a história de Offred (Elisabeth Moss). A personagem vive em um local conhecido como Gilead. Esta é uma sociedade totalitária e fundamentalista onde as mulheres são tratadas como propriedade do Estado e obrigadas a gerar as crianças que repovoarão o território. Apesar da vida difícil como serva de um poderoso comandante, ela mantém a esperança de reencontrar a filha que foi tirada de seus braços.

Sendo assim, o Mix de Séries traz para o público um balanço da série, apontando os fatores que fizeram de O Conto da Aia, um grande sucesso.

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O Roteiro

O Emmy gosta e sabe reconhecer roteiros. Embora tropece e não consiga reconhecer todas as séries na categoria principal, a Academia volta e meia faz um bom serviço ao nomear grandes shows. The Wire, por exemplo, nunca foi indicada como Melhor Série, mas levou indicação por roteiro. É bem verdade que o Emmy às vezes exagera, indicando três/quatro (!) capítulos de uma mesma série, mas muitas vezes faz escolhas justas.

Não surpreende, portanto, que The Handmaid’s Tale tenha encantado os votantes. A série da Hulu levou para casa os prêmios de Roteiro e Melhor Drama. Os motivos são diversos, mas um dos principais é o texto. Baseados no livro homônimo de Margaret Atwood, os roteiros funcionam perfeitamente bem das duas formas possíveis: isolados e em conjunto. Analisados separadamente, cada episódio funciona com início, meio e fim. Em sua própria estrutura, o episódio se desenrola aguçando a curiosidade do espectador e convidando-o para uma próxima visita.

Além isso, os roteiros funcionam em conjunto, ligados uns aos outros, criando o arco geral da temporada. E temos de reconhecer: The Handmaid’s Tale é corajosa. Com ritmo cadenciado, pouco preocupado em ação ou arroubos emocionais, a série costura seus diálogos e tramas com precisão, indo e voltando em espaços e tempos para construir uma saga épica em sua simplicidade.

O visual impecável

Dizer que o visual é coisa de cinema é errado. Ao fazer tal afirmação, diminuímos a TV, que anda melhor que o Cinema muitas vezes. Ainda assim, podemos dizer que, caso exibida nas grandes telas do cinema, The Handmaid’s Tale se sairia muito bem. A qualidade da fotografia é tanta que parece ter criado um novo parâmetro a ser batido na televisão.

Além disso, a direção cirurgicamente precisa dá o tom caprichado à produção. Não parece, por exemplo, uma série feita às pressas. Trata-se de um projeto pensado e executado com rigor técnico. Não pense, contudo, que este é um programa engessado. Ao contrário, o show é arejado, inovador em sua linguagem. É notável, porém, o cuidado com cada quadro, com cada movimento de câmera.

É uma das séries com maior relevância social atualmente

The Handmaid’s Tale imagina um mundo distópico não muito impossível ou distante de nossas realidades. Na trama, as taxas de fertilidade despencaram, e o problema parece ser o estopim para que um governo totalitário tome uma decisão absurda: comandado por homens, o tal governo retira os direitos das mulheres, subjugando-as, impedindo que elas trabalhem, possuam bens materiais, qualquer vestígio de cultura e até mesmo identidade. As mulheres férteis e que não pertenciam às ricas famílias no poder, tornaram-se aias (uma “handmaid”), servindo como servas das famílias poderosas, sendo estupradas pelos patrões para que gerem crianças.

Calcada nessa premissa, a série, assim como o livro, debate sobre machismo, opressão, perda de identidade, totalitarismo, fascismo e religião. Em um mundo cada vez mais intolerante, conservador e adepto a extremismos religiosos, The Handmaid’s Tale é a obra do audiovisual mais corajosa dos últimos meses. Os personagens usam a Bíblia como desculpa para seus atos absurdos e criam castas sociais para oprimir. Em tempos onde o machismo parece crescer ao invés de sumir, a série dá um soco no estômago da sociedade e promete sacudir velhos conceitos.

Diversidade e Elisabeth Moss

Dos dez episódios da primeira temporada, oito são dirigidos por mulheres. Reed Morano, que comandou os três primeiros capítulos, levou o Emmy de Melhor Direção pelo piloto. Dos nove roteiristas, sete são mulheres. E nem começamos a falar do elenco, feminino em sua massiva maioria. Na linha de frente está Elisabeth Moss, protagonista e força motriz de The Handmaid’s Tale.

É dela que emana boa parte da força da série e é ela que protagoniza os melhores momentos da temporada. Sua potência, indelével durante dez horas, garantiu um Emmy de Melhor Atriz e tornou o show um dos mais elogiados pela crítica e público no ano. Os motivos para o sucesso são vários, mas Moss é um dos principais.

Sobre o autor

Matheus Pereira

Coordenação editorial

Matheus Pereira é Jornalista e mora em Pelotas, no Rio Grande do Sul. Depois de quase seguir carreira na Arquitetura, enveredou para o campo da Comunicação, pelo qual sempre nutriu grande paixão. Escritor assíduo na época dos blogs, Matheus desenvolveu seus textos e conhecimentos em Cinema e TV numa experiência que já soma quase 15 anos. Destes, quase dez são dedicados ao Mix de Séries. No Mix, onde é redator desde 2014, já escreveu inúmeras resenhas, notícias, criou e desenvolveu colunas e aperfeiçoou seus conhecimentos televisivos. Sempre versando pelo senso crítico e pela riqueza da informação, já cobriu eventos, acompanha premiações, as notícias mais quentes e joga luz em nomes e produções que muitas vezes estão fora dos grandes holofotes. Além disso, trabalha há mais de dez anos no campo da comunicação e marketing educacional, sendo assessor de imprensa e publicidade em grandes escolas e instituições de ensino. Assim, se divide entre dois pilares que representam a sua carreira: de um lado, a educação; de outro, as séries de TV e o Cinema.