The Resident: nova série tem tudo para curar a mesmice dos dramas médicos atuais
Crítica, sem spoilers, do primeiro episódio da série The Resident.
Série estreou dando fôlego para o gênero…
Ao assistir a primeira cena do piloto de The Resident, uma esperança para curar a fadiga das séries médicas atuais renasceu. Em um ato de descuido, um grupo de médicos comete um erro em uma simples cirurgia e, a partir dali, demonstram a mais pura imprudência ao inventar uma causa da morte distinta para seu paciente – apenas para acobertar tal falha.
A saúde no Brasil e no mundo é caótica. Todos sabem. Apesar de em terras tupiniquins termos a consciência de que as pessoas passam horas na fila de hospitais públicos, ao assistirmos as produções norte-americanas do gênero achamos que tudo é maravilhoso. Médicos bonitões, cirurgias estilosas, e casos impossíveis que param o dia no hospital – apenas para intercalar com os dramas pessoais dos cirurgiões. Esse formato está esgotado e enxugado “até dizer chega” por produções como Grey’s Anatomy, Code Black, Chicago Med, entre outras…
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Indo na maré traga por The Good Doctor, de inovar a forma de se fazer séries médicas, The Resident é audaciosa ao colocar os médicos no centro do moinho negativo. A grande questão que move os arcos da série é: será mesmo que tudo funciona dentro do hospital? O que, de fato, acontece dentro de uma sala de cirurgia? E os médicos, passam todas as informações necessárias para seus pacientes e familiares?
Essa é a audácia que vejo como mote para The Resident e que, honestamente, sinto falta na TV desde o fim de E.R. – Plantão Médico. Na época, a mais completa e original série médica ousava de forma indiscutível, e discutia a ética médica no seu mais alto nível. Claro que, a princípio, The Resident não chega aos pés. Mas apenas por se propor a seguir este caminho, a série já ganha muitos pontos.
Juntamos à isso, personagens carismáticos com rostos conhecidos de produções que sempre amamos.
O Dr. Conrad Hawkins do Matt Czuchry (o Cary de The Good Wife e o Logan de Gilmore Girls) é, talvez, uma das peças mais surpreendentes do conjunto de The Resident, e junto com a enfermeira Nicolette de Emily VanCamp (nossa eterna Amanda Clarke de Revenge) encabeçam o núcleo que o público irá torcer e se identificar. Mas ainda temos dois peões no jogo que deverão mover boas histórias: o jovem médico Dr. Devon Pravesh, que chega ao hospital com a imagem da faculdade de que a medicina é uma receita de bolo, e o Dr. Randolph Bell, do incrível Bruce Greenwood que enfrenta um problema de coordenação motora que se tornará um dos problemas centrais desta primeira temporada.
A curto modo, não dá para fugir do formato onde médicos atendem pacientes e se solidarizam com suas histórias. Além da dinâmica de líder e insubordinado, assim como a de orientador e aprendiz. Mas a forma como é conduzida, desmistificando a medicina moderna, coloca The Resident em um patamar dos dramas médicos que, certamente, merece nossa atenção.
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Há uma cena, em específico que me chama atenção: o interno idealista, em certo ponto do episódio, salva uma viciada em drogas após passar mais de 20 minutos tentando ressuscitá-la. A maioria das séries médicas acabariam a história ali, adicionando uma música de indie-pop no fundo até o momento em que se cortaria para o comercial. Mas The Resident dá um soco no estômago do espectador, ao mostrar que depois de tanto tempo o oxigênio que faltou no cérebro da paciente causará uma morte cerebral. Ele a salvou por nada.
Não estou aqui falando que ela chegará em busca de prêmios ou notoriedade, mas é uma série para ficarmos atentos, analisarmos sua narrativa com calma e abraçarmos a história que ela deseja contar. É a fuga do genérico com potencial incrível para intrigar o espectador a acompanhar essa trajetória.
Com estreia marcada oficialmente para o dia 21 de janeiro, esta primeira temporada de dez episódios é um prato cheio para os fãs de drama médicos, e para aqueles que estão cansados de verem casos “água com açúcar” misturados com jalecos brancos.
Pegue a pipoca e aprecie, sem moderação, o seu novo crush médico!
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