Critica: Quem é Você Alasca?, série do Hulu, é sensível e nostálgica 

Crítica da primeira temporada de Quem é Você Alasca?, nova série do Hulu exibida em oito episódios pela plataforma norte-americana.

Imagem de Quem é Você Alasca, série do Hulu
Imagem: Hulu/Divulgação.

Com estilo The OC, Quem é Você Alasca? cativa pela simplicidade 

Mais um livro de John Green acaba de ser adaptado e dessa vez estamos falando de Looking for Alaska, mais conhecido no Brasil comoQuem é você, Alasca?”.

Tendo agora a obra de Green sendo adaptado para a TV, a trama serve de base para a nova série limitada em oito episódio do serviço de streaming HuluO livro inicialmente seria adaptado para o cinema em 2005, mas o roteiro ficou no limbo. Ano passado, Josh Schwartz anunciou que iria produzir uma série baseada no livro ao lado de sua parceira Stephanie Savage. 

Esses nomes são conhecidos por grande parte do público que curte séries teens. Eles foram os responsáveis por The OC (melhor serie teen de todos os tempos, em minha opinião), Gossip Girl e recentemente Runaways, todas muito bem-sucedidas e adoradas pelo nicho. 

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Quem é Você Alasca? conta a história de Miles “Pudge”, um adolescente que sai de Orlando para estudar na mesma escola que seu pai estudou, Culver Creek Prep, no Alabama. Ele é obcecado pelas últimas palavras de personalidades famosas e sua maior motivação é encontrar o seu “Grande Talvez”, uma ideia que vem das últimas palavras do famoso poeta François Rabelais. Lá, ele encontra um grupo único de amigos: Coronel (Denny Love), Takumi (Jay Lee) e a incrível e problemática Alaska Young (Kristine Froseth) que vai mudar sua vida pra sempre. 

Adaptação expande história do livro sem deixar de ser fiel a obra original  

Josh consegue capturar a essência do material original e entrega uma adaptação orgânica e sensível sobre a vida dos jovens. Ainda que o ambiente seja o ano de 2005, a trama é atemporal e mostra histórias e personagens universais. Apesar de em alguns momentos eles não falarem como verdadeiros adolescentes, existe verdade e sentimento em cada palavra. Todos têm escolhas a tomar, e toda escolha, toda ação, tem o poder de alterar uma vida. 

O texto traz uma mensagem sobre amizade, primeiro amor e perda. Bem como sobre esperança, sobre encontrar seu lugar no mundo, seu próprio ciclo de amigos que te ajudam a não só encontrar respostas para as grandes perguntas, mas também a encontrar luz nos momentos mais tristes e sombrios.  

O ponto de virada da trama sem dúvida é a parte mais comovente. Por isso a história é marcada com “antes e “depois”A trama antecipa uma tragédia que está prestes a acontecer e que terá reflexos na vida de todos, sobretudo no grupo de Pudge. Mas antes que o fatídico acidente de carro aconteça, temos tempo de conhecer os personagens e principalmente a rivalidade dos bolsistas e os alunos ricos, “os guerreiros do dia da semana”. Eles levam a outro nível os trotes e brincadeiras escolares. 

Imagem: Hulu/Divulgação.

Nostalgia é uma das características mais de Quem é Você Alasca?

Tudo que é apresentado desde o início provoca nostalgia no público e nos fãs das séries que marcaram uma geração. A trilha sonora, característica das produções de Josh é facilmente identificada aqui. A música não só define os personagens como se torna parte fundamental da trama. 

A trilha sonora trazendo um som indie e covers de algumas canções famosas aliadas a escrita de Josh remetem diretamente a The OCInclusive, algumas cenas clássicas são recriadas de forma sutil em Looking for Alaska. Da mesma forma que os cenários aquecem a memória dos fãs de Dawson’s Creek. Além disso, vale ressaltar, a fotografia é diferente das séries teens modernas e as paisagens são incríveis. 

Na série, Milles ainda é o protagonista, afinal a história é sobre sua jornada interna. No entanto, os outros personagens ganham mais espaço, fornecendo uma visão mais ampla sobre os acontecimentos. Alaska não é tão misteriosa, mas é igualmente complexa e intensa. Coronel rouba a cena e isso é mérito do ator Danny Love. Takumi, o aspirante a rapper, também tem seu momentos. Cada um tem sua jornada particular enquanto juntos tentam encontrar uma forma de sair do labirinto do sofrimento quando a tragédia os encontra. 

Considerações finais 

Sem dúvida, foi um grande acerto adaptar o livro de John Green para TV. A trama ganhou tempo de tela suficiente para explorar o universo de Milles e seus amigos e toda sua jornadaTudo se expande, o que acaba trazendo mais profundidade a adaptação.  

Como muitas produções jovens, o roteiro relata a busca por identidade em muitos sentidos, ao mesmo tempo se revela uma história sobre amadurecimento, amizade, primeiro amor e luto. Sobre como cultivar relacionamentos, principalmente em uma época cada vez mais conectada e ao mesmo tempo distante. É na sutileza e simplicidade que Looking for Alaska se torna tão relevante. 

No fim das contas o mistério nunca foi sobre encontrar uma saída do ‘labirinto do sofrimento’, mas sim uma forma de como percorrê-lo. Todo mundo já teve ou vai ter essa experiência e todo mundo merece a oportunidade de encontrar o seu “Grande Talvez”. 

Ainda não há previsão de Quem é Você Alasca? chegar ao Brasil.

Sobre o autor
Yuri Moraes

Yuri Moraes

Redação

Yuri Moraes é formado em Direito e Marketing Digital e atualmente cursa Produção Cultural. Morador do Rio de Janeiro, sempre foi um grande apaixonado por conteúdo audiovisual e o universo da cultura pop. Um cinéfilo declarado, um seriador nato. Formado em teatro, descobriu sua paixão pela escrita e desde então vem estudando e se capacitando como escritor. Redator do Mix de Séries desde 2016, se desenvolveu como profissional da área e já colaborou com diversos textos em formato de críticas, reviews semanais e notícias. Através de seus textos busca sempre apresentar uma análise pessoal, técnica e sincera das produções que assiste, sem deixar o bom humor de lado. Sempre atualizado nos assuntos do momento, faz cobertura de diversos eventos representando o site. Outra paixão que caminha lado a lado é produção de eventos. Colecionando em seu currículo experiências em grandes eventos, possui verdadeira paixão em fazer parte do processo de construção e execução de eventos culturais. Com isso, equilibra seu trabalho de departamento pessoal com o ofício de escritor e produtor cultural.