Crítica: 3×11 e 3×12 de 9-1-1 lançam olhares para relacionamentos contemporâneos

Crítica dos episódios 11 e 12 da terceira temporada de 9-1-1, exibida nos Estados Unidos pelo canal Fox. Matéria com spoilers.

9-1-1 retornou de seu hiato sem definir um objetivo e apenas nada em um mar de incertezas

Quando estreou, 9-1-1 já se imaginava enquanto um procedural diferenciado. Isso porque, feita pelas mão de uma equipe invejável como Ryan Murphy, Brad Falchuck e Tim Minear, o seriado iniciava numa crescente de expectativas. E quem acompanha essa equipe pra lá de talentosa sabe que a sua linguagem preza pela autenticidade. 

Foi dito e feito: com uma primeira temporada absurdamente surpreendente, entre poucos excessos e um texto muito dedicado, a série triunfou. Não obstante, o segundo ano também permaneceu nessa crescente, com uma evolução exponencial de personagens e tramas muito promissoras que consolidavam esse procedural cheio de personalidade. 

Enfim, chegamos no terceiro ano. Também carregado de boas esperanças, a temporada já abria com a ideia de um tsunami que, ao ser posta em prática, provou muita agilidade e boas sacadas da produção em criar um evento formidável com um orçamento tão enxuto. 

É pena, porém, que após tal acontecimento, a série foi entregue às incertezas e problemáticas de um roteiro que não sabe muito bem para onde quer nos conduzir. 

Entre o raso e o profundo em 9-1-1

Abro esse inter título com uma frase que pode parecer infundada, mas que, ao fim, crava um ponto certeiro no que se tornou a narrativa de 9-1-1 nessa terceira temporada. “Entre o raso e o profundo“. Nos episódios 11 e 12, Seize the Day e Fools, a série entrega uma discussão sobre relacionamentos familiares e afetivos – esse segundo dando cabo para uma reflexão sobre aplicativos de relacionamentos – mas não se dedica com afinco a nenhum deles. 

De forma geral, isso tem se tornado uma praxe para a série no terceiro ano. Veja como há uma sucessão de tramas e subtramas que se embaralham e acabam sem provar o seu ponto: Buck processa a cidade e sai impune das atitudes imaturas. Hen se envolve em um acidente trágico que prometia muito, mas que é deixado de lado com saídas fáceis na primeira oportunidade. Eddie continua lidando de forma bastante superficial com suas fragilidades. Athena e Bobby dão voltas em círculos tentando encontrar um plot para chamar de seu. Nem mesmo Michael, ao lidar com um tumor no cérebro, consegue alavancar a história a fim de criar catarse. Há, em 9-1-1, uma sucessão de atos falhos. 

Chimney e Albert

Como se não bastasse o amontoado de tramas irresolutas, a série apresentou um novo personagem. Albert, o irmão biológico de Howard, chega para agitar os conflitos internos do personagem com a família, ao passo em que o texto enfoca emergências que também dizem respeito a temática proposta. 

Não há muito o que acrescentar nessa narrativa, afinal, a estação 118 sempre se autodeclarou família: aquela que a gente escolhe pertencer. E, ao catalogar isso, a série faz um bom uso do desenvolvimento de personagens, mas também peca pelo excesso ao transformar diálogos em pieguices tremendas. Vale ressaltar: 9-1-1 já fez muitas reflexões cabíveis, mas as desse episódio só soaram repetidas. 

Josh, enfim, diz a que veio 

Desde que apareceu pela primeira vez, Josh sempre deu rompantes de bom personagem. No entanto, o texto sempre o transformou em um conselheiro salva-vidas, nunca dando a oportunidade para ele crescesse junto às outras personagens. 

Apesar disso, os roteiristas perceberam o potencial narrativo do sujeito e acabou entregando a ele um plot cheio de promessas. No episódio 12, executado para compreender as nuances das pessoas que procuram por relacionamentos, principalmente por meios entregues pela modernidade, como aplicativos de relacionamentos, Josh, enfim, sai das margens. 

Assistir a cena dele apanhando de dois criminosos, achando que estava prestes a encontrar a sua “metade da laranja”, foi doloroso, mas a trama parece ainda não estar encerrada. É possível enxergar, nesse território, discussões importantes como homofobia, os perigos de tais aplicativos, o modus operandi daqueles homens que o violentaram. Que a série faça bom jus às suas propostas!

É válido dizer, então, que 9-1-1 retornou morna, sem um escopo e definhando em busca de um ritmo, mas que ainda continua divertindo pelo que um procedural está apto a fazer, ainda que por meio de alguns percalços. 

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Abaixo, o vídeo promocional do próximo episódio.

https://www.youtube.com/watch?v=mbL2HR8CefY

 

 

Sobre o autor
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Lucas Wilker

Estudante de Jornalismo e grande admirador do Ryan Murphy e suas fábulas. Apaixonado pelo universo audiovisual desde que os X-Men o convidaram para adentrar em suas aventuras. Chora facinho com This Is Us e é extremamente afeiçoado aos personagens das séries, dos filmes e dos livros que consome. Eterno aprendiz da escrita.

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