Crítica: Em tempos de fogo e fúria, 4×12 de Madam Secretary capricha na utopia
Review do décimo segundo episódio da primeira temporada de Madam Secretary, da CBS, intitulado "Sound and Fury".
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Será que Michael Wolff ajudou a escrever o roteiro?
Um dos méritos de Madam Secretary é a maneira que a série consegue fazer um contra ponto com a realidade. Mostrar qual o “normal” num momento que o noticiário se debate entre a incredulidade e a subversão de valores. Fala-se de assuntos importantes também, como fake news, assim como interferência russa e conflitos no Mar do Sul da China.
Sound and Fury, entretanto, é um ponto fora da curva. O episódio baseai-se na ideia de que o autor de Fogo e Fúria, estava certo. Onde o roteiro se propõe a debater uma realidade alternativa e mostrar ao telespectador o que acontece quando tudo aquilo é verdade.
Após um suposto ataque sônico na embaixada dos Estados Unidos na Bulgária, o presidente Dalton está decidido que é a Rússia é a responsável. Mesmo sem ter provas para embasar a acusação, o chefe do executivo promete mostrar ao país inimigo todo o seu poderio militar.
Se essa pequena sinopse lhe lembrou da infame tarde de agosto de 2017 na qual Trump avisou para “Coreia do Norte para não ameaçar os Estados Unidos, do contrário sentirão fogo e a fúria”, fique tranquilo porque essa é a ideia. A intenção é de mostrar um presidente instável ameaçando guerra nuclear vai ao encontro da proposta de Sound and Fury.
Isso porque a série mostra que quando isso acontece, não há o menor problema em debater a capacidade do presidente em continuar no posto. É ruim? Sem dúvida. Nos deixa desconfortáveis? Claro. Mas há de se lembrar que o interesse de quase 300 milhões de pessoas está nas mãos de um único homem.
É realidade que você quer?
Por isso acredito que o roteiro acertou em mostrar como que o artigo 4º da 25ª emenda seria eventualmente invocado. Para aqueles não familiarizados, saibam que tal disposição serve para tirar o presidente do cargo quando ele não tem condições de governar. O gabinete, juntamente com o (a) vice-presidente, se reúne para decidir se é bom para o país a permanência do chefe do executivo.
Em Madam Secretary, nós tivemos exatamente uma discussão como essa. Onde nossa protagonista liderou a trupe daqueles que se declararam “pró-américa” contra aqueles “pró-Dalton”. É verdade que a decisão ficou extremamente limitada ao executivo. Se deu lições de patriotismo, de amor pelas instituições e pela constituição, mas nada além disso. O roteiro não trouxe os impactos no Congresso, uma vez que Dalton foi eleito pelo colégio eleitoral da Câmara. Também não se falou da mídia, que seria uma excelente oportunidade de debater a saturação do atual mercado.
Entretanto, eu aprecio o recorte, a proposta e a ideia. Acredito que muitos telespectadores se viram diversas vezes pensando no que aconteceria “se o presidente fosse realmente retirado do cargo. Por curiosidade, a última vez que essa emenda foi utilizada foi em 2007 quando Dick Cheney virou presidente por pouco mais de duas horas para que George W. Bush pudesse fazer uma cirurgia de câncer no cólon.