Crítica: I May Destroy You é a série mais desconfortável e impactante do ano

Crítica dos primeiros episódios da série I May Destroy You, produção original da HBO. Série é exibida toda segunda-feira, às 23h, na HBO Brasil

Imagem: HBO/Divulgação

Nova série mistura drama e comédia para falar sobre abuso sexual

Existem séries que nos fazem chorar, outras nos arrancam gargalhadas, algumas até dão aquele medinho. Provocar essas emoções no público é, provavelmente, o grande objetivo de qualquer produção, mas a HBO atingiu outro patamar quando lançou o dramédia com notas cômicas I May Destroy You.

Escrita e protagonizada por Michaela Coel – responsável pela premiada Chewing Gum (Netflix), I May Destroy You explora as consequências de uma noitada caótica da jovem escritora Arabella.

A trama é um quebra-cabeça de sensações desconfortáveis

Pressionada para entregar seu segundo livro e enfrentando um pequeno “bloqueio criativo”, Arabela decide se unir a um grupo de amigos em um bar da cidade. O encontro deveria ser rápido, mas entre doses de tequila e outras drogas, tudo começa a sair do controle. O que vemos depois são flashes de uma noitada divertida, comum para a geração dos millennials.

Mas no dia seguinte, Arabela aparece desnorteada, sem lembrar muito bem do que aconteceu com ela na noite anterior. Algo a incomoda. Somente no final do episódios temos uma pista de que algo muito sério aconteceu: ela foi estuprada.

Imagem: Divulgação/Divulgação

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No entanto, tudo vira um quebra-cabeça. Para Arabela e para o público. Ela sai, literalmente, em busca dessas peças ausentes para tentar compreender o que realmente aconteceu. Durante todo esse processo, é inevitável sentirmos um incômodo gigantesco. Ele está na reação – e as vezes indiferença – dos seus amigos; nas incríveis expressões faciais de Michaela, que às vezes parece não acreditar que ela pode ter sido violentado; e no teste médico que a personagem finalmente se submete para colher provas do crime.

Criadora da série aborda tema de forma jamais vista

Pode parecer que não há espaço para comédia em uma trama como essa, mas não foi a toa que Michaela Coel chamou atenção da indústria. Ela é ousada, moderna e sabe como ninguém criar camadas para suas histórias e personagens. Isso resulta em momentos engraçados e igualmente constrangedores. Aquele incômodo do qual falei, se faz ainda mais presente nos momentos cômicos.

A trama de I May Destroy You também dá espaço para outros personagens com histórias tão importantes quanto a de Arabela. Terry (Weruche Opia) é uma atriz em formação que divide apartamento e aventuras com Arabela. Kwame (Paapa Essiedu) é o melhor amigo com quem a jovem pode contar (do jeito deles) nos piores momentos.

Ao longo dos 12 episódios previstos para a temporada, os dois personagens secundários também se envolvem em situações de abuso sexual. São situações que se diferenciam entre si e que devem gerar no público muita reflexão, pois são essencialmente momentos “comuns” pelos quais qualquer um de nós pode passar – ou já ter passado –  e não perceber que se trata de abuso.

Baseada em fatos traumáticos e reais

Essa sensibilidade em tipificar e detalhar os abusos e os traumas subsequentes, como nunca foi feito antes em produções de TV não é a toa. Em 2018, Michaela Coel revelou ter sido vítima de abuso sexual. O relato que ela compartilho na época coincide em vários momentos com o que é mostrado na série.

Portanto, existe um embasamento genuíno no argumento da produção. O que torna a experiência de assistir a série ainda mais impactante e necessária. Na verdade, impactante é a palavra que melhor define I May Destroy You.

Imagem: Divulgação/Divulgação

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Além do plano de fundo biográfico, a série se preocupa em apresentar personagens muito reais. Arabela, Kwame e Terry estão sempre usando seus smartphones, seja para conseguir um parceiro para sexo casual em aplicativos de pegação ou para publicar fotos com legendas motivacionais.

Em alguns momentos eles parecem até indiferentes aos reais problemas do outro. Esses trejeitos e vícios de comportamento da atual geração deixam a série muito mais relacionável. Ou seja, o público provavelmente vai conseguir se enxergar ali em algum momento.

Com menos da metade dos episódios exibidos, sem dúvidas a série vai aparecer nas listas de favoritas para a próxima temporada de premiações. Podem aguardar e conferir.

I May Destroy You é exibida semanalmente, toda segunda-feira, às 23h, na HBO Brasil. Os episódios também são disponibilizados na plataforma de streaming da emissora, o HBO Go.

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Sobre o autor
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Italo Marciel

Cearense, 28 anos. Jornalista especialista em Assessoria de Comunicação. Viciado em séries desde que se entende por gente e apaixonado por cinema. O cara que fica feliz em indicar uma boa série ou um bom filme para os amigos.

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