Critica: Insatiable, série da Netflix, está mais absurda em sua 2ª temporada
Crítica da segunda temporada de Insatiable, série original da Netflix. Todos os episódios já estão disponíveis na plataforma.
Nos novos episódios de Insatiable, Patty está ainda mais insaciável
Está de volta uma das sérias mais controversas da Netflix, Insatiable.
Descrita como uma série de comédia sombria sobre vingança, a primeira temporada de Insatiable foi duramente criticada antes mesmo de sua estreia. Mas isso não atrapalhou sua renovação. A segunda temporada dá continuidade aos eventos turbulentos da vida de Patty Bladell (Debby Ryan) e prova que sua vida não é só feita de concursos de beleza. Mas sim sobre dilemas morais, e como sair impune de um assassinato… ou assassinatos.
Depois da loucura do final da primeira temporada, Patty e Bob precisam encobrir os assassinatos dela enquanto se esforçam para voltar à normalidade de suas vidas, uma tentativa frustrada. A vida dessa dupla nunca foi normal e as novas crises dificultam tudo. O relacionamento do preparador e da Miss é posto à prova enquanto lidam com novas situações inusitadas e bizarras. E como se tudo não fosse tão complicado, uma onda de assassinatos agitou o mundo dos concursos de beleza. Sempre que alguém morre, Patty acaba ganhando a coroa. Estranho não é mesmo?
A personagem de Debby Ryan foi comprovadamente autodestrutiva com uma agressividade incontrolável. Se anteriormente toda essa raiva era um mecanismo de defesa, agora ganha outras camadas. A fome insaciável nunca foi por comida. A comida era apenas uma forma de bloquear sua verdadeira fome e se manter lucida o suficiente para viver em sociedade. Sua verdadeira natureza é homicida. É assassinando alguém que ela pode canalizar sua energia e se expressar. Ou seja, a trama conseguiu subverter tudo que sabíamos sobre a personagem na temporada anterior.
“Nada tem um gosto tão bom quanto matar”
Os novos episódios contam com várias citações a série Dexter. Não por acaso, Lauren Gussis é a produtora de ambas as series. O roteiro abraça o ridículo e as situações ficam ainda mais bizarras. Se inicialmente havia uma tentativa de redenção e consciência para Patty, em um segundo momento isso é deixado de lado. Fica claro que ela é uma pessoa sem controle nenhum sobre sua vida e as situações que se envolve. Ainda que ela tenha sempre um plano nem sempre funciona, o que dá abertura para reviravoltas absurdas.
O recurso de narração se mantém como forma se expressar os pensamentos e motivações dos personagens. E desta vez se expande para todo o elenco. Todos os personagens tem suas próprias vidas e pensamentos e precisam se expressar de alguma forma. Quando o assunto é compulsão alimentar, a série entende que seja um assunto real, uma doença que precisa ser tratada. A saída encontrada foi introduzir Patty em reuniões de grupo de apoio. Mas ainda parece faltar sensibilidade para tratar o tema.
Algumas coisas continuam não funcionando na série. O namoro lésbico de Nonnie, melhor amiga de Patty, não apresenta nenhuma verdade. As mortes que ocorrem ao longo da temporada não têm nenhum peso real. Seja na trama ou na vida dos demais personagens. O desenvolvimento sobre o mistério dos assassinatos é pífio. Ainda que os personagens se desenvolvam, acabam indo para caminhos surreais. Ainda que seja um produto de entretenimento, seu desenvolvimento não deveria ser tão raso.
Insatiable ainda mais maluca
Insatiable é o tipo de série maluca onde tudo pode acontecer. Não deixa de tirar sarro e fazer piada com todo material disponível. Os novos episódios mostraram como funciona a raiva de Patty e sua real identidade. Ao mesmo tempo, ela se questiona até onde sua mãe e seus amigos estão dispostos a apoiá-la sendo quem realmente é. Essa mudança de tom traz novas possibilidades para série.
A série da Netflix usa do humor sarcástico para mostrar como alguém pode ficar traumatizado por ser motivo de piada devido a sua aparência e seu peso e quais podem ser as consequências. Com os acontecimentos finais da temporada, Insatiable se encaminha para uma típica série ao estilo Santa Clarita Diet. Uma comédia satírica com humor ácido e sombrio. Talvez, se o roteiro deixar de lado a história da ex garota gorda, e apostar na verdadeira personalidade de Patty, possa sofrer menos rejeição de parte do público.
Ainda é cedo para falar sobre uma renovação, se depender do elenco e da produtora Lauren Gussis a série ainda tem fôlego para mais episódios. Duas grandes questões que ficam são, Patty vai continuar matando parar vingar Bob ou apenas para alimentar sua fome? Ainda vai valer a pena saborear mais sobre a história da Miss?