Crítica: Manhãs de Setembro prova que Brasil tem fôlego no streaming

Crítica da nova série brasileira do Amazon Prime Video, Manhãs de Setembro, que mostra a potência do Brasil na produção do gênero.

Crítica Manhãs de Setembro
Imagem: Divulgação/Amazon Prime Video

No mês da visibilidade LGBTQIA+, o Amazon Prime Video lançou sua nova série Manhãs de Setembro, com a estrela em ascensão Liniker. Na série, acompanhamos a jornada de uma personagem complexa e cheia de camadas, enquanto tenta aceitar as consequências dos seus atos do passado. Seguindo esse ponto de vista tão único, portanto, acompanhamos uma jornada de aceitação de tantas formas diferente que, em poucos episódios, marcam a audiência que já deseja mais episódios da série.

Na esteira de séries brasileiras estreando nos serviços de streaming, a nova aposta do Prime Video mostra que nasceu no local correto. O estilo de narrativa mais devagar é uma marca do gênero. Além disso, a alternância entre cenas sensuais, palavrões, bem como momentos do cotidiano também são característicos. Na TV aberta, mostrar uma realidade da forma como é vivida pode ser difícil. Já no mundo da séries de internet, o céu pode ser o limite.

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Imagem: Divulgação/Amazon Prime Video

A vida de Cassandra

Em cinco episódios, a primeira temporada de Manhãs de Setembro foca na relação entre Cassandra (Liniker), uma mulher trans, e Gersinho (Gustavo Coelho), seu filho indesejado. O difícil início de relação entre os dois personagens é muito marcado pela experiência da vida da personagem principal. Ela, uma pessoa que batalhou muito para conseguir sua estabilidade, se vê prestes a repetir os mesmos erros que a magoaram no passado. Dessa forma, o roteiro foca nas sutilezas do dia a dia para exibir a trama de sentimento.

Para contar essa história, então, a produção escalou um elenco de peso. Além dos já citados, as estrelas do cinema nacional Karine Teles (Que Horas Ela Volta?) e Thomas Aquino (Bacurau) dão vida a tipos muito próprios da trama que nos jogam dentro do universo estabelecido nas ruas de São Paulo. A série é centrada em Cassandra e cada personagem exerce uma força sobre seu pensamento e nas decisões que precisa tomar. Linn da Quebrada também faz uma ótima participação.

A pressa é inimiga da perfeição

Ao escolher narrar a história em episódios mais curtos, em média menos de 30 minutos, a série faz seu primeiro acerto. Contudo, ao limitar a temporada a cinco curtos episódios, a produção frustra o telespectador já imerso naquela narrativa. Assim que compreendemos o ritmo em que as coisas caminham em Manhãs de Setembro, esperamos que o fruto da maratona seja uma conclusão delicada e bem pensada. Portanto, algo que se arrastaria ao longo dos episódios. A proposta original é essa e certamente se realiza dessa forma nos três primeiros episódios.

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Imagem: Divulgação/Amazon Prime Video

Porém, em algum momento isso se perde. Na necessidade de contar o arco da primeira temporada em tão poucos episódios, parece que existe uma acelerada desproporcional ao momento da trama. De modo que, no último episódio, algo que deveria ter fluido de forma natural, aos olhos da audiência atenta, parece jogado. Assim, como a personagem central vai do ponto A ao ponto B tão rápido, traindo a própria conduta?!

Vale a pena assitir

Nada disso, contudo, desabona os méritos que a série constrói ao longo de seus minutos de tela. Com certa semelhança ao clássico Central do Brasil, vemos uma muito moderna encenada na relação de um adulto e uma criança que tentam se entender. A representatividade aqui se dá não só na problemática, como é comum nos produtos da grande mídia, mas nas relações de amizade, companheirismo e amor. Algo que conta como um super ponto positivo para a série também.

Manhãs de Setembro, nova representante brasileira no mundo dos streamings, mostra um Brasil pouco abordado, mas muito comum para nós. A diversidade e a pluralidade já é parte do nosso cotidiano e é bom poder vê-las na tela, dando um passo a mais na quebra de paradigmas antigos e preconceituosos. Mesmo não sendo uma obra perfeita, apresenta uma atuação competente e um bom roteiro casado com uma boa direção. Além disso, serve de homenagem para a cantora Vanusa, dona da canção que dá nome a série. Vale a pena assistir!

Nota: 4/5

Sobre o autor
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Guilherme Bezerra

Pernambucano estudante de jornalismo. Apaixonado por séries desde sempre, aprendeu inglês maratonando How I Met Your Mother. Viajou por mundos e pelo tempo com o Doutor e nunca consegue dispensar uma maratona de Friends. Não vale esquecer a primeira maratona de séries com A Grande Família!

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