Crítica: Mesmo sem capricho, Waco é provocativa e ótima televisão
Review da minissérie Waco, da Paramount Channel.
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É história que você quer?
Quando a Viacom anunciou que transformaria o Spike no Paramount Network, pensei que o assinante de TV a Cabo dos Estados Unidos ganharia mais um canal de filmes antigos, algo na linha da TCM. Felizmente, estava enganado. Para o lançamento da nova emissora, escolheu-se seguir com a fórmula mágica da programação original. Confesso que me surpreendi quando soube que o primeiro projeto seria uma minissérie sobre o Cerco de Waco. Um dos eventos mais controversos da década de 1990, mas que entrava na linha de manifestações anti-governo da época.
A sequência de terrorismo doméstico foi: Ruby Ridge em 1992 em Idaho; Cerco de Waco em 1993 no Texas; atentado de Oklahoma City, em Oklahoma, em 1995 e por fim a prisão do Unabomber em 1995 após décadas espalhando terror por diversos estados. Todos os eventos promoveram fatos curiosos em Washington D.C.. O primeiro deles foi a reputação abalada do FBI, uma vez que diversos erros foram cometidos durante as operações. Já a segunda veio quando Bill Clinton declarou que a “era do estado grande acabou” durante o memorável State of The Union de 1996.
Assim como a década de 1960, a de 1990 também mudou os Estados Unidos de uma forma profunda. Seja pelos acontecimentos que levariam ao 11/09, pelo terrorismo doméstico e até mesmo pelo escândalo sexual com Monica Lewinsky. A boa notícia é que na era de ouro da televisão, temos a possibilidade de ver como que Hollywood adapta essas histórias para TV. No caso de Waco, temos algumas inconsistências com o que realmente aconteceu, mas lembro-lhes que essa minissérie foi baseada num livro e consequentemente o comprometimento é com a obra.
Quanto ao elenco….
Confesso que a escolha de Taylor Kitsch para interpretar o protagonista me deixou surpreso. Ele não tem uma filmografia muito qualificada com Battleship e John Carter, mas quer saber? Ele entregou o melhor trabalho da sua carreira, sem dúvida. Entregou o nível emocional e as nuances que o personagem pedia, foi convincente e realmente espetacular nos momentos corretos. Acredito que a direção não soube dosa-lo com o restante do elenco, ofuscando nomes como Melissa Benoist, cuja performance foi um tanto quanto mediana.
Michael Shannon foi outra grande surpresa. Sei que ele está trabalhando muito ultimamente em televisão e cinema, porém todos com a qualidade de sempre. O ator transformou um personagem médio em alguém importante e relacionável, que mesmo cometendo erros e tomando decisões que você e eu não provavelmente não concordamos, conseguíamos entender as suas razões e o porquê daquilo ou daquele outro. Vale ressaltar que o verdadeiro Gary Noesner, autor do livro que inspirou a minissérie, foi uma figura menos controversa daquela que a produção sugeriu.
Mesmo com orçamento baixo em razão da pouca certeza de que Waco daria certo, penso que a produção poderia ter sido bem mais caprichada. Quem sabe um fotógrafo melhor para compor uma cinematografia que remetesse à iluminação natural do Texas rural. Ou até mesmo editores com mais comprometimento na continuidade uma vez que muita cenas mostraram-se um tanto defeituosas nesse quesito.
Não acredito que essa minissérie possa se tornar um grande título para temporada de prêmios. Como disse antes, precisava de mais capricho nas questões técnicas. Todavia é sempre muito bom quando temos a oportunidade de aprender com a ajuda do entretenimento. Não concorda?