Crítica: Noite Adentro, série da Netflix, repete fórmula mas sabe entreter

Crítica da primeira temporada de Noite Adentro (Into the Night), série belga da Netflix, lançada recentemente na plataforma.

Critica Noite Adentro
Imagem: Divulgação.

Noite Adentro é uma maratona válida

O mundo está acabando, e desta vez sob a ótica de Noite Adentro – nova série original da Netflix. Aliás, a primeira belga de língua francesa. Intitulada em inglês Into the Night, a atração era bastante aguardada pelos fãs de ficção científica, principalmente porque ela caminha num estilo bem próximo de grandes clássicos da TV. Por conta disso, a série não agrega nada de novo ao gênero. No entanto, ela consegue prender o espectador, valendo uma maratona.

É aquele tipo de série que consegue fazer com que a curiosidade aumente. Todo final de episódio ela utiliza de um gancho interessante – e coeso – para fazer você retornar no próximo capítulo. E não se espante ao não ver uma produção gigantesca – no estilo Westworld ou The Walking Dead. Aqui, os conflitos pessoais valem mais a pena, e são explorados a todo instante, enquanto o ser humano como um todo está a beira da extinção.

Uma trama curiosa

O primeiro episódio da série começa apresentando Terenzio, um homem que corre aleatoriamente até um avião com uma arma, fazendo um sequestro. E antes mesmo do público ter tempo de odiá-lo, ele já deixa claro suas intenções. O personagem está ali para levar o avião para o oeste, e explica que a humanidade está morrendo simplesmente por entrar em contato o sol. Obviamente que ninguém acredita mas, logo, eles se deram conta de que era uma realidade. Assim, sua intenção é correr através da escuridão, o máximo de tempo que puder, para evitar suas inevitáveis mortes.

Durante o primeiro episódio, o tom já é estabelecido. Temos uma vibe de mistério, envolvendo um avião (alô Lost e Manifest!); Também temos um apocalipse acontecendo (opa, The Walking Dead), somado a uma filtro extremamente escuro – como a noite do título (tipo Black Summer). Pois é, temos mortes seguindo-os por toda parte, e uma fórmula que basicamente está batida. Só que, a partir da dinâmica entre personagens, Noite Adentro torna-se uma atração interessante na Netflix.

Assim que desembarcam no primeiro ponto, eles decidem que precisam agir em equipe. Logo, a busca por suprimentos e artigos de sobrevivência vira a prioridade. Mas nem todos os passageiros estão aptos a isso. Com o foco de voar para o Ocidente, evitando o contato com a luz do dia, vai exatamente contra o que muitos queriam. Além disso, os próprios passageiros criam circunstâncias que podem matá-los – indo além do problema do sol. Afinal, estamos falando do ser humano.

Batalha pela sobrevivência

Como apontaram algumas críticas americanas, pode-se dizer que parte de Noite Adentro faz uma alusão à Arca de Noé. É algo como se uma grande catástrofe estivesse destruindo o mundo, e uma aeronave servisse como refúgio para poucos sobreviventes.

Infelizmente, nem tudo é perfeito e muito da narrativa se torna redundante ao longo dos episódios. Assim, a sensação de “já assisti isso” fica ainda maior quando temos a impressão de que a história começa a andar em círculos. Geralmente o episódio se inicia com um flashback do personagem que será o centro da narrativa do episódio. E, assim, fazendo uma alusão aos problemas do presente – sim, isso é totalmente Lost. No entanto, nenhum deles consegue ter um peso maior, o que talvez justifique o grande número de figuras presentes no avião.

Mesmo assim, a falta de desenvolvimento dos personagens acaba sendo conturbada pela dinâmica apresentada entre eles. É como se, a todo momento, eles fossem testados no limite, tendo de sobreviver a uma grande catástrofe, além da relação interpessoal. A atitude de cada personagem, inclusive, ajuda o espectador definir qual é o papel de cada neste grupo que, a todo momento, faz questão de lembrar que eles estão ali apenas por sobrevivência.

Sobre o evento

Basicamente, a série não tenta muito explicar o que está acontecendo – embora um embasamento científico ou outro chega a ser citado. Aliás, em certo ponto, esquecemos que estamos assistindo uma ficção científica, devido o realce das relações entre os passageiros do avião. Talvez essa abordagem seja o “elemento x” que faz Noite Adentro funcionar, não se tornando unicamente uma série “mais do mesmo”. O roteiro corre rapidamente, mas não deixando de destacar o necessário. Sabemos quem é cada um, e o que é preciso fazer para que todos sobrevivam. E é válido ressaltar que, mesmo sutilmente, Noite Adentro se importa em discorrer sobre camadas sociais, relações de remorso, arrependimentos e religião. Todos, temas interessantíssimos.

Enfim, se não tiver nenhum outro título para assistir, a maratona de Noite Adentro se torna interessante. Obviamente, você pode até esquecê-la, após encerrar a maratona. Mas, ao menos, é um entretenimento válido, que de alguma forma faz valer a pena cada segundo.

Desde já, estamos aguardando uma segunda temporada.

Sobre o autor
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Anderson Narciso

Criador do Mix de Séries, atua hoje como redator e editor chefe do portal que está no ar desde 2014.Autor na internet desde 2011, passou pelos portais TeleSéries e Box de Séries.Fã de carteirinha de Friends, ER e One Tree Hill, é aficionado pelo mundo dos seriados. Também é fã de procedurais, sabendo tudo sobre o universo das séries Chicago, Grey's Anatomy, entre outras.

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