Crítica: Quem matou Sara? repete clichês e é ruim do início ao final
Crítica da primeira temporada de Quem matou Sara? da Netflix: série é fraca e transborda de clichês do início ao fim.
Mais uma bomba da Netflix
Quem matou Sara? é uma das mais recentes estreias da Netflix e, enquanto escrevo esta crítica, figura o quarto lugar do Top 10 da plataforma. E a atração já chegou ocupar o primeiro posto.
Mas não se engane: popularidade não é sinônimo de qualidade. Essa regra, aliás, vale para a TV há muitos anos, e tem se repetido constantemente para a Netflix. Há alguns anos, a plataforma resolveu investir em tramas que agradam, se tornam populares e deixam todo mundo comentando. Mas, para isso, em muitos casos, cria tramas que beiram ao ilógico, e em nada agrega para o gênero.
E, infelizmente, tal fato tem acontecido, principalmente, em séries estrangeiras – ou seja, fora do eixo do Estados Unidos.
Isso não é uma regra, claro. Afinal, Cidade Invisível – uma série brasileira – provou ser digna de aplausos e inovou ao contar uma história bem envolvente e popular. Mas outros títulos como The One, e agora Quem matou Sara?, estão apenas estacionados no comodismo e não trouxeram absolutamente nenhuma inovação ao contar suas tramas.
Mistério no ar
Explicar a sinopse de Quem Matou Sara? é algo tão genérico quanto a trama. Um grupo de amigos, em sua maioria ricos, aproveitam um dia ensolarado na imensa casa de lago que a família possui. Então, um acidente acontece, enquanto uma das garotas presentes – a tal da Sara – estava em um balão, puxado por uma lancha. Mas, na verdade, a corda já estava arrebentada o que gerou uma investigação de assassinato.
A família rica, então, obriga o irmão de Sara, Álex, a assumir a culpa, no lugar de Rodolffo – o namorado de Sara e principal suspeito. E ele é facilmente convencido quando os ricaços prometem pagar um tratamento de diálise da mãe de Sara e de Álex, e que o rapaz seria retirado da cadeia em poucos meses.
Então, 18 anos se passam e descobrimos que Álex na verdade pegou uma sentença de 30 anos. Sua mãe morreu poucos meses depois de ser preso, e a família de ricos manteve-se intacta nesse período. É aí que ele sai da cadeia prometendo vingança contra todos aqueles que armaram pra ele.
Já vi esse filme antes
Quem matou Sara?, na verdade, bebe da fonte de O Conde de Monte Cristo. Manuscrito que inspirou diversas adaptações, seja no cinema ou na TV. Umas chegaram a beirar o gênero novelão, como a série Revenge. Mas, de alguma forma, elas inovaram ao contar a sua história e trouxeram uma trama envolvente e cativante.
Mas isso não chega nem perto do objetivo de Quem matou Sara?. A sensação, ao assistir a série da Netflix, é que tudo é muito repetido e batido. Até como se pudéssemos prever os próximos passos.
O fato dos episódios serem pequenos, e sempre terminarem com um gancho mirabolante, quase o força a seguir para o próximo capítulo. Mas a sensação de frustração ao começar um novo episódio é quase que imediata.
E não é só o fato de tudo soar tão clichê. Mas é que as soluções e caminhos que o roteiro opta duvida da capacidade do espectador de não questionar ou rir das opções.
Um exemplo: Álex tem uma casa, onde começa a traçar todo o seu plano de vingança. Mas ele deixa se aproximar de uma das filhas do milionário que o incriminou, e ela rapidamente descobre todo o seu trajeto. Da mesma forma acontece com os capangas do vilão, que invadem o local e acabam com tudo. O que Álex então faz? Permanece no mesmo local, até o fim da temporada.
Diálogos pobres
Outra coisa que incomoda e muito na série são os diálogos extremamente pobres. As conversas entre os personagens soam vazias e sem qualquer aprofundamento. É quase como se eles trabalhassem no automático.
E as tramas de fundo, paralelas à busca de vingança de Álex, são extremamente bobas, dignas de uma novela mexicana. Até mesmo o casal gay, que tinha bastante potencial, acaba preso em momentos constrangedores e sem qualquer apelo emocional.
Talvez isso acontece pelo fato de praticamente todos os personagens serem chatos e indignos de acolhimento por parte do espectador.
A pá de cal vem no final da temporada, quando além de descobrimos que a tal da Sara não era tão digna de pena, na verdade não descobrimos o verdadeiro assassino. 10 episódios de pura enrolação, para manter o espectador com vontade de retornar para a já confirmada segunda temporada – que estreia em maio.
Desculpa, Netflix, mas não vou perder meu tempo com essa bomba…
Acredito que Quem matou Sara? só figurou o top 10 da plataforma por estrear em uma semana que, basicamente, está sem opções de estreia. Só que esta série, facilmente, entrou no hall de uma das piores da plataforma de streaming.
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