Critica: White Lines, da Netflix, tem belos cenários mas trama sem graça

Critica da primeira temporada de White Lines da Netflix. Nova série de Álex Pina, mesmo criador do fenômeno La Casa de Papel.

Imagem: Netflix/Divulgação

Do mesmo criador de La Casa de Papel, série White Lines é pouco atrativa

Álex Pina ganhou fama ao criar uma série sobre um assalto ao banco da Espanha. Agora ele decide se aventurar em uma nova série original para Netflix, mas dessa vez pode não conquistar o mesmo sucesso. White Lines tem uma premissa simples. Após encontrarem um corpo no deserto da Espanha, Zoe Walker (Laura Haddock) tenta desvendar a morte do seu irmão Axel (Tom Rhys Harries), um jovem DJ desaparecido há 20 anos em Ibiza.

O caso é um crime prescrito e uma história que ninguém tem vontade de reviver, exceto Zoe que está determinada a descobrir a verdade sobre a morte do irmão. Axel sai de Manchester em direção a Ibiza com seus amigos Anna, Marcus e David para viver o sonho de se tornar um astro da música eletrônica nas festas e boates. Mas sua chegada muda a realidade de uma família poderosa da região.

Quanto mais a série avança, menos interessante ela se revela. A trama central sobre o mistério de quem matou Axel, fica em segundo plano muitas vezes para dar lugar a dramas familiares e segredos que os personagens escondem. A história se desenrola em um ritmo lento, um mau sinal para uma temporada de 10 episódios com média de 50 minutos de duração cada.

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Drogas, orgias e crimes dão o tom da série

O estilo de vida “espírito livre” domina a primeira linha temporal da série e mostra Axel e seus amigos envolvidos em festas cheias de drogas, sexo e nudez. Ele se torna popular em pouco tempo e atrai todo tipo de problema. Principalmente ao se envolver com a filha do chefão da família Calafat, a mais poderosa da ilha. Esse relacionamento é inicio de todos os problemas. Axel cria uma ligação e um conflito com cada membro da família de sua namorada.

O modo de vida e suas escolhas determinam quem os amigos de Axel são vinte anos depois. Enquanto Marcus se tornou o retrato de um DJ aposentado e falido, Anna organiza festas secretas com orgias e David parece ter encontrado a paz interior com seu novo estilo de vida espiritualista. Kika, a ex de Axel é a ovelha negra da família e seu irmão Oriol é o filho querido, mas também problemático.

A investigação de Zoe permite que ela descubra o estilo de vida desenfreado do irmão e conheça um outro lado dele. Ela também se aproxima de Boxer (Nuno Lopes), o faz tudo da família Calafat. Zoe mergulha nas mesmas experiências de seu irmão, mas não com a mesma intensidade. Ela sempre levou uma vida tranquila sendo esposa e mãe, e Ibiza é o lugar onde “tudo é possível”. Ela se permite se conhecer e é ai que a trama começa a se perder.

Fica claro desde o primeiro episódio o que significa o nome da série. O tráfico de cocaína movimenta Ibiza e abastece as festas locais. Mas as “linhas brancas” vão além das carreirinhas de cocaína, representam também as linhas que os personagens cruzam. Cada linha cruzada é uma escolha com consequências. Levar a vida no estilo “carpe diem” pode se provar algo perigoso.

White Lines nova série Netflix
Nem protagonista salva White Lines de frustração. Imagem: Divulgação.

Considerações

White Lines apresenta belos cenários e o clima de festa que domina a ilha. Mas algumas coisas não se encaixam bem. As tramas e cenas são absurdas demais, como um cachorro com overdose de cocaína na piscina. O roteiro falha em muitos momentos e a série já mostra não funcionar muito bem no piloto, o que torna difícil se conectar com a trama e seus personagens.

O estilo já característico de Álex Pina está presente em sua nova série, uma trama com duas linhas temporais. As cenas de flashback nos anos 90 servem para contextualizar o público e estabelecer um paralelo com a realidade dos personagens no tempo presente. Mas se em La Casa de Papel ele foi capaz de criar uma trama atraente com personagens carismáticos e envolventes, em White Lines ele entrega uma trama arrastada com personagens desinteressantes.

A série trabalha com dois idiomas, o inglês e o espanhol. É interessante para representar os núcleos de países diferentes. Ibiza é um dos pontos turísticos mais famosos da Espanha, então faz sentido que os habitantes também usem a língua inglesa. Em muitas situações se comunicar na língua nativa é a chance de compartilhar informações importantes e esconder pistas de Zoe. Mas a transição entre os idiomas pode incomodar um pouco com o avanço dos episódios.

Em conclusão, White Lines tem uma bela embalagem e uma trama simples, mas acaba se perdendo. É uma produção muito irregular com uma trama que foge do thriller e se parece mais com uma novela, com excesso de tramas, situações absurdas e personagens perdidos. A nova série de Álex Pina talvez não seja lembrada como seu mais novo sucesso.

A primeira temporada de 10 episódios de White Lines já está disponível.

Confira abaixo o trailer da série.

Sobre o autor
Yuri Moraes

Yuri Moraes

Redação

Yuri Moraes é formado em Direito e Marketing Digital e atualmente cursa Produção Cultural. Morador do Rio de Janeiro, sempre foi um grande apaixonado por conteúdo audiovisual e o universo da cultura pop. Um cinéfilo declarado, um seriador nato. Formado em teatro, descobriu sua paixão pela escrita e desde então vem estudando e se capacitando como escritor. Redator do Mix de Séries desde 2016, se desenvolveu como profissional da área e já colaborou com diversos textos em formato de críticas, reviews semanais e notícias. Através de seus textos busca sempre apresentar uma análise pessoal, técnica e sincera das produções que assiste, sem deixar o bom humor de lado. Sempre atualizado nos assuntos do momento, faz cobertura de diversos eventos representando o site. Outra paixão que caminha lado a lado é produção de eventos. Colecionando em seu currículo experiências em grandes eventos, possui verdadeira paixão em fazer parte do processo de construção e execução de eventos culturais. Com isso, equilibra seu trabalho de departamento pessoal com o ofício de escritor e produtor cultural.