Final de Better Call Saul é melhor que o final de Breaking Bad?

Agora que Better Call Saul acabou na Netflix, o público estará comparando seu final com o último episódio de Breaking Bad na tentativa de decidir qual tem um final melhor.

O prequel de Breaking Bad se tornou mais uma sequência em seus episódios finais, atualizando o público sobre a vida de Jimmy McGill, também conhecido como Saul Goodman (Bob Odenkirk) depois que ele assumiu a nova identidade de Gene Takovic. Vivendo sob o radar em Omaha, “Gene” assumiu uma quantidade crescente de riscos. O que o levou a ser desmascarado como o advogado fugitivo “Saul Goodman”.

Analisando o final de Better Call Saul

O episódio 13 da 6ª temporada de Better Call Saul, “Saul Gone”, o encontra rapidamente preso pela polícia e finalmente forçado a enfrentar as consequências de suas ações. Embora seja possível que “Gene” quisesse ser pego, Jimmy/Saul usa seu conhecimento jurídico e oferece informações privilegiadas sobre o império de Walter White (Bryan Cranston). Tudo isso, para fazer um acordo judicial com o governo. Embora inicialmente pareça que este é outro exemplo da natureza escorregadia de Saul Goodman, ele finalmente muda de ideia. E assim termina a história de Jimmy McGill/Saul Goodman de uma maneira emocionalmente satisfatória.

Better Call Saul sempre foi o inverso de Breaking Bad, e “Saul Gone” permanece fiel a isso. Enquanto Walter White era um cidadão íntegro que se tornou um criminoso, James M. McGill sempre foi um vigarista e criminoso de baixo escalã. Mas que aspira a ser um homem melhor.

Tragicamente, seu amor pela fraude e seu desejo por um grande dia de pagamento sabotaram regularmente suas boas intenções.

O final da 6ª temporada de Better Call Saul mostra Jimmy fazendo a coisa certa e finalmente se afastando de sua persona Saul Goodman. É um final que resolve a história de Better Call Saul de uma maneira muito mais adequada do que o final mais cheio de ação de Breaking Bad.

Better Call Saul dá a Jimmy um final melhor do que Breaking Bad deu a Walter White

Walter White tem um breve momento de autoconsciência no final de Breaking Bad. Quando ele visita Skyler (Anna Gunn) antes de ir para o complexo de Jack, Walt admite que tudo o que ele fez foi para seu próprio ego. Apesar desse breve reconhecimento de sua arrogância, Walt ainda não se arrependeu. Ele só salva Jesse (Aaron Paul) quando percebe que seu ex-parceiro continuou a fazer a metanfetamina azul contra sua vontade. Em última análise, o ataque final de Walt à operação de metanfetamina de Jack é mais para proteger seu legado como Heisenberg. Do que, de fato, para resgatar Jesse ou vingar a morte de Hank.

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A morte de Hank também contribui para o final de Jimmy McGill. Tudo isso, através de uma surpreendente participação especial em Breaking Bad da viúva de Hank, Marie (Betsy Brandt). É um insulto a ela e a outros que lamentam a perda dos mortos por ou por causa de Walter White. É outro exemplo da pior natureza de Jimmy, suas mentiras e desejo inabalável de acabar no topo. No entanto, ao contrário de Walter White em Breaking Bad, Jimmy eventualmente faz uma mudança positiva em seu personagem.

Quando chega a hora de ele ser julgado e aceitar sua generosa barganha, Jimmy não está mais disposto a se beneficiar de seu papel no império de Walter White e confessa tudo. Seu discurso emocional é claramente estimulado pela confissão de Kim sobre a morte de Howard.

Depois de incitá-la durante seu telefonema no episódio 12 da 6ª temporada de Better Call Saul, Jimmy é inspirado pela honestidade e integridade de Kim. Algo que ele sempre aspirou. É o final perfeito para sua história. Pois ele finalmente consegue fazer a coisa certa, rejeitando o nome de Saul Goodman e aceitando voluntariamente sua punição por seus muitos crimes. É um momento imensamente comovente que fornece a Jimmy um arco de personagem mais narrativamente satisfatório do que a vingança controlada remotamente de Walter White.

O final de Better Call Saul faz justiça às vítimas de Walt em Breaking Bad

O final de Breaking Bad não explora totalmente o impacto das mortes de Hank e Steve nas mãos de Jack e sua equipe. Com Hank morto, Marie foi amplamente marginalizada nos episódios finais de Breaking Bad. No final de Breaking Bad, é sugerido que ela e Skyler, sua irmã, se separaram após a morte de Hank. Mas Marie ainda liga para Skyler para avisá-la sobre Walt. Além disso, a irmã de luto de Skyler realmente não contribui para o episódio final. O que é estranho, considerando o quão grande parte da família White ela é ao longo da série.

Marie aparece no final de Better Call Saul, ouvindo depoimentos e implorando aos promotores do governo que não façam um acordo com Jimmy McGill/Saul Goodman. No entanto, eles não atendem aos desejos dela e insistem em tirar o máximo possível de Jimmy/Saul para reduzir sua sentença. No entanto, Blanca está presente no tribunal quando Jimmy/Saul faz sua confissão completa. E então, recebe sua sentença de 87 anos de prisão. Incluir as duas viúvas no final de Better Call Saul dá a elas o encerramento e a justiça que foram negadas no foco do final de Breaking Bad na missão de vingança de Walter White.

O final de Better Call Saul encerra sua história de forma mais organizada do que o final de Breaking Bad

A dor de Marie e Blanca não é a única ponta solta no final de Breaking Bad. Vários personagens recebem finais ambíguos ou nenhum final. O mais notável é Jesse, que escapa do complexo antes que as autoridades cheguem. A imagem de Jesse dirigindo noite adentro e batendo no teto do carro é de liberdade. Mas ele passou por uma terrível provação nas mãos de Jack e sua equipe e perdeu tudo.

A história de Jesse foi mais tarde retomada e resolvida em El Camino: A Breaking Bad Movie, que finalmente o viu escapar para o Alasca. No entanto, personagens como Skyler e Walter Jr. não obtêm muita resolução no final de Breaking Bad além de uma barganha e um fundo fiduciário.

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Better Call Saul passa três episódios explorando o destino de Kim em Better Call Saul, explicando por que ela não aparece em Breaking Bad. Seu retorno à vida de Jimmy enquanto ele enfrenta a justiça mostra o quanto ambos ainda se amam. E é esse amor que lhe dá força para confessar seus crimes. Ao contrário de Skyler, Kim não é definida por seu relacionamento com Jimmy, ou sua cumplicidade em suas ações criminosas. Ela tem um arco de personagem convincente por direito próprio. E no final de Better Call Saul ela conseguiu fazer o que sempre quis fazer: trabalhar em assistência jurídica, ajudando os menos afortunados. Mesmo que seja como recepcionista voluntária e não como advogada.

Mesmo Mike Ehrmantraut (Jonathan Banks), que tem um final adequado em Breaking Bad, consegue uma cena discreta que encerra sua história. Após o momento emocionante entre Mike e o pai de Nacho, um flashback no final de Better Call Saul revela o desejo de Mike de viajar no tempo e recusar seu primeiro suborno. Essa simples recusa teria salvado seu filho e mudado o curso da história de Breaking Bad. Sua escolha daquele momento, em vez do dia da morte de seu filho, dá a Mike um arco emocional satisfatório. Ele não é mais o pai raivoso e vingativo; ele é o avô amoroso que o público encontra em Breaking Bad, que fará qualquer coisa para dar à sua neta uma vida melhor.

O final de Better Call Saul é muito mais emocional do que o final de Breaking Bad

O final de Breaking Bad é uma emocionante montanha-russa que reflete o tom do show, mas também tem uma surpreendente falta de ânimo. Isso era de se esperar. Dado que Breaking Bad muitas vezes era mais um thriller policial do que um estudo íntimo de personagem, apesar do foco na criação do pseudônimo de Walter White, Heisenberg. Better Call Saul é um estudo de personagem íntimo, no entanto, e seu final é incrivelmente comovente.

O momento mais emocionante do episódio é quando, depois de confessar tudo, inclusive como ele ofendeu Chuck (Michael McKean), Jimmy pede para ser chamado de James McGill. Ele nunca se sentiu digno do nome McGill, em parte devido à desaprovação de seu respeitado irmão mais velho. Após a morte de Chuck, Jimmy finalmente estava livre para explorar seus piores impulsos ao se tornar Saul Goodman.

O final de Better Call Saul fornece a dura verdade de que Jimmy escolheu a identidade de Saul Goodman para escapar de sua culpa pela morte de Chuck. Ele pode não ter infringido nenhuma lei ao revelar publicamente a condição de saúde mental de Chuck. Mas Jimmy revela que vê isso como um crime. Ao finalmente admitir seus crimes e aceitar de bom grado sua punição, Jimmy finalmente se sente capaz de assumir o nome McGill. É um momento tão desolador quanto edificante. Que Jimmy teve que cair tão longe para finalmente se tornar digno do nome é devastador. Mas ao demonstrar que ele não está além de ajuda, a confissão de Jimmy é, em última análise, um momento emocionalmente edificante.

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Da mesma forma, os olhares silenciosos de Kim e Jimmy no tribunal falam muito, emocionalmente. Kim é a última pessoa viva para quem Jimmy tem que provar a si mesmo. E então ele planeja um último esquema para levá-la ao quarto.

Em última análise, Better Call Saul dá um final feliz para Kim e Jimmy. Dessa forma, provando a Kim que ela estava certa sobre seu ex-marido o tempo todo. Ele é um bom homem de coração e, apesar de tudo, eles ainda se amam, apesar do abismo de décadas e das cercas da prisão entre eles.

Esses arcos emocionais são tratados tão lindamente que o episódio final de Better Call Saul permanece mais tempo na memória do que a ação implacável do final de Breaking Bad.

Por que o final de Better Call Saul bate o final de Breaking Bad

O final de Better Call Saul é uma prova de quão longe os co-criadores Vince Gilligan e Peter Gould chegaram nos 14 anos desde que Breaking Bad foi ao ar pela primeira vez. Better Call Saul foi um spin-off perfeito, aprimorando a mitologia de seu programa pai, mantendo-se firme em seus dois pés. Isso é particularmente verdadeiro no final de Better Call Saul. Que fecha a porta do universo Breaking Bad a serviço de terminar satisfatoriamente a história de Jimmy McGill.

Histórias satisfatórias geralmente terminam com personagens sendo mudados por suas experiências. Walter White pode ter se tornado um mentor do crime, mas a escuridão e a amargura que o levaram a liderar um ataque individual ao complexo de Jack sempre estiveram nele. Breaking Bad é uma tragédia de arrogância que só poderia ter terminado de duas maneiras, com Walter White morto de câncer ou de uma bala.

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O final de Better Call Saul também apareceu como uma conclusão precipitada. Já que era uma série prequel. Mas essa presunção do público permitiu que a série fizesse algo mais sutil. Gilligan e Gould provaram repetidas vezes que não estavam dispostos a seguir o caminho óbvio com a prequela.

Em vez de terminar com Jimmy/Saul sendo arrastado para o deserto por Walt e Jesse, ele revisitou aquele momento muito antes. E então, o usou para informar as cenas do interrogatório e do tribunal.

Ao contrário de Walter White, Jimmy McGill é capaz de mudar. Mesmo que seja tarde demais, ele finalmente será o homem honrado e honesto que sempre desejou ser. Ao romper com a continuidade estabelecida de Breaking Bad para seus episódios finais, Better Call Saul foi capaz de entregar um final edificante e surpreendente para James M. McGill. Algo que o final de Walter White não conseguiu alcançar.

Anderson Narciso

Editor-chefe

Criador do Mix de Séries, atua hoje como redator e editor chefe do portal que está no ar desde 2014. Autor na internet desde 2011, passou pelos portais Tele Séries e Box de Séries, antes de criar o Mix. Formado em História pela UFJF e Mestre em História da Saúde pela Fiocruz/RJ, Anderson Narciso se aventurou no mundo da criação de conteúdo para Internet há 15 anos, onde passou a estudar sobre Google, SEO e outras técnicas de produção para web. É também certificado em Gestão Completa de Redes Sociais pela E-Dialog Comunicação Digital, além de estudar a prática de Growth Hack desde 2018, em que é certificado. Com o crescimento do site, e sua parceria com o portal UOL, passou a atuar na cobertura jornalística, realizando entrevistas nacionais e internacionais, cobertura de eventos para as redes sociais do Mix de Séries, entre outros. Atua como repórter no Rio de Janeiro e São Paulo, e pelo Mix já cobriu eventos como CCXP, Rock in Rio, além de ser convidados para coberturas e entrevistas presenciais nos Estúdios Globo, Netflix, Prime Vídeo, entre outros. No Mix de Séries, com experiência de dez anos, se especializou no nicho de séries e filmes. Hoje, como editor chefe, é o responsável por eleger as pautas diárias do portal, escolhendo os temas mais relevantes que ganham destaque tanto nas notícias quanto nas matérias especiais e críticas. Também atua como mediador entre a equipe, que está espalhada por todo o Brasil. Atuante no portal Mix de Séries diariamente, também atende trabalhos solicitados envolvendo crescimento de redes sociais, produção de textos para internet e web writing voltado para todos os nichos.

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