Impecável, Maid é a série que você precisa assistir na Netflix
Nova minissérie da Netflix, Maid é um drama forte e emocionante. Com roteiro e atuações impecáveis, produção pode fazer bonito no Emmy.
Enquanto o mundo só falava em Round 6, uma das melhores minisséries da Netflix em 2021 chegou sem muito alarde. Maid é a arrebatadora história de Alex, uma jovem mãe que, após fugir de casa com a filha, precisa lutar constantemente por uma vida digna. Baseada em uma história real, a minissérie é criada por Molly Smith Metzler, que tem no currículo roteiros de Orange is the New Black, Casual e Shameless.
Na trama, Alex é uma jovem desempregada com uma filha de dois anos. Depois de constantes ameaças e abusos, ela foge de casa com a garotinha, no meio da noite, rumo a uma realidade incerta, mas provavelmente mais segura. Começa, então, a difícil saga por uma vida minimamente decente. E o mundo trata de colocar todo e qualquer obstáculo no caminho de Alex. Para poder alugar um apartamento, ela precisa de um emprego, para um trabalho, ela precisa de um documento, para este, necessita de algo mais. Quando conquista uma destas coisas, é obrigada a correr atrás de outras.
Maid apresenta história dura de forma envolvente e inovadora
Nesta perspectiva, Maid lembra Fargo (série e filme) e tantas outras comédias e dramas de erros, onde um problema leva a outro e a outro. Deste modo, é fácil torcer por Alex e sua querida filha, pois somos sugados para dentro da espiral de caos em que as duas se encontram. E o roteiro faz um belíssimo trabalho ao retratar todas as dificuldades. Sem amenizar os problemas, o texto encontra saídas inteligentes para que a experiência não seja torturante. Assim, os perrengues de Alex são entrecortados por inserções de textos na tela ou de diálogos inspirados.
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Note, por exemplo, como o orçamento de Alex vai surgindo na tela cada vez que ela gasta o pouco dinheiro que tem. Além disso, o roteiro encontra espaço para a descontração ao quebrar a lógica interna da série, trazendo os advogados vistos nos primeiros episódios falando em “juridiquês”. Além disso, é um grande acerto trazer cada episódio como uma história fechada, mas conectados entre si, formando uma grande narrativa. Assim, temos Alex encarando um batalha de cada vez, com o roteiro jamais falhando em entregar situações envolventes e bem elaboradas.
Atriz principal é a força esmagadora da série
Nada funcionaria, entretanto, sem a performance irretocável de Margaret Qualley. Garantia no próximo Emmy, a atriz se entrega ao papel e entrega um trabalho cheio de nuances, que toca o público ao passo que carrega o projeto adiante. Alex é uma jovem doce, mas marcada por uma vida de decepções. Em alguns momentos, parece ser a única pessoa sã ou com vontade de melhorar em meio a inúmeros insanos. Seja sua mãe, pai, marido ou chefes, as pessoas que orbitam Alex parecem tão ou mais perdidas que ela.
A diferença é que Alex tem bondade e força de vontade dentro de si. E mais: tem Maddy, a impagável garotinha que sorri contente pela mãe que tem. Maid acerta, ainda, ao não ser uma série de autoajuda ou, pior, uma história de superação e sucesso, apesar de todas as adversidades. Embora fique claro que as coisas darão certo para ela (afinal, sua história rendeu um livro de grande sucesso), em nenhum momento a série busca dignificar a miséria. O sofrimento não salva, não tem sentido. Embora ensine algumas coisas, não precisaria acontecer para isso.
Minissérie deve fazer bonito no próximo Emmy
Nisso, Maid escancara a realidade de milhares de mulheres ao redor do mundo. E o pior, embora políticas públicas tentem ajudar, bem como ONGs e setores públicos e privados, toda a burocracia e descaso quase põem tudo a perder. Logo, embora aqueça o coração ver uma assistente social fazer de tudo para ajudar, ou então um grupo destinado a ajudar vítimas de abusos maritais, são desoladoras as condições de trabalho ou então as dificuldades técnicas que poderiam ser facilmente evitadas.
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Com uma leve barriga na metade do caminho, Maid poderia ter menos episódios. Ainda assim, trata-se de uma das melhores minisséries do ano. Ao que tudo indica, portanto, a briga pelo próximo Emmy será novamente entre a Netflix e a HBO, com a estupenda Scenes from a Marriage. Com roteiro e direção excelentes, além de um elenco impecável (Andie MacDowell já merece o Emmy de Atriz Coadjuvante, Maid é grande acerto. O primeiro episódio, vale apontar, já é um dos melhores do ano, justamente ao lado de um capítulo de Scenes from a Marriage, Poli.
Nota: 5/5