Mestres do Universo está causando grande problema na Netflix

Masters of the Universe: Salvando Eternia, de Kevin Smith, provou ser surpreendentemente divisivo. “Nosso manifesto era para ser fanservice“, Smith insistiu. “Eu não seria o cara que você escolheria para reinventar algo. Mas se você quiser continuar com amor, fiel à franquia e apenas desenvolver os personagens um pouco mais orientados para os adultos? [Eu sou seu cara.]“

E ainda, por mais “fanservice” que Smith possa ter pretendido ser, o fato é que seu Mestres do Universo dividiu opiniões. O show foi bombardeado com críticas no Rotten Tomatoes. No momento em que este artigo foi escrito, sua pontuação de audiência ainda era de apenas 33%, contrastando com uma pontuação crítica de 95%. 

Os dados são curiosos, pois ressaltam que a série não está ressoando entre os fãs, mas tem feito sucesso entre os críticos. A ironia é ainda maior quando lembramos que geralmente é o oposto que acontece com Smith: carinho do público e duras críticas dos especialistas.

Smith já havia afirmado que não queria reinventar He-Man, porque achava que a franquia era muito amada, e isso levaria exatamente ao tipo de reação que ele está tendo de qualquer maneira. Então, por que Salvando Eternia é tão controverso – e alguma dessas controvérsias são justificadas?

O marketing da Mestres do Universo era enganoso

Os problemas começam com o marketing centrado na ideia de que He-Man estava voltando após décadas de ausência na telinha. Os trailers sugeriram que esta era uma continuação direta da série original, com o homem mais poderoso do universo de pé, na frente e no centro. Quem prestou atenção, porém, percebeu que o nome de He-Man não estava no título. Ou seja, o título é Mestres do Universo. Assim, tem mais gente nessa mistura.

De acordo com Smith, o título original, Revelation, na verdade se refere à jornada do personagem de Teela. Ela descobre que o Príncipe Adam é na verdade He-Man da maneira mais dolorosa possível, vendo-o se sacrificar em uma tentativa malfadada de salvar Eternia.

Um motivo para a controvérsia, então, é que houve uma incompatibilidade dramática entre o marketing e o produto real, levando as pessoas a esperar algo muito diferente do que estavam recebendo.

Os Mestres do Universo mataram os heróis da infância

Não ajuda que o bastão seja passado para Teela da forma mais chocante possível, quando He-Man sacrifica sua vida. Tematicamente, a morte de He-Man está no cerne da tentativa de Smith de criar uma série que seja um pouco mais adulta, e permite que seus personagens lidem com a tristeza confusa em que ele tanto se sobressai. 

Mas, para os fãs, ele matou um de seus heróis de infância para focar nos personagens secundários – o herói de infância cujas aventuras contínuas eles estavam tão ansiosos para assistir. Para piorar as coisas, a primeira temporada de Mestres do Universo termina com o retorno do Príncipe Adam – apenas para, aparentemente, ser morto novamente. 

A volta dos que não foram

Falando à Variety, Smith insistiu que He-Man não se foi realmente. “Eu vejo as pessoas online dizerem ‘Ei, cara, eles estão se livrando do He-Man!’“. Smith se irritou. “Tipo, você realmente acha que a Mattel Television, que me contratou e me pagou, quer fazer um show do tipo ‘Mestres do Universo’ sem o He-Man?“.

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Finalmente, não ajuda que Salvando Eternia realmente não pareça uma continuação da série original. Todos os personagens estão lá, mas a tentativa de Smith de fazer uma série de He-Man mais madura significa que ele perdeu o coração da franquia. Enquanto a original tinha um otimismo ingênuo, Salvando Eternia é implacavelmente desoladora. O enredo principal conta com a morte do protagonista, a dor dos demais, a confusão do luto, a vitória do vilão e a falta de esperança em dias melhores.

E você, o que achou da animação?

Matheus Pereira

Coordenação editorial

Matheus Pereira é Jornalista e mora em Pelotas, no Rio Grande do Sul. Depois de quase seguir carreira na Arquitetura, enveredou para o campo da Comunicação, pelo qual sempre nutriu grande paixão. Escritor assíduo na época dos blogs, Matheus desenvolveu seus textos e conhecimentos em Cinema e TV numa experiência que já soma quase 15 anos. Destes, quase dez são dedicados ao Mix de Séries. No Mix, onde é redator desde 2014, já escreveu inúmeras resenhas, notícias, criou e desenvolveu colunas e aperfeiçoou seus conhecimentos televisivos. Sempre versando pelo senso crítico e pela riqueza da informação, já cobriu eventos, acompanha premiações, as notícias mais quentes e joga luz em nomes e produções que muitas vezes estão fora dos grandes holofotes. Além disso, trabalha há mais de dez anos no campo da comunicação e marketing educacional, sendo assessor de imprensa e publicidade em grandes escolas e instituições de ensino. Assim, se divide entre dois pilares que representam a sua carreira: de um lado, a educação; de outro, as séries de TV e o Cinema.

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