Sex/Life cria problema e afunda imagem da Netflix | Crítica
Netflix estreou Sex/Life, série que promete, mas não cumpre. Com trama vazia, primeira temporada tem trama arrastada. Crítica sem spoilers.
Sex/Life chegou recentemente na plataforma da Netflix com uma proposta um tanto ousada. Vendida como a 365 DNI das séries, a trama apresenta uma história inusitada, com uma perspectiva feminina e válida. Só que ela tem um problema gravíssimo de roteiro, confirmando a imagem de que a Netflix tem investido, cada vez mais, em “séries porcaria”.
É inegável que quando a Netflix quer, ela consegue produzir roteiros fabulosos. Leia-se Bridgerton, The Crown e até mesmo a mais recente, Sweet Tooth. Mas vez ou outra – e são muitas vezes – a Netflix acaba escorregando em produções que soam vergonhosas, como é o caso de Sex/Life.
Cenas baratas em trama boba
Acredito que grande parte, se não a maioria, irá conferir Sex/Life por conta das cenas de sexo. Afinal, o trailer as vende como o supra sumo da história. E bem, ela é e não é.
Em Sex/Life, conhecemos Billie, interpretada pela esforçada Sarah Shahi, que tem um casamento perfeito com o bonitão Cooper (Mike Vogel). A única pedra no sapato da protagonista? Ela não se sente satisfeita na cama. E ainda, não acha que o marido chegue aos pés das aventuras que ela vivia com seu ex-namorado, Brad (Adam Demos).
O que Billie então resolve fazer: externar todo o seu sentimento em um diário que ela escreve no seu notebook. Lá, ela vai detalhando tudo o que viveu com o ex, momentos que a série faz questão de materializar para o público com cenas impactantes. E eles faziam em tudo que é lugar. Na rua, no elevador, no carro… Qualquer hora era hora.
Mas ao invés de guardar a sete chaves esse diário, ela deixa à vista para o marido, de forma acidental (ou não). É então que Cooper descobre os desejos da esposa e passa a perseguir um triângulo amoroso. Ao mudar de comportamento e se tornar mais “selvagem”, ele cruza uma linha perigosa, que pode colocar em risco seu casamento.
É uma trama fraca. E ponto. Em certos momentos, ela desperta interesse, mas os diálogos pobres acompanhados de uma péssima condução, fazem você se sentir que a série já está arrastada, lá pelo terceiro episódio.
Maratona cansa
Claro que ela possui aspectos que funcionam, como o fato da série ter uma direção somente de mulheres e, assim, mostrar um olhar mais feminino das cenas. Por isso que, basicamente, você só vê mais close nos corpos masculinos. E isso é muito bom, afinal, historicamente, essas cenas tendem apenas a acompanhar o corpo da mulher.
Só que em muitos momentos, a impressão que fica é que as cenas dos atores pelados estão ali simplesmente por estar. Sem uma motivação válida.
Os conflitos que a protagonista levam para o casamento também são interessantes, mas que seriam facilmente resolvidos se eles apenas… conversassem. Claro, casamentos exigem situações delicadas. E uma conversa poderia até fazer com que eles chegassem a conclusão que não deveriam ficar mais juntos. Mas ainda acho uma via mais saudável do que escrever contos e deixar à mostra, para o marido descobrir dessa forma.
Tudo soa forçado
Em certo ponto da série, você já entende o que vai acontecer. Porque o roteiro é daqueles que indica a previsibilidade para o espectador, sem mesmo avançar na trama.
Ou seja: a história relevante de Sex/Life poderia ser contada em quatro ou cinco episódios – e não em oito arrastados. E bem, ganhou um doce quem imaginou que, em algum ponto, a protagonista iria se entregar aos desejos do ex, que volta à sua vida através da sua melhor amiga. Pois é, Billie tem uma melhor amiga que namorada seu ex.
Entre essas e outras, Sex/Life cria um problema para a Netflix. É aquela imagem desgastada do tipo, “mais uma série” para acompanhar vazia.
Se a plataforma se contenta em fazer sucesso com séries desse tipo, quem somos nós para falar mal? Cabe ao público decidir se acompanha até o final ou não.
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Todos os episódios de Sex/Life estão disponíveis na Netflix.
Nota: 2/5
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